Estamos sempre mais próximos do Sínodo para a Amazônia. Este fator alegra-nos porque o Espírito Santo vai iluminando-nos para que possamos participar com alegria e amor em nome de toda a Igreja. Sabemos que os desafios são muitos para serem debatidos, de modo que supliquemos as luzes do Espírito de Deus para viver bem este Kairós que a Igreja da Amazônia está prestes a vivenciar.

            Um dos desafios para ser debatido será a migração. Na Amazônia, o fenômeno migratório é algo bem presente em vista de uma vida melhor. Existe o deslocamento das pessoas que vão e vêm, o deslocamento forçado dentro do país e para o exterior, a migração de áreas rurais para as cidades e vice-versa. O Papa Francisco, dizia em Puerto Maldonado, que muitas pessoas migraram para a Amazônia à procura de teto, terra e trabalho. Abandonaram a sua vida humilde, pobre, mas digna. Muitos vieram em busca promissora da extração do ouro. Porém o ouro pode tornar-se um falso deus (IL, n. 63), que sacrifica pessoas tornando-as ainda mais pobres. Nós vemos, aqui em nossa região, a Serra Pelada onde houve a corrida do ouro, mas muitas pessoas ainda estão lá, numa situação de pobreza, porque espera do governo ser ressarcidos pelo ouro na época adquirido.

            A Amazônia é uma das regiões com maior mobilidade interna e internacional na América Latina. Diversas são as causas sociopolíticas, de perseguição atraídos por projetos políticos, megaprojetos que atraem trabalhadores mas que expulsam os habitantes dos territórios afetados. Muitas vezes há a agressão ao meio ambiente em nome do desenvolvimento na qual piora qualidade de vida dos povos amazônicos, seja das populações urbanas como rurais, devido à contaminação de produtos nas águas e rios (IL, n. 64). Fica claro também que a questão da migração não é bem assistida devido à falta de serviços básicos dos quais os migrantes necessitam. Muitas pessoas perambulam sem comida e sem alojamentos nos centros urbanos (IL, n. 66). Muitas vezes, as Igrejas e mesmo o poder municipal assistem aos migrantes com casas de acolhida, comida e assistência médica. Este fenômeno da migração atinge também as famílias porque quando o pai necessita partir para lugares distantes em busca de trabalho e de condições de vida, deixa a mulher e as crianças crescerem sem a figura paterna. Muitos jovens também são obrigados a migrarem abandonando seus estudos primários, sendo estes jovens vítimas do tráfico de drogas, do tráfico de pessoas (IL, n. 67), exploração sexual infantil, de adolescentes e jovens. Desta forma o governo deve implementar sempre mais políticas públicas nas populações para impedir que este processo de mobilidade cresça cada vez mais (IL, n. 68). A Igreja, como seguidora de Jesus Cristo, deve acompanhar os migrantes, anunciando a boa nova do Reino de Deus, de Jesus Cristo e de sua Igreja.

POR Dom VITAL CORBELLINI

Bispo de Marabá - PA