A tradição de celebrar Maria, a Mãe de Jesus, em todo o mês de maio e coroar sua imagem ao final deste mês, quando a Igreja celebra a memória litúrgica da Visitação de Nossa Senhora à Santa Isabel, ultrapassa gerações e se estende desde o Século XIII. O ato piedoso e devocional em honra de Nossa Senhora foi repetido por dezenas de alunos da Faculdade Católica de Belém, na última sexta-feira, 31. Abdicando do intervalo, os alunos cercados por funcionários, colaboradores e professores da faculdade, receberam a imagem de Nossa Senhora de Fátima, vinda do Santuário de Fátima (Belém-PA). O bispo auxiliar de Belém e coordenador do curso de Teologia na faculdade, dom Antônio de Assis Ribeiro, participou do ato celebrativo.

Dom Antônio destacou a festa celebrada naquele dia. “Nossa Senhora nos ensina a estarmos a caminho, indo ao encontro de quem precisa de nós. Ela não ficava parada, se colocava ao encontro e a serviço de quem precisava”, destacou.

Foto: Alberto Cardoso

Após entronizada, a imagem foi colocada ao centro do pátio para a veneração de todos. Cânticos e orações foram oferecidas à Virgem. O diretor da Católica de Belém, Cônego Vladian Alves, presidiu o rito e destacou o momento como sublime. “Em todos os momentos da vida podemos contar com o apoio da Mãe de Jesus e nossa Mãe, recebê-la aqui neste ambiente nos recorda que na vida acadêmica e profissional, Maria pode ser exemplo para todos nós e ajudar-nos em nossas dificuldades”, afirmou.

Foto: Alberto Cardoso

Finalizando o momento, Cônego Vladian coroou a imagem e, em seguida, foi realizada uma pequena procissão pelo pátio da instituição.

Tradição – O hábito de coroar Nossa Senhora no final de maio não tem um registro histórico pontual e definido. Embora desde o Século X existam relatos de diversos reis que depositavam a coroa aos pés de Nossa Senhora (como exemplo, o rei da Hungria e depois santo, Estevão; Dom Afonso Henriques e dom João IV em Portugal), é do Século XIII a maior crença sobre o início da devoção.

De acordo com o historiador padre Cássio Barbosa de Castro, da Pontifícia Universidade Gregoriana (Roma), a tradição remonta ao ano de 1280. Na Europa, o mês de maio é primavera, e por isso são colhidos os frutos da terra e as flores do campo, cheias de cores e  perfumes. A Igreja associou à Maria a visão de “flor mais bela” e com esta conotação surgiu a devoção de Maio como Mês Mariano e o hábito de ofertar flores à Mãe da humanidade.

Um dos grandes incentivadores do hábito de coroar Nossa Senhora com coroa de flores foi São Felipe Néria, italiano que viveu no Século XVI.

Foto: Alberto Cardoso

No Brasil a tradição chegou através dos colonizadores portugueses. Desde então, devotos realizam coroações da imagem de Nossa Senhora durante este mês. Alguns fatos históricos auxiliaram no aumento deste gesto: em 1884, a princesa Isabel em sua segunda visita à Basílica Velha em Aparecida-SP ofereceu para Nossa Senhora da Conceição Aparecida uma coroa. Esta coroa foi colocada na imagem de Nossa Senhora em uma cerimônia solene do decreto do Papa Pio X, onde Maria foi coroada como Rainha.

Foto: Alberto Cardoso

Mas, foi em 1930 que o Papa Pio XI decretou a Mãe Aparecida como Rainha e Padroeira do Brasil. Vinte e quatro anos depois, em 11 de outubro de 1954, o Papa Pio XII ao coroar Nossa Senhora na Basílica de Santa Maria Maior, em Roma, decretou uma festa litúrgica intitulada “Nossa Senhora Rainha”, celebrada pela Igreja em todo o mundo no dia 22 de agosto.

Foto: Alberto Cardoso