por Aritana Aguiar / Assessoria Comunicação Arquidiocese de Santarém

O segundo dia do I Encontro Regional de Jovens Líderes Indígenas Católicos foi marcado com a exposição da realidade dos povos presentes e com a apresentação de propostas para fortalecimento nas aldeias indígenas. O evento é uma realização do Regional Norte 2 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) – Pará e Amapá, que acontece de 23 a 25 de maio de 2025, no Centro de Formação Emaús da Arquidiocese de Santarém.

Neste encontro está sendo utilizada a metodologia VER, ILUMINAR e AGIR. Na manhã deste sábado, 24, a programação iniciou com o VER, onde os participantes fizeram um diagnóstico dos problemas e desafios em suas comunidades. Os jovens indígenas se reuniram em grupos e fizeram uma reflexão a partir das seguintes perguntas: 1) Quais os problemas juvenis que percebemos em nossas aldeias? 2) Há preocupação dos jovens em relação a estes problemas?

O bispo da Diocese de Macapá e Referencial para a Juventude do Regional, Dom Antônio de Assis Ribeiro, detalhou alguns problemas retratados pelos jovens. “Na questão pessoal, nós temos o problema do alcoolismo, da drogadição, do vazio existencial, do abandono das aldeias, da perda da própria identidade cultural, pois muitos preferem dizer que não são indígenas”, ressaltou.

Também os participantes abordaram questões nos aspectos pastorais, no qual houve a reclamação da falta da presença da Igreja Católica nas comunidades, assim como a ausência na formação de lideranças. “Ausência de uma Pastoral Juvenil e Vocacional foi uma das últimas colocações. Foi falado da promoção ministerial, de ministros entre os jovens, formação para o diaconato, formação para o sacerdócio. Então, os jovens estão querendo algo desafiador”, salientou Dom Antônio.

Para o indígena Murilo Juruna, de Vitória do Xingu, o momento do VER foi algo importante ao ser uma oportunidade de expor suas realidades: “Porque retrata um pouco da nossa vivência, do que a gente precisa discutir dentro do nosso território, principalmente a juventude, essa participação. Muitas das vezes, quando tem encontros ou reuniões importantes, muitas vezes são destacadas só as lideranças”.

A programação seguiu pela tarde, onde novamente os participantes se reuniram em grupos para aprofundar três questionamentos: 1) De quais valores e riquezas os jovens indígenas são portadores? 2) O que os jovens indígenas católicos podem fazer para evangelizar outros jovens e fortalecer a Igreja Católica? 3) O que os jovens indígenas esperam dos sacerdotes, religiosos e bispos?

Das respostas apresentadas, os jovens trouxeram na primeira questão quanto aos valores de suas riquezas, como a pintura, artesanato, agricultura familiar, danças, dentre outros. Na segunda pergunta, os participantes propuseram encontros de formação, estudos bíblicos, criação de cartilhas na língua nativa, rodas de conversa. Por fim, os grupos apresentaram a necessidade de maior presença de padres, bispos e religiosos em suas aldeias, para haver mais diálogo, maior compreensão da cultura, fortalecimento das pastorais indígenas, entre outras sugestões.

Ainda neste sábado, o padre Antônio Gomes, assessor da Comissão Episcopal para a Juventude da CNBB, apresentou aos jovens o questionário da pesquisa “Evangelização da Juventude no Brasil”. Os dados coletados servirão de base para a atualização do Documento 85 da CNBB — Evangelização da Juventude —, referência essencial para a ação evangelizadora da Igreja junto às novas gerações. Esta é uma iniciativa da CNBB, através da Comissão. No encontro, os jovens foram esclarecidos sobre a importância do questionário e ainda tiveram um tempo para responder à pesquisa.

O encontro encerra neste domingo, 25, e será aprofundado o momento do AGIR, a partir das propostas apresentadas no sábado, do que pode ser executado nas aldeias indígenas de acordo com as necessidades apresentadas pelos participantes.

A assessora religiosa da Pastoral Juvenil da Arquidiocese de Santarém, Irmã Marlene Fátima Betlinski, expressou sua alegria com este encontro: “É uma alegria muito grande poder fazer parte deste momento histórico para a Igreja nacional, para a Igreja regional e para a Arquidiocese de Santarém. É muito lindo ver a Igreja preocupada em cuidar dos jovens, a juventude, mas em particular os jovens indígenas que pela história sempre vem sofrendo, que nos deixa, muitas vezes, na questão não compreendida a respeito da inculturação, do respeito pela vivência, por toda uma história de vida”.

Ao final do dia, teve a Santa Missa na Capela do Centro de Formação Emaús presidida por Dom Antônio Ribeiro. A programação encerrou com uma noite cultural com apresentações artísticas indígenas.