Introdução

No mês de maio deste ano (2021) o Papa Francisco através da Carta Apostólica “Antiquum Ministerium” instituiu o Ministério de Catequista. A referida Carta Apostólica é composta por onze parágrafos nos quais apresenta sua justificativa, importância desse serviço e define algumas orientações pastorais para os bispos.

Iniciando esta série de artigos, através da qual pretendemos aprofundar a beleza do ministério de catequista e a importância da Catequese, recordemos as principais ideias desse documento. Com essa Carta Apostólica o Papa Francisco convida toda a Igreja a relançar em todos os contextos a importância da Catequese e o cuidado com o perfil dos catequistas.

  1. O ministério antigo na Igreja

Esse ministério faz-se presente na Igreja deste os primórdios das Comunidades Cristãs. Os diversos textos do NT nos convidam a refletir sobre a importância desse serviço. O evangelista Lucas ao escrever o seu Evangelho tinha como objetivo oferecer uma base sólida para a instrução (cf. Lc 1,3-4). Aos Gálatas comenta o apóstolo Paulo: «Mas quem está a ser instruído na Palavra esteja em comunhão com aquele que o instrui, em todos os bens» (Gal 6,6). A solidez da catequese contribui, portanto, para a profundidade da comunhão da Igreja. Onde impera a ignorância teológica, lá reina a confusão.

  1. A diversidade de dons

Na Igreja há diversidade de manifestações do Espírito Santo como afirma o apóstolo Paulo aos Coríntios quando menciona os mestres: «E aqueles que Deus estabeleceu na Igreja são, em primeiro lugar, apóstolos; em segundo, profetas; em terceiro, mestres; em seguida, há o dom dos milagres, depois o das curas, o das obras de assistência, o de governo e o das diversas línguas. Porventura são todos apóstolos? São todos profetas? São todos mestres? Fazem todos milagres? Possuem todos o dom das curas? Todos falam línguas? Todos as interpretam? Aspirai, porém, aos melhores dons. Aliás vou mostrar-vos um caminho que ultrapassa todos os outros» (1Cor 12,28-31). Na Igreja há diversidade de dons, mas o Espírito e o Senhor são o mesmo e, cada dom, é dado para a promoção do bem comum (cf. 1Cor 12,4-11).

Ao longo da história a Igreja reconheceu este serviço como expressão concreta do carisma pessoal, que tanto favoreceu o exercício da sua missão evangelizadora desde as primeiras comunidades. Ainda hoje a Igreja estimula esse mesmo ministério como sinal de fidelidade à permanência na Palavra de Deus. Ao longo de dois milênios de história a Igreja reconheceu o delicado e generoso serviço de tantos que se dedicaram à instrução catequética realizando uma missão insubstituível na transmissão e aprofundamento da fé, como bispos, sacerdotes, diáconos, religiosos, leigos e leigas. Dentre tantos, reconhecemos também muitos beatos, santos e mártires catequistas.

  1. A catequese edifica a Igreja

A catequese em sido uma forma de ministerialidade (de experiência de serviço eclesial) concretizada por homens e mulheres que, obedientes à ação do Espírito Santo, dedicaram a sua vida à edificação da Igreja. Com múltiplas expressões esse é um serviço essencial para a vida da Igreja, pois a fé precisa ser a aprofundada.

  1. Renovada consciência catequética

A partir do Concílio Ecumênico Vaticano II, a Igreja assumiu uma renovada consciência sobre a importância do compromisso do laicato na obra de evangelização. O Decreto “Ad Gentes” afirma: «É digno de elogio aquele exército com tantos méritos na obra das missões entre pagãos, o exército dos catequistas, homens e mulheres, que, cheios do espírito apostólico, prestam com grandes trabalhos uma ajuda singular e absolutamente necessária à expansão da fé e da Igreja. Hoje em dia, em razão da escassez de clero para evangelizar tão grandes multidões e exercer o ministério pastoral, o ofício dos catequistas tem muitíssima importância» (AG,17). Diversos outros eventos contribuíram para a renovação da Catequese: o interesse constante dos papas, os Sínodo dos Bispos, as Conferências Episcopais, o magistério dos bispos, a Compilação do Catecismo da Igreja Católica, a Exortação apostólica Catechesi tradendae, o Diretório Geral da Catequese, etc.

  1. A corresponsabilidade

O bispo é o primeiro Catequista na sua diocese, mas isso não dispensa a corresponsabilidade e a colaboração de outros sujeitos eclesiais como, os pais, catequistas leigos e leigas que, em virtude do batismo, são chamados a colaborar no serviço da catequese em cada ambiente. O ministério da Catequese abraça as condições culturais de cada contexto, mas conservando sua fidelidade ao evangelho. A Catequese, frente a tantos desafios culturais, vê-se diante de um grande desafio: “despertar o entusiasmo pessoal de cada batizado e reavivar a consciência de ser chamado a desempenhar a sua missão na comunidade requer a escuta da voz do Espírito que nunca deixa faltar a sua presença fecunda”.

  1. O apostolado dos leigos

O Papa Francisco através do ministério de Catequista nos recorda a importância do apostolado dos leigos na Igreja. Eles «são especialmente chamados a tornarem a Igreja presente e ativa naqueles locais e circunstâncias em que, só por meio deles, ela pode ser o sal da terra» (LG, 33); «os leigos podem ainda ser chamados, por diversos modos, a uma colaboração mais imediata no apostolado da hierarquia, à semelhança daqueles homens e mulheres que ajudavam o apóstolo Paulo no Evangelho, trabalhando muito no Senhor» (LG, 33); o Catequista é chamado, antes de mais nada, a exprimir a sua competência no serviço pastoral da transmissão da fé que se desenvolve nas suas diferentes etapas; o Catequista é simultaneamente testemunha da fé, mestre e mistagogo, acompanhante e pedagogo que instrui em nome da Igreja.

  1. A diversidade de ministérios

o ministério de catequista não está isolado. Ao lado desse ministério há outros que já foram oficialmente reconhecidos pela Igreja, como ministério de leitor e acólito, bem como os serviços de ostiário, exorcista, etc. Tais ministérios são preciosos para a implantação, a vida e o crescimento da Igreja e para a sua capacidade de irradiar a própria mensagem à sua volta e para aqueles que estão distantes (cf. Paulo VI. EN, 73).

  1. O perfil dos catequistas

O papa Francisco também nos apresenta alguns critérios sobre o perfil daqueles que podem ser convocados para serem catequistas. Não é um serviço para qualquer um; por isso o ministério de Catequista requer o devido discernimento por parte do Bispo e se evidencia com o Rito de instituição; é um serviço estável prestado à Igreja local de acordo com as exigências pastorais dadas pelo bispo. “Convém que, ao ministério instituído de Catequista, sejam chamados homens e mulheres de fé profunda e maturidade humana, que tenham uma participação ativa na vida da comunidade cristã, sejam capazes de acolhimento, generosidade e vida de comunhão fraterna, recebam a devida formação bíblica, teológica, pastoral e pedagógica, para serem solícitos comunicadores da verdade da fé, e tenham já maturado uma prévia experiência de catequese. Requer-se que sejam colaboradores fiéis dos presbíteros e diáconos, disponíveis para exercer o ministério onde for necessário e animados por verdadeiro entusiasmo apostólico”.

PARA REFLEXÃO PESSOAL:

  1. Quais sinais da importância dada à catequese encontramos nas comunidades primitivas?
  2. Quem são os responsáveis pela promoção do ministério da Catequese?
  3. Quais são os critérios para a escolha de catequistas?