por Dom Vital Corbellini
Bispo da Diocese de Marabá

As nossas atenções são dadas nestes dias pelo luto e orações ao Papa que morreu, Francisco e também nós estamos em unidade com todo o colégio cardinalício que elegerá o novo Papa para manter a unidade em Cristo as Igrejas e estimular a caridade, o amor entre as pessoas, os povos e com o Deus Uno e Trino. O Bispo de Roma é também o Papa que governa a Igreja local e a Igreja Universal. Ele é chamado o sucessor de Pedro que está em unidade com Jesus Cristo. È importante perceber as considerações dos Padres da Igreja, os primeiros escritores cristãos em relação ao Bispo de Roma, o Papa em vista da unidade e da caridade em Cristo e com todas as pessoas.

A Igreja de Deus em Roma

São Clemente Romano, bispo de Roma e Papa, no final do século I e inicio do século II dirigiu-se à Igreja de Corinto, na Grécia, ressaltando à Igreja de Deus que vive de uma forma estrangeira em Roma, para a Igreja de Deus que vive também como estrangeira em Corinto. Ainda que tivesse uma relação igual no seguimento a Jesus Cristo, no entanto a forma como o Bispo que estava na capital do Império romano ressaltava ao respeito pelo seu serviço, tinha presente a superioridade da Igreja de Roma em relação à Igreja que estava em Corinto[1]. Tudo isso reforçava o mandato do Bispo de Roma como o sucessor de Pedro a serviço de toda a Igreja e do Senhor Jesus Cristo.

A solicitação da obediência

O Bispo de Roma, assim chamado porque a designação de Papa virá só pelo Papa Gregório Magno, final do século VI e início do século VII, ficou sabendo das divisões da Igreja em Corinto pelo fim do século I. Por isso Ele emitiu uma Carta muito importante para aquela comunidade pedindo a obediência por ser o sucessor de Pedro e solicitando a unidade de todos os membros em Cristo Jesus. Ele pedia uma vida de unidade entre os seus membros com o Senhor Deus de modo que não teria motivos de ocorrerem brigas, ódios, disputas, divisões, entre eles. O fato era que todos os seguidores do Senhor honrem um só Deus, um só Cristo, um só Espírito derramado sobre eles e uma só vocação em Cristo[2].

O nome do Senhor

São Clemente pediu a fraternidade entre os membros da comunidade de Corinto para o bom testemunho do ser cristão no mundo de então, no caso o paganismo. O nome do Senhor não poderia ser blasfemado, mas ele deveria ser honrado, amado por todas as pessoas e pelo povo de Deus. Ele pedia que os fiéis se lançassem aos pés do Senhor, para o arrependimento do pecado da divisão e reconciliar-se com Deus, na prática nobre e santa caridade, do amor fraterno[3]

Igreja que preside ao amor

Santo Inácio de Antioquia, bispo e mártir da Igreja nos séculos I e II afirmava que a Igreja de Roma era aquela que presidia ao amor em relação às outras Igrejas e comunidades cristãs. Ele se referia à magnificência do Pai e de Jesus Cristo, seu Filho único no louvor que as pessoas são chamadas a dar a Deus. Em relação à Igreja de Roma era uma comunidade amada e iluminada pela bondade Daquele que quis todas coisas que existem; A Igreja que preside na região dos romanos, digna de Deus, de louvor e que preside ao amor, pois carrega a lei de Cristo, em nome do Pai pelo Espírito na sua Igreja[4].

A transmissão do governo episcopal

Santo Ireneu de Liao, bispo e mártir do séculos II e III afirmou a necessidade de seguir a Igreja de Roma, porque os bem-aventurados apóstolos, Pedro e Paulo edificaram a Igreja transmitindo o governo episcopal a Lino, que sucedeu a Anacleto, e em seguida veio Clemente, o autor da Carta aos Coríntios que nós vimos acima, e para o bispo de Lião, Clemente tinha visto os apóstolos estando em relação com eles, guardando viva a pregação deles e tinham presentes a tradição apostólica ligada ao Senhor Jesus Cristo[5].

A Igreja mais antiga

Santo Ireneu afirmou na sua consideração à Igreja de Roma e ao seu Bispo, como a Igreja mais antiga do que as outras igrejas. Ele ressaltou ainda que o Bispo Clemente teve que intervir em Corinto devido as divergências naquela comunidade para reunir aquele povo na paz, reavivar-lhes a fé, e reconfirmar a tradição que tinha recebido dos apóstolos, Pedro e Paulo. As pessoas eram convidadas a aprender daquela carta que Deus é anunciado pelas Igrejas como o Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo e conhecer a tradição apostólica mais antiga de todas as outras Igrejas[6].

O exemplo de São Policarpo

São Policarpo foi discípulo de São João, Apóstolo e Evangelista que morreu mártir no ano 165 na Ásia, na Igreja de Esmirna. Santo Ireneu que foi discípulo de São Policarpo colocou também que ele seguia a tradição dos apóstolos e de Jesus Cristo. Pelos anos 155 São Policarpo esteve em Roma para conversar com o Bispo de Roma, Aniceto a respeito da Páscoa cristã. Ele afirmava que existia uma só verdade que era transmitida pela Igreja que vinha dos Apóstolos e os Apóstolos de Jesus Cristo[7].

O momento é de unidade, de caridade, e de muita oração para com o novo Bispo de Roma e Papa que será eleito pelo Colégio Cardinalício. O Deus Uno e Trino acompanhe os cardeais, toda a Igreja em vista da importância do “Servo dos Servos de Deus”, o Papa, na expressão de São Gregório Magno, Papa no final do século VI e início do século VII.

 

[1] Cfr. Clemente aos Coríntios, Saudação. In: Padres Apostólicos. São Paulo; Paulus, 1995, pg. 23.

[2] Cfr. Idem, 46,5-6, pg. 56.

[3] Cfr. Ibidem, 47,7; 48, 1, pgs. 57-58.

[4] Cfr. Inácio aos Romanos, Saudação. In: Idem, pg. 103.

[5] Cfr. Ireneu de Lião, III,3,3. In: Ireneu de Lião. São Paulo: Paulus, 1996, pg. 250.

[6] Cfr. Idem, pgs. 250-251.

[7] Cfr. Ibidem, III,3,4, pgs. 251-252.