por Dom Irineu Roman, CSJ
Arcebispo da Arquidiocese de Santarém

Estimados Irmãos (as)!

Estamos encerrando o Ano Jubilar, sendo que, nesses dias vivenciamos o período litúrgico da Oitava de Natal, onde contemplamos o mistério do Verbo de Deus que se fez carne e veio habitar entre nós. Neste dia 27/12/2025, a Igreja celebrou a Festa de São João Apóstolo e Evangelista, o discípulo amado do Senhor. O Evangelista João, escreve em sua carta: “o que era desde o princípio, o que nós ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que contemplamos e as nossas mãos tocaram da Palavra da Vida – de fato – a Vida manifestou-se e nós a vimos, e somos testemunhas, e a vós anunciamos a Vida Eterna (…) isso que vimos e ouvimos, nós vos anunciamos, para que estejais em comunhão conosco” (cf. 1Jo1,1-4).

Meus irmãos(ãs), a Palavra da Vida é Jesus mesmo, o Verbo que era desde o princípio e se encarnou na história humana. Ele é a alegria plena para nossas comunidades… Ele é a esperança que não engana. O discípulo amado, consegue superar as aparências dos “sinais da morte” e vislumbra o transcendente com os olhos da fé. Ele viu e acreditou.

O Papa Francisco, ao proclamar o Ano Jubilar, disse que seria um marco de graça e renovação espiritual para a Igreja, oferecendo aos fiéis a oportunidade de divulgar sua fé e vivenciar de forma concreta o amor de Deus. Sob o lema “Spes Non Confundit” (A Esperança não engana), inspirado em Romanos 5,5, o Jubileu trouxe uma mensagem de esperança e perseverança em todas as comunidades de nossa Igreja Particular de Santarém. Pude ver e acompanhar eventos e festividades de nossa Arquidiocese com o tema Jubilar sendo trabalhado nas CEBs, grupos de fé, pastorais, serviços e movimentos durante todo este período do Jubileu.

O Ano Jubilar, com o tema “Peregrinos da Esperança”, foi um tempo da graça do Senhor em nossas vidas, em vista de nosso relacionamento e enocntro com Deus. Esse tempo, como todo Jubileu, se apresentou como uma oportunidade de conversão, penitência e renovação espiritual; um percurso em que a Igreja nos chamou a retornar ao essencial da fé. Tudo aquilo que aprofundamos e vivenciamos neste Ano Jubilar somos convidados a levar em frente com esperança, sem voltar atrás. Esta esperança que não engana, não pode morrer. Olhando para o conceito bíblico do Jubileu, o qual caracteriza-se como um tempo de graça e libertação, no qual a misericórdia divina se derrama sobre todos. Por isso, somos convocados a intensificar os atos de misericórdia e reconciliação.

Quero recordar que uma das grandes graças do Jubileu foi a oportunidade de receber indulgências, um presente da misericórdia divina, para aqueles que
cumpriram as condições da Igreja, como a confissão dos pecados, a comunhão, a profissão de fé e a oração pelas intenções do Papa.

A Bula “Spes Non Confundit” (A Esperança não engana), revelou-nos o coração do Jubileu que o Papa Francisco proclamou e o Papa Leão deu continuidade, em vista de que a Esperança é uma força que ilumina a escuridão de nossos tempos. Vivemos tempos sombrios! Em um mundo marcado por crises sociais, ambientais e espirituais, somos chamados a perceber a esperança que não engana, como um poder capaz de avivar, transformar, renovar e converter o ser humano.

O Papa alertou na Bula que no ritmo acelerado da vida moderna, a paciência se tornou uma virtude rara: “A paciência foi posta em fuga pela pressa, causando grandes danos às pessoas” (Bula Spes Non Confundit §4). Isso nos desafia a refletir sobre nossos relacionamentos humanos, familiares e sociais, sobre nossa espiritualidade, sobre nossa capacidade de esperar com confiança. Pergunto: – Por que tanta violência, inclusive, violência doméstica em nossos tempos? O lema jubilar conforme Romanos 5,5, “A esperança não engana”, lembra-nos de que a esperança nunca decepciona, pois ela está firmemente enraizada no amor de Deus, derramado em nossos corações pelo Espírito Santo. Este amor não falha, não nos abandona e é uma base sólida que nos permite perseverar, mesmo nas adversidades.

Assim, neste encerramento do Ano Jubilar, somos chamados e convocados a cultivar a paciência e a perseverança, não como simples atos, mas como respostas concretas à confiança que temos em um Deus que jamais nos desemparará. A esperança alimentada pela graça divina, torna-se força propulsora para um novo olhar sobre o mundo, sobre a humanidade, e sobre nós mesmos.

A título de avaliação deste Ano Jubilar podemos nos perguntar: – Qual o tamanho e a medida de meu amor a Deus e ao próximo? – Qual foi meu compromisso com a Igreja, a Evangelização, a caridade com o próximo, particularmente os mais necessitados? Quais os frutos que podemos colher deste Jubileu? O Jubileu nos ajudou para uma reconciliação mais eficaz? Esses momentos de graças vivenciados no ano Jubilar tem sido uma maneira de a Igreja engajar os fiéis a renovar seu compromisso com Deus, oferecendo um tempo de reflexão, penitência e perdão?

Oxalá, este Ano Jubilar, tenha sido um recomeço, a uma verdadeira conversão para todos os cristãos, conduzidos pela misericórdia divina, em vista de uma autêntica fé, esperança e amor a Deus e ao próximo.

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