De CNBB Nacional

A crise vivenciada pelos brasileiros e agravada pela pandemia ocasionada pelo novo coronavírus foram as molas propulsoras para que a Igreja no Brasil desse início ao Pacto pela Vida e pelo Brasil, no dia 7 de abril de 2020. A iniciativa, abraçada a princípio por seis organizações signatárias, voltou o olhar para as pessoas que mais sofrem, com o objetivo de lutar e de proteger as mais diversas formas de vida.

De acordo com o bispo de Lages (SC) e presidente do Grupo de Trabalho (GT) do Pacto pela Vida, dom Guilherme Werlang, a vida não pode ser compreendida apenas como a vida humana, mas sim como um conjunto que envolve, também, o planeta, os biomas e a natureza. “Quando o Pacto pela Vida teve início, a pandemia estava começando, assustando a todos nós e ameaçando as vidas brasileiras. Além disso, estávamos vivendo a calamidade de todos os grandes incêndios no Pantanal e na Amazônia, de modo especial”, afirmou.

Além das seis signatárias do Pacto pela Vida – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Sociedade Brasileira para o Progresso das Ciências (SBPC), Academia Brasileira de Ciências e a Comissão Arns – mais de 100 outras entidades já abraçaram a proposta e colocaram mãos à obra.

“A CNBB não está sozinha. Estamos trabalhando muitas questões em parceria, desde a vacinação como direito de todos, como a exigência da volta do auxílio emergencial e o diálogo com os três poderes – legislativo, executivo e judiciário – para que as Políticas Públicas sejam executadas em sua plenitude”, afirmou dom Guilherme.

Direitos à vida

O Pacto pela Vida e pelo Brasil trabalha com o objetivo de cobrar a garantia dos direitos que competem à vida. “Nós iniciamos para garantir o auxílio emergencial para aqueles que estavam sem emprego ou sem trabalho; para garantir o atendimento das pessoas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), que está quase sucateado; e também para garantir a segurança alimentar. Como Igreja nós estamos presentes junto aos moradores de rua, que estão crescendo. Temos, também, a presença solidária junto aos profissionais de Saúde. Enfim, em vários campos, o Pacto pela Vida está comprometido. Nós estamos com os signatários para que as pessoas humanas sejam as que ocupam o primeiro lugar em todas as instâncias”, disse dom Guilherme.

Comprometimento 

De acordo com dom Guilherme, o Governo Federal está devendo muito para a sociedade brasileira. “Quando estou falando do Governo, não estou falando de uma única pessoa. Estou falando sobre todos os que, de fato, têm responsabilidade. Onde estão as políticas preventivas? Falta planejamento para nos anteciparmos às coisas. Na questão alimentar, por exemplo, alguma coisa está totalmente errada. A inflação que está sendo apresentada é mínima, mas você vai ao mercado e vê que as coisas estão exorbitantemente mais altas. Nosso Governo Federal não está centrado na vida da pessoa brasileira. Temos que fazer uma distinção do que são Políticas Públicas de estado e o que são as do governo. Nenhuma Política Pública de governo pode estar acima de uma Política Pública de estado e as nossas estão sendo desmontadas”, disse.

Quando o assunto é comprometimento com o Pacto pela Vida e pelo Brasil, dom Guilherme também destaca a atuação dos católicos. “É preciso ter a consciência de que o compromisso de transformar esse mundo no Reino de Deus é de todos nós! Precisamos chamar para a responsabilidade e sermos uma Igreja mais participativa. Nós, cristãos e cidadãos, precisamos descer da arquibancada e entrar em campo. É mais fácil ficar da janela batendo uma panela do que somar-se a quem está na frente realmente para clamar por uma mudança social que passe pela justiça social”, destacou.

O prelado falou, ainda, sobre a necessidade de o cristão ser cada vez mais ativo e participativo, transformando a oração em ação concreta. “Quando abraçarmos a nossa fé e colocarmos a nossa fé em ação, com certeza nós teremos grandes contribuições para os brasileiros”, afirmou dom Guilherme, que também chamou atenção para as questões relacionadas à segurança alimentar. “No Pacto pela Vida uma das questões essenciais é recuperar o direito à segurança alimentar. O alimento é um direito humano. Isso deve ser prioridade de um governante. Nós temos que lutar, mas não fazemos isso por partido político, não fazemos por ideologia, mas nós fazemos isso pela nossa fé”, asseverou.