A Faculdade Católica de Belém realiza neste sábado, 14 de setembro, a segunda edição da JORNADA RATZINGERIANA – A Teologia de Joseph Ratzinger. O evento, que ocorre das 09h às 12h, contará com palestras do Mons. Antonio Luiz Catelan Moreira  e do Pe. João Paulo de Mendonça Dantas.

O evento também marcará o lançamento do livro: “Teologia da Liturgia – O Fundamento Sacramental da Existência Cristã”, do então Cardeal  Joseph Ratzingerpela primeira vez traduzido no Brasil, uma edição da CNBB.

Palestrantes – 

Monsenhor Antonio Luiz Catelan Moreira: é doutor em Teologia Dogmática pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma, professor da PUC-RJ e professor da Comissão Teológica Internacional. Integra a Comissão Episcopal para a Doutrina da Fé da CNBB.

Padre João Paulo de Mendonça Dantas: é pós-doutor em Teologia pela Faculdade de Lugano – Suíça e professor desta e da Faculdade Católica de Belém. É vigário paroquial da Catedral Metropolitana de Belém, bem como integrante da Comissão Episcopal para a Doutrina da Fé da CNBB.

Joseph Ratzinger – 

O alemão Joseph Ratzinger nomeado Cardeal em 1977 e Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé em 1981, decano do Colégio Cardinalício desde 2002, nasceu em Marktl am Inn, no território da Diocese de Passau (Alemanha), a 16 de Abril de 1927.

Transcorreu a sua infância e a sua adolescência em Traunstein, uma pequena cidade perto da fronteira com a Áustria. O tempo da sua juventude não foi fácil. A fé e a educação da sua família preparou-o para a dura experiência dos problemas relacionados com o regime nazista:  ele recordou ter visto o seu pároco açoitado pelos nazistas antes da celebração da Santa  Missa  e  de  ter  conhecido  o  clima  de grande hostilidade em relação à Igreja católica na Alemanha.

Quase no final da tragédia da Segunda Guerra Mundial também foi alistado nos serviços auxiliares anti-aéreos.

De 1946 a 1951 estudou filosofia e teologia na Escola superior de filosofia e teologia de Frisinga e na Universidade de Munique. Em 29 de Junho de 1951 foi ordenado sacerdote. Um ano mais tarde, Pe. Joseph Ratzinger iniciou a sua atividade didáctica na mesma Escola de Frisinga onde tinha sido estudante.

Em 1953 formou-se em teologia com uma dissertação sobre o tema:  “Povo e Casa de Deus na Doutrina da Igreja de Santo Agostinho”.

Em 1957 fez a livre docência com o conhecido professor de teologia fundamental de Munique, Gottlieb Söhngen, com um trabalho sobre:  “A teologia da história de São Boaventura”.

Teve uma vasta carreira acadêmica lecionando em diversos centros de ensino na Europa.

A 25 de Março de 1977 o Papa Paulo VI nomeou-o Arcebispo de Monastério e Frisinga.

Recebeu a ordenação episcopal no dia 28 de Maio do mesmo ano:  foi o primeiro sacerdote diocesano que assumiu, depois de oitenta anos, o governo pastoral da grande Diocese da Baviera. Escolheu como mote episcopal:  “Colaboradores da Verdade”.

O Papa Montini criou-o e publicou-o Cardeal, do Título de Santa Maria Consoladora no Tiburtino, no Consistório de 27 de Junho de 1977.

A 15 de Fevereiro de 1982 renunciou ao governo pastoral da Arquidiocese de Monastério e Frisinga.

A 5 de Abril de 1993 foi chamado a fazer parte da Ordem dos Bispos e tomou posse do Título da Igreja Suburbicária de Velletri-Segni.

No dia 6 de Novembro de 1998 foi nomeado Vice-Decano do Colégio Cardinalício e a 30 de Novembro de 2002 tornou-se Decano:  tomou posse do Título da Igreja Suburbicária de Ostia.

Até à eleição para a Cátedra de Pedro foi Membro do Conselho da II Sessão da Secretaria de Estado; das Congregações para as Igrejas Orientais, do Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, para os Bispos, para a Evangelização, para a Educação Católica; do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos; da Pontifícia Comissão para a América Latina e da Pontifícia Comissão “Ecclesia Dei”.

A ele foram confiadas as meditações da Via-Sacra de 2005 celebrada no Coliseu. Na sexta-feira, 8 de Abril, ele como Decano do Colégio Cardinalício presidiu à Santa Missa das exéquias de João Paulo II na Praça de São Pedro.

Na vigília da sua eleição para o Sólio Pontifício, na manhã de segunda-feira, 18 de Abril, na Basílica Vaticana, celebrou a Santa Missa “pro eligendo Romano Pontefice” com os Cardeais eleitores, poucas horas antes do início do Conclave que o teria eleito.

No dia 19 de abril de 2005 foi eleito como o 265.º Papa, sucedendo a João Paulo II; a 11 de fevereiro de 2013, Dia Mundial do Doente e memória litúrgica de Nossa Senhora de Lourdes, anunciou a renúncia ao pontificado, com efeitos a partir do dia 28 do mesmo mês, uma decisão inédita em quase 600 anos de história na Igreja Católica.

Bento XVI realizou 24 viagens ao estrangeiro, incluindo uma visita a Portugal, entre 11 e 14 de maio de 2010, com passagens por Lisboa, Fátima e Porto; assinou três encíclicas e presidiu a três Jornadas Mundiais da Juventude, para além de ter convocado cinco Sínodos de Bispos, um Ano Paulino, um Ano Sacerdotal e um Ano da Fé.

Bento XVI assinou três encíclicas e presidiu a três Jornadas Mundiais da Juventude, para além de ter convocado cinco Sínodos de Bispos, um Ano Paulino, um Ano Sacerdotal e um Ano da Fé.

As encíclicas, textos mais importantes do pontificado, começaram a ser publicadas em 2006, com a ‘Deus caritas est’ (Deus é amor), um texto breve que apresenta a ‘essência’ do Cristianismo.

‘Spe salvi’ (Salvos na esperança) é o título da segunda encíclica de Bento XVI, dedicada ao tema da esperança cristã, num mundo dominado pela descrença e a desconfiança.

A terceira encíclica, ‘Caritas in Veritate’ (A caridade na verdade), propõe uma nova ordem política e financeira internacional, para governar a globalização e superar a crise em que o mundo se encontra mergulhado.

Outra obra de grande impacto foi o livro-entrevista ‘Luz do Mundo’, de 2010, resultante de uma conversa com o jornalista alemão Peter Seewald, um registo que permitiu dar a conhecer Bento XVI e o seu pensamento sobre temas centrais para a Igreja e a sociedade.

Entre os temas centrais do pontificado estiveram as críticas ao relativismo e ao secularismo da sociedade ocidental, a preocupação com as questões bioéticas – aborto, eutanásia, investigação em embriões – e da família, para além da crise financeira e das questões ecológicas.

Face à crise provocada pelos casos abusos sexuais cometidos por membros do clero ou em instituições católicas de vários países, Bento XVI encontrou-se com vítimas em várias viagens, demitiu bispos e reformou a legislação da Igreja, neste campo.

A 28 de junho de 2016 fez-se história no Vaticano com o regresso do Papa emérito Bento XVI ao palácio apostólico, para uma homenagem por ocasião do seu 65.º aniversário de ordenação sacerdotal.

Ainda em 2016, Bento XVI falou publicamente, no livro-entrevista ‘Últimas conversas’, sobre a sua renúncia ao pontificado, em 2013, explicando que esta uma decisão amadurecida, que não vê como um “fracasso”.

O Papa emérito afirmou ainda que “nunca esteve em causa” a sua obediência a Francisco, ao qual agradece pela “benevolência” com que o tem tratado.

Já o Papa Francisco afirmou num texto de homenagem ao seu predecessor que a Igreja Católica tem uma “grande dívida” para com Bento XVI.