De Arquidiocese de Belém

“Cristo é a nossa paz: do que era dividido, fez uma unidade” (Ef 2,14a). “Fraternidade e diálogo: compromisso de amor”. Começamos mais uma vez a Campanha da Fraternidade, para viver concretamente a caridade durante o período quaresmal. Trata-se de uma iniciativa da Igreja Católica, com benefícios notáveis para instituições e pessoas, sempre na perspectiva da caridade. É nossa marca, e devemos cuidar dela, melhorá-la sempre mais, como se expressa a presidência da CNBB em carta recente. Uma graça imensa que é derramada pelo Brasil afora, com manifestações de serviço e amor ao próximo. Queremos agradecer a Deus por mais esta oportunidade de crescimento na vida cristã! Para este ano, o tema escolhido foi o diálogo. “Fraternidade e Diálogo: compromisso de amor”.

Desta feita, mais uma vez a Campanha da Fraternidade é ecumênica, como tem acontecido a cada cinco anos, com participação de Igrejas cristãs que compartilham conosco o mesmo Batismo e a Fé em Jesus Cristo. O texto-base da Campanha deste ano foi elaborado por Comunidades Evangélicas do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (CONIC). Não se trata de um texto ao estilo do que ocorreria caso fosse preparado por uma Comissão da CNBB, pois são duas compreensões distintas, ainda que em torno do mesmo ideal de servir a Jesus Cristo. Assim deve ser compreendido este texto, que não é normativo para nós católicos.

Temos a liberdade de verificar afirmações nele contidas que não correspondem à doutrina católica, o que não nos impede de valorizar reflexões a respeito do texto da Carta aos Efésios, destinadas a suscitar entre nós cristãos, fiéis de diversas confissões, a estrada do diálogo e do respeito mútuo.

Podemos dialogar com todos os homens e mulheres de boa vontade, mesmo aqueles que não possuem a graça da fé. Existem sementes de bem plantadas por Deus em todas as partes. Dialogar é aprender primeiramente a escutar, respeitar, descobrir as razões dos outros, identificar pontos de vista comuns, trabalhar juntos por um mundo melhor. E dialogar é um caminho de mão dupla, no qual os outros também haverão de respeitar-nos, sem impor visões que não correspondem à legítima doutrina católica. Por isso esperamos que cristãos de outras Comunidades Eclesiais ou Igrejas constituídas tenham a sensibilidade para perceber que há vários pontos no texto-base da Campanha, este ano elaborado pelo CONIC, que não podem ser aceitos por nós e não os divulgaremos em nossa Arquidiocese e nossas Paróquias. Temos o direito e o dever de examinar tudo não apagar o Espírito, não desprezar os dons de profecia, mas examinar tudo e guardar o que for bom. “Afastai-vos de toda espécie de mal”, ensina São Paulo (Cf. 1 Ts 5,19-21).

Existem grupos pelo nosso país que estão promovendo um verdadeiro boicote à Campanha da Fraternidade, inclusive sugerindo a não participação na coleta da solidariedade, convocada para o Domingo de Ramos. Tais atitudes rompem a unidade e não contribuem para o crescimento da Igreja, indo além do legítimo direito dos fiéis de se manifestarem perante seus Bispos. O apreço pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, cujos méritos e presença na sociedade brasileira, além de sua missão interna na Igreja católica, são indubitáveis. Esperamos que tais grupos e pessoas reflitam seriamente, busquem o diálogo aberto com os Bispos de suas respectivas dioceses e revejam seu posicionamento.

Para a nossa Arquidiocese, oferecemos uma apresentação da Campanha da Fraternidade, preparada pelo Bispo Auxiliar Dom Antônio de Assis Ribeiro, cuja utilização recomendamos a todas as Paróquias e Comunidades, Pastorais, Movimentos, Grupos e Serviços na preparação e realização da Campanha da Fraternidade do presente ano.

VEJA NA ÍNTEGRA A APRESENTAÇÃO DE DOM ANTÔNIO MEDIANTE A COLETIVA DE IMPRENSA

Compartilhamos algumas indicações que nos enviaram os membros da Presidência da CNBB, acrescentando alguns detalhes que consideramos importantes: A Campanha da Fraternidade é um valor que não podemos e não iremos descartar;

a. Alguns temas do texto-base, conforme seu modo de ser apresentado, não correspondem à doutrina da Igreja;

b. A Igreja Católica tem sua doutrina estabelecida a respeito das questões de gênero e se mantém fiel a ela. Gênero é a dimensão transcendente da sexualidade humana, compatível com todos os níveis da pessoa humana, entre os quais o corpo, a mente, o espírito e a alma. O gênero, ainda que sujeito a influências internas e externas à pessoa humana, deve obedecer à ordem natural já predisposta pelo corpo (Cf. Pontifício Conselho para a família – Lexicon – Termos ambíguos e discutidos sobre família, vida e questões éticas, página 673);

c. A causa Ecumênica se mantém importante: “Uma Comunidade cristã que crê em Cristo e deseja, com o ardor do Evangelho, a salvação da humanidade, não pode de forma alguma fechar-se ao apelo do Espírito que orienta todos os cristãos para a unidade plena e visível. Trata-se de um dos imperativos da caridade que deve ser acolhido sem hesitações. O ecumenismo diz respeito ao amor que Deus, em Cristo Jesus, destina ao conjunto da humanidade; e obstaculizar este amor é uma ofensa a Ele e ao seu desígnio de reunir todos em Cristo” (São João Paulo II, Ut unum sint, número 99)

Um importante subsídio para a vivência quaresmal é a Mensagem do Papa “Vamos subir a Jerusalém… (Mt 20,18). Quaresma: tempo para renovar fé, esperança e caridade”. E a recente Encíclica do Papa Francisco, “Fratelli tutti” poderá ajudar em nossa vivência quaresmal.

O QUE DESEJAMOS…

Que todos busquem o caminho da reconciliação, da unidade e da paz, na certeza de que só Cristo é a nossa paz. Caiam os muros que nos separam, busquemos os caminhos da caridade recíproca, entremos de coração aberto no tempo quaresmal, tempo de conversão e de reconciliação. Mais oração, jejum, abstinência, mortificações, gestos de caridade fraterna, para vivermos uma campanha da fraternidade e pela fraternidade, fiéis à Palavra do Senhor: “Eu vos dou um novo mandamento: amai-vos uns aos outros. Como eu vos amei, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros. Nisto conhecerão todos que sois os meus discípulos: se vos amardes uns aos outros” (Jo 13,34-35). É o que a Igreja espera de todos nós. Santa Quaresma!

 

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