Começou na última quarta-feira, 1º, em Aparecida-SP, a 57ª edição da Assembleia Geral dos Bispos do Brasil. A reunião segue até o próximo dia 10 de maio e conta com a participação de mais de 300 bispos que governam a Igreja no Brasil em suas respectivas dioceses, prelazias e administrações apostólicas.

O Regional Norte 2 que comporta 13 dioceses está com todos os seus bispos presentes na AGBB. Além disso, estão presentes também os bispos prelados eméritos: dom Erwin Kräutler, do Xingu; e dom José Luís Azcona Hermoso, do Marajó.

CETEL – O arcebispo metropolitano de Belém e vice-presidente da CNBB Norte 2, dom Alberto Taveira Corrêa, logo no segundo dia se fez presente na mesa principal do Centro de Eventos Pe. Vitor Coelho (local onde são realizadas as plenárias).

Foto: CNBB / Assessoria de Imprensa

O metropolita integra a Comissão Episcopal para os Textos Litúrgicos (CETEL) que é responsável pela tradução do Missal Romano. O trabalho perdurou mais de uma década e, agora finalizado, será enviado para aprovação do Vaticano.

Dom Alberto (o primeiro da esquerda para direita) participou das explanações sobre o trabalho da CETEL. Foto: CNBB / Assessoria de Imprensa

Juventude –O bispo auxiliar de Belém, Dom Antônio de Assis Ribeiro, na tarde de ontem, 02, explanou sobre os trabalhos da Comissão Episcopal para a Juventude e a assimilação dos horizontes da nova Exortação Apostólica.
O bispo que é salesiano, integra a comissão e apresentou os seguintes desafios para a prática do que foi pensado pela Igreja no Sínodo para a Juventude.

Segundo ele, podem ser destacados sete desafios:

1 – A compreensão da nova organização da pastoral juvenil no Brasil. “Em muitos lugares, o Setor Juventude ainda não foi bem aceito e nem compreendido, sobretudo, por parte de um certo número de sacerdotes que continuam com a linguagem, estilo e visão do passado quando só havia a PJ (e seus grupos de jovens), e por isso, não considera a diversidade de expressões juvenis e nem outras formas de promoção da pastoral juvenil”, afirmou.

2 – Formação dos sacerdotes na área da pastoral juvenil através da promoção de Simpósios e Seminários sobre a Juventude.

3 – Organização sistemática do Setor Juventude nas Dioceses e Regionais através da elaboração de um Projeto Educativo-Pastoral do Setor Juventude.

4 – Configuração da Pastoral Juvenil como processo de crescimento, de amadurecimento humano e robustecimento da fé como discípulo de Jesus Cristo, superando a ideia da pastoral como promotora de eventos ‘soltos e fragmentados’, sem metas.

5 – Experiências que valorizem e envolvam a juventude em outras áreas eclesiais. “Constatamos, por todos os lugares, que o maior envolvimento dos jovens em nível Paroquial, acontece na liturgia ou na catequese… Isso é bom, mas faz-se necessário explorarmos outras dimensões, por exemplo, o esporte, o lazer, as artes (música, dança, teatro), experiências evangelizadoras… A experiência do Oratório sintetiza essa proposta de pastoral juvenil pluridimensional. A pastoral juvenil não deve deixar de lado a dimensão lúdica, festiva e artística”, pontuou dom Antônio.

6 – Rejuvenescimento das Pastorais através do compromisso dos líderes para acolherem a juventude.

7 – Atenção na qualidade do processo catequético do Crisma. “Infelizmente, ainda há um significativo número de jovens que abandonam a comunidade católica após a recepção do Sacramento;Por que isso acontece? Certamente é porque não foram bem preparados, não fizeram a experiência de engajamento, não conheceram profundamente a Jesus Cristo e nem a beleza da Igreja… Muitos, não só deixam de estar engajados na Igreja Católica, mas saem dela e se tornam neopentecostais. Por isso, a pastoral juvenil deve caminhar em sintonia com a pastoral catequética”, lamentou dom Antônio.

O bispo de Marabá, dom Vital Corbellini e o bispo prelado emérito do Marajó, dom Azcona, fizeram intervenções em seguida e trouxeram outras reflexões para o grupo.

Ministérios – O bispo prelado de Itaituba, dom Wilmar Santin, esteve na manhã desta sexta-feira, 03, na Sala de Imprensa da AGBB. O prelado participou do meeting point (oportunidade de contato com os bispos por meio de abordagens temáticas adicionais à programação oficial da Assembleia da CNBB). O tema tratado por ele, foi: “Novos ministérios na realidade amazônica – rumo ao Sínodo 2019”.

Foto: CNBB / Assessoria de Imprensa

Dom Wilmar inicialmente ponderou os quatro tipos de Ministérios elencados no documento 62 da CNBB cujo título, é: “Missão e Ministérios dos Cristãos Leigos e Leigas”. No documento, são citados os Ministérios: reconhecidos, confiados, instituídos e ordenados.

“Após o Concílio Vaticano II é que se colocou ênfase no ministério dos leigos, uma igreja toda ministerial. A origem de todo ministério é sempre o Espírito Santo, que suscita carismas e pessoas para algum serviço, não sendo, no entanto, algo para proveito próprio mas sim para o bem da comunidade, como afirma São Paulo no capitulo 12 de sua carta aos Coríntios”, destacou dom Wilmar.

O prelado elencou e explicou os quatro ministérios de acordo com o documento 62, aprovado na AGBB de 1999:

1 – Ministérios simplesmente “reconhecidos”.  “São normalmente aqueles ligados a um serviço significativo para a comunidade, mas considerado não tão permanente, podendo vir a desaparecer, quando variarem as circunstâncias. Recebem este nome porque muitas das funções que os leigos e as leigas exercem em vários níveis da Igreja são assumidos sem nenhuma formalidade canônica e, mesmo, sem um gesto litúrgico; mas são formas verdadeiramente ministeriais de se assumir corresponsavelmente a vida e a missão da Igreja, dentro do processo comunitário e do planejamento eclesial e recebem o reconhecimento em modalidades que variam muito da comunidade e de outras instâncias eclesiais”, explicou.

2 – Ministérios “confiados”, quando conferidos ao seu portador por algum gesto litúrgico simples ou alguma forma canônica; “É o caso dos Ministros da Eucaristia, eles recebem um mandato dentro de uma celebração. É bom destacar que continuam leigos, não se tornam ‘quase-padre’ ao receberem este ministério que a Igreja os confia”, disse.

3 – Ministérios “instituídos”, quando a função é conferida pela Igreja através de um rito litúrgico chamado “instituição”; Segundo dom Wilmar, estes ministérios são mais formais e canônicos haja vista que constitui acólitos e leitores.

4 – Ministérios “ordenados” = diaconato, sacerdócio e episcopado.

Experiência na Prelazia de Itaituba – Ainda no meeting point, dom Wilmar destacou uma experiência.

“Numa reunião do Clero nós nos questionamos acerca da assistência às nossas comunidades. Muitas são distantes umas das outras, as estradas não ajudam os ministros ordenados a chegarem e saírem com rapidez. Então chegamos à conclusão de que precisávamos investir na formação dos Ministros da Palavra. Foi o que nós fizemos! Em quatro anos formamos uma turma de 24 em uma região de Jacareacanga – PA, quase fronteira com o Mato Grosso, numa área dos índios munduruku, onde vivem aproximadamente 14 mil índigenas em diversas aldeias. Dois anos depois, formamos outra turma de 24 novos ministros da Palavra. Hoje são 48 Ministros da Palavra que evangelizam na sua língua”, destacou, de modo emocionado, dom Wilmar.

Foto: CNBB / Assessoria de Imprensa