por Vívian Marler / Assessora de Comunicação do Regional Norte 2 da CNBB

com informações de Irmã Geralda Bárbara Soares de Oliveira / Congregação das Missionárias de Cristo / Diocese de Marabá

A cidade de Goianésia do Pará, na Diocese de Marabá, foi palco da 44ª Romaria da Libertação, no dia 17 de setembro, um evento marcado pela fé, coragem e perseverança de milhares de fiéis que se dirigiram ao memorial das meninas Elizabeth e Elineuza, martirizadas em 1980. Sob o lema “Será grande a vossa recompensa nos Céus” (Mt 5,12), a Romaria da Libertação deste ano reuniu aproximadamente 10.000 pessoas, que caminharam em testemunho de fé, contagiando e chamando mais discípulos a seguir a mensagem de Jesus Cristo.

A tradicional caminhada, com início às 6h da manhã na Igreja Matriz, percorreu cerca de 8 km até o memorial das meninas, onde foi celebrada a missa de encerramento com o Bispo Diocesano Dom Vital Corbellini, o Pároco da Paróquia Santa Maria de Goianésia, Padre Dalvan Alves Ribeiro, e os padres José Kammer e Paulinho, um dos primeiros incentivadores da caminhada.

Dom Vital Corbellini expressou sua gratidão a todos que participaram da caminhada e rogou para que as santas crianças mostrem o quanto devemos cuidar da infância de nossas crianças e adolescentes. Ele também destacou que a Romaria da Libertação é um momento para lembrar a vida das duas crianças inocentes, Elizabeth e Elineuza, e para reafirmar o compromisso de não permitir mais assassinatos de pessoas inocentes.

A fé e a devoção às meninas são tão grandes que muitos fiéis vêm de cidades vizinhas para pagar promessas e agradecer por graças alcançadas. No local, há uma “casa das promessas” onde são depositadas partes de corpos de madeira, simbolizando os milagres realizados pela fé. Marilene Araujo dos Santos, organizadora das atividades da paróquia, compartilhou sua experiência intensa e emocionante ao vivenciar a Romaria e conhecer a fundo a história das santas meninas.

 A Romaria da Libertação é um evento que transcende a devoção religiosa, tornando-se um símbolo de resistência e esperança para a comunidade de Goianésia do Pará. A fé nas meninas Elizabeth e Elineuza continua a inspirar milhares de pessoas a lutar por um mundo mais justo e fraterno, onde a vida seja sempre valorizada e protegida.

O Surgimento da Romaria da Libertação

A Romaria da Libertação, que acontece anualmente em 17 de setembro em Goianésia do Pará, surgiu em memória de um trágico evento ocorrido em 1980. Naquele ano, uma família de Santarém, que viajava para vender seus produtos, cruzou o caminho de um delegado chamado Aragão, que aterrorizava a região de Goianésia, Jacundá e Nova Ipichuna.

Dom Alano Pena, bispo de Marabá, pediu ao governador do Pará, durante a visita do Papa João Paulo II a Belém, que Aragão fosse removido da região. Isso despertou a ira do delegado, que prometeu cometer uma atrocidade que jamais seria esquecida.

A família, vinda de Marabá com destino a Castanhal, passou por Abel Figueiredo, onde Aragão, em uma emboscada, assassinou o pai, Sr. Vicente, e seu meio-irmão, François. Em seguida, levou a mãe e as duas filhas, Elineuza e Elisabeth, para Goianésia do Pará, onde as matou com requintes de crueldade. Na madrugada de 17 de setembro, Aragão esfaqueou as crianças na frente da mãe, que sobreviveu ao se fingir de morta, mesmo após ser atingida por 17 facadas e ter o corpo incendiado. Ela foi socorrida por uma família local e levada para Belém, onde se recuperou.

A comunidade católica de Abel Figueiredo enterrou os corpos do pai e do meio-irmão, enquanto as crianças foram sepultadas em Goianésia. Aragão, apesar de sua atrocidade, não cumpriu pena e tornou-se pistoleiro, sendo posteriormente assassinado.

A comoção causada por esse crime deu origem à Romaria da Libertação, um evento que reúne milhares de fiéis para homenagear as vítimas e clamar por justiça e paz na região.

 

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