O tema da 6ª Semana Social Brasileira, “Mutirão pela vida: por terra, teto e trabalho”, é de inspiração a partir dos três “T”, que foram gestados no 1º Encontro Mundial dos Movimentos Populares com o Papa Francisco, em outubro de 2014, em Roma. “Digamos juntos, de coração: nenhuma família sem casa, nenhum camponês sem terra, nenhum trabalhador sem direitos, nenhuma pessoa sem a dignidade que o trabalho dá”.
A 6ª SSB é uma iniciativa da CNBB, por meio da Comissão Episcopal Pastoral para a Ação Sociotransformadora, com o envolvimento ativo das pastorais sociais da Igreja Católica, dos movimentos populares do campo e da cidade, de organizações da sociedade civil, igrejas cristãs, povos indígenas e comunidades tradicionais.
O Mutirão é uma forma de convocar todos os cidadãos do Brasil ao engajamento concreto pela superação das desigualdades sociais existentes no país. Para alcançar esse objetivo a iniciativa terá como eixos transversais: a economia, a democracia e a soberania.
Memória histórica das semanas sociais brasileiras
A 1ª Semana Social Brasileira (1991), em sintonia com a Campanha da Fraternidade, que teve como tema: Fraternidade e o mundo do Trabalho debateram os impactos das inovações tecnológicas à época e suas relações com o mundo do trabalho. Neste sentido, cresceram os processos de monitoramento das violações dos direitos civis e sociais para combater a escravidão e a precarização do trabalho. Em decorrência disso, como alternativa ao modelo de desenvolvimento, surgiram grupos de economia solidária apoiados pelos Sindicatos, e incentivados pela Cáritas Brasileira e Pastorais Sociais.
A 2ª Semana Social Brasileira possibilitou a Articulação do Semiárido (ASA), com o envolvimento de mais de 400 entidades que atuam no Semiárido brasileiro. Desde então, a ASA atua na incidência para gerar políticas públicas de convivência o bioma estigmatizado pela seca. Destaca-se como resultado desse processo, a campanha pela construção de um milhão de cisternas para o armazenamento da água da chuva, em um processo pedagógico de educação popular, por todo semiárido. Da 2ª SSB, nasceu também o Grito dos Excluídos que, desde então, mobiliza ações populares durante a Semana da Pátria, em setembro.
Da 3ª Semana Social Brasileira nasceu a Rede Jubileu Sul. A iniciativa fortaleceu a vida democrática participativa do país, com a organização popular no monitoramento da dívida externa. Nesse processo aconteceu o plebiscito popular contra a Área de Livre Comércio das Américas (ALCA). Ação que coletou dez milhões de assinaturas contrárias a este acordo. Nasceu também a Assembleia Popular, para criar mecanismos de discussões sobre questões sociais e articular as forças em defesa dos direitos civis e sociais.
A 4ª Semana Social Brasileira criou o Fórum Mudanças Climáticas e Justiça Socioambiental (FMCJS). A iniciativa promove o debate permanente com a sociedade sobre as questões socioambientais e demanda políticas públicas para a sustentabilidade ambiental e prevenção de desastres. A 4ª SSB promoveu, por exemplo, o referendo popular sobre a privatização da Companhia Vale do Rio Doce.
A 5ª Semana Social Brasileira apoiou a campanha de assinaturas, promovida pela Coalisão Democrática por uma reforma política e eleições limpas. 96 entidades se envolveram no processo, realizando aproximadamente 250 mutirões e possibilitando a articulação das pastorais sociais. Apoiou ainda a convocação do referendo popular para a convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte e a campanha para a demarcação dos territórios dos povos indígenas, quilombolas e pescadores artesanais. Por fim, solicitou ao papa Francisco a convocação de evento internacional sobre a vida do planeta e no planeta.