Diocese de Marabá realizou a Romaria da Libertação

Por Dom Vital Corbellini, Bispo de Marabá – PA.

            Na Cidade de Goianésia do Pará, PA, ocorreu no dia 17 de setembro de 2018, a trigésima sexta romaria da libertação onde foram lembradas os assassinatos das criancinhas Elineuza e Elizabeth que morreram de uma forma cruel por um ex-policial militar na década de 1980. O evento religioso reuniu uma multidão de pessoas que participaram na missa das 08h30min presidida pelo Bispo de Marabá, Dom Vital Corbellini e concelebrada por alguns sacerdotes. Foi bonita a missa, bem participativa e cantada. O povo de Deus veio em grande número das diversas cidades, vilarejos do Estado do Pará e de outros Estados. Se muitas pessoas foram em caravana por ônibus ou em carros, a grande maioria das pessoas foi a pé desde Goianésia até o local na qual rezava e cantava hinos de louvor a Deus. Muitas pessoas partiram a pé em dias anteriores ao evento religioso de Jacundá. Mencionou-se também a vida das criancinhas que foram martirizadas e todas as criancinhas que foram abortadas. A romaria colocou a campanha da Igreja católica contra o aborto que mata diversas criancinhas que não tiveram condições de virem a este mundo muitas vezes pelo egoísmo das pessoas. Como as criancinhas Eleineuza e Elizabeth não proferiram palavras, mas deram a vida pelo Senhor através do sangue, assim também o aborto mata milhares de seres humanos antes de virem a este mundo.

É importante perceber que a romaria é uma devoção popular aonde o povo vai às ruas usando muitas vezes símbolos. O povo reza e canta, faz silencio, caminha ao lado de outras pessoas que fazem a mesma coisa. A fé, a esperança e a caridade são percebidas nas coisas que as pessoas levam ou carregam. Por exemplo, muitas pessoas fizeram o percurso a pé, ora com um tijolo, ora tendo sobre a cabeça uma casa pequena de modo que o povo veio para agradecer as graças alcançadas, ou pedir novas graças.

É fundamental ver que este sangue derramado tem o seu devido sentido em Cristo Jesus e na sua Igreja. “O sangue dos mártires é semente de novos cristãos”, dizia Tertuliano, Padre da Igreja do século III. Isto faz pensar a importância de valorizar a vida sobre a morte, porque a morte às vezes bate às nossas portas de muitas formas, através de alguma doença, calúnia, ou mesmo assassinatos, mas a graça da vida em Deus é maior. A romaria da Libertação é uma forma de o povo agradecer a Deus pelo dom da vida, pedir justiça aqueles que violentam a vida desde o ventre materno até o seu ocaso, pedir novas graças para continuar a missão neste mundo de evangelizar e de ser evangelizado. Foi lembrado também a importância de rezar pelos futuros governantes para que preservem a vida, sobretudo dos pequeninos, favoreçam a vida contra o aborto, dos pobres, daqueles que mais precisam de todos nós. O local da romaria é distante perto de oito kilômetros de modo que uma grande multidão de pessoas fez isso a pé, como forma de penitência, de amor à vida, de agradecimento por graças alcançadas e pedir novas para si mesmas e para os outros. No local muitas pessoas acenderam velas, rezaram diante do santíssimo sacramento numa capela à parte e participaram da missa de modo que foi um acontecimento muito bonito, de amor a Jesus Cristo, à Igreja e ao Reino de Deus.