Dom Jesús María López Mauleón é o primeiro bispo prelado da mais recente circunscrição eclesiástica no regional Norte 2, a Prelazia do Alto Xingu, com sede em Tucumã/PA. Após ser criada, em fevereiro de 2020, o desenvolvimento da Prelazia foi afetado pela pandemia da Covid-19. O bispo comenta, portanto, sobre a 58ª Assembleia Geral da CNBB e seus desafios no governo da prelazia.

Como foi participar pela primeira vez da Assembleia Geral da CNBB? 

Desde o ano passado estávamos expectantes por participar deste primeiro encontro oficial com o episcopado brasileiro que, ainda adiado, aconteceu on line, com a consequente perda do calor humano e afeto fraterno dos irmãos bispos. Se Deus permitir, um dia completaremos esta ímpar experiência olhando-nos de frente e sorrindo. No entanto, foi uma experiência rica, de conteúdos eclesiais e sociais fundamentais, recheada de reflexões aprofundadas, o que facilita poder caminhar em comunhão como Colégio Apostólico a serviço do Reino de Deus e da sociedade brasileira.

A situação da pandemia destacou-se bastante nos comunicados e reflexões de solidariedade generosa por parte de todos, como não poderia ser de outro modo neste momento tão difícil. A “pontualidade britânica” e os serviços técnicos à disposição facilitaram a agilidade de uma Assembleia que manifesta a riqueza do episcopado, as múltiplas atividades programadas, a sintonia e carinho com o Sucessor de Pedro, e uma ponderada presidência que transmite equilíbrio e segurança. Não faltou uma acertada reflexão e partilha espiritual, nem as mensagens ao Povo brasileiro, ao Prefeito da Congregação dos Bispos e ao Santo Padre, quem nos retribuiu com uma mensagem direta para todos, povo e bispos: solidariedade com o povo que sofre, despojamento de nossos apegos, centralidade no Ressuscitado e unidade dos Pastores sendo uma Igreja instrumento de reconciliação e unidade. Para isso, o Senhor caminha conosco.

No que esta AG mais lhe marcou?

A visível fraternidade e respeito entre os bispos, a harmonia das equipes de comissões, o grande nível dos textos e profunda reflexão que acompanha os comunicados, a sabedoria e santidade dos irmãos do episcopado, a meticulosa programação e eficiência em toda a Assembleia. Enfim, a riqueza humana e espiritual da CNBB.

O senhor se tornou bispo e logo depois veio a pandemia. Quais foram os seus maiores desafios no exercício do episcopado e quais alternativas encontrou?

Todos tiveram desafios. Nesta prelazia foram talvez mais e diferentes. Primeiro, porque a prelazia está nascendo e não tinha estruturas administrativas nem, principalmente, pastorais. Em meio ao isolamento, tivemos que fazer as visitas que foram viáveis (ainda não é permitido visitar as aldeias indígenas), criar os elementos jurídicos que nos identificam perante o estado, iniciar a organizar a administração e ter os primeiros conselhos (ainda não representativos).

O que mais dificulta para poder acompanhar as atividades pastorais da CNBB e do Regional é não ter estruturadas as pastorais como Prelazia. Também a Pandemia debilitou muito a economia, especialmente nas comunidades, e o esfriamento de pastorais e serviços. A falta de uma cúria e uma moradia nos faz viver de forma provisória, o que também tem sua parte boa por ser mais evangélico.

Em meio a tudo isso, o que mais nos ajudou foi o uso alternativo da internet para nossos encontros e formações. E assim vamos caminhando com esperança, postos os olhos em Jesus que inicia e completa nossa fé.

Confira também o vídeo de Dom Mauleón sobre a #58AGCNBB