por Vívian Marler / Assessora de Comunicação do Regional Norte 2

Em uma noite marcada pela fé e pela esperança, a Basílica de São Pedro, em Roma, foi o palco da celebração da Santa Missa da Noite de Natal, conhecida como a Missa do Galo, presidida pelo Santo Padre Papa Leão XIV. Apesar do clima instável, uma multidão de fiéis, muitos reunidos na Praça São Pedro, testemunhou o mistério central do Cristianismo, a encarnação de Deus.

O Santo Padre iniciou sua mensagem saudando calorosamente os presentes, reconhecendo a coragem de todos por estarem reunidos para celebrar a festa do Natal.

O Astro que Surpreende o Mundo

A reflexão papal mergulhou na profundidade da vinda de Cristo, contrastando a busca milenar da humanidade por verdades nos céus com a revelação concreta trazida pelo Menino Jesus. Citando Isaías, o Sumo Pontífice afirmou que “o povo que caminhava nas trevas viu uma grande luz”.

“Hoje, na cidade de Davi, nasceu para vós um Salvador, que é Cristo Senhor”, proclamou, enfatizando que Deus não envia apenas uma solução ou uma ideia, mas Se entrega a nós. A luz que irradia do Menino Jesus ilumina qualquer escuridão, anunciando uma existência nova e eterna.

A Sabedoria da Humildade Divina

Um ponto central da mensagem foi a sabedoria do Natal, a onipotência de Deus manifestada na impotência de um recém-nascido. O sinal claro para o mundo não está em um poder distante, mas em “um menino envolto em faixas, deitado numa manjedoura”.

O Papa ressaltou que, ao se fazer homem, Deus revela a infinita dignidade de cada pessoa. Esta humildade divina se contrapõe à soberba humana e a uma economia que trata os homens como mercadoria. A mensagem é clara, onde há lugar para o homem — para o pobre, para o estrangeiro — há lugar para Deus.

Gratidão e Missão no Fim do Jubileu

Em alusão ao Ano Santo que se aproxima do seu cumprimento, o Santo Padre relembrou as palavras de seu predecessor, Bento XVI, sobre a necessidade de haver espaço para os mais vulneráveis. Ele também citou o Papa Francisco, que afirmou que o Natal reacende o compromisso de levar esperança onde ela foi perdida.

O Natal, portanto, não é apenas um momento de contemplação, mas um chamado à missão. É tempo de gratidão pelo dom recebido e de testemunho fraterno. A alegria do Natal é, em sua essência, festa da fé (Deus se faz homem), da caridade (o dom se realiza na dedicação fraterna) e da esperança (o Menino nos torna mensageiros de paz).

Com a luz do Menino Jesus guiando seus passos, a Igreja é chamada a ir ao encontro da alvorada de um novo dia, sem temer a noite.

Leia a homilia do Santo Padre, na integra, abaixo.

SOLENIDADE DO NATAL DO SENHOR
SANTA MISSA DA NOITE (ou Missa da Meia-Noite)

CAPELA PAPAL

HOMILIA DO SANTO PADRE LEÃO XIV

Basílica de São Pedro
Quarta-feira, 24 de dezembro de 2025

Palavras de saudação do Santo Padre aos fiéis presentes na Praça São Pedro

“Boa noite. Bem-vindos todos! Bienvenidos! Welcome!

A Basílica de São Pedro é uma Basílica muito grande, é muito grande, mas infelizmente não é grande o suficiente para receber todos vocês. Eu admiro, respeito e agradeço a vossa coragem e a vossa disposição em estar aqui esta noite.

Muitíssimo obrigado por estarem aqui esta noite, mesmo com este clima. Queremos celebrar juntos a festa de Natal. Jesus Cristo que nasceu para nós nos traga a paz, nos traga o amor de Deus.

Muitas felicidades a todos vocês. Acompanhem a celebração nas telas. Que Deus vos proteja e abençoe todas as vossas famílias.

Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.

Muitas felicidades a todos!

….

Caros irmãos e irmãs,

Por milênios, em todas as partes da terra, os povos perscrutaram o céu, dando nomes e formas a estrelas mudas: em sua fantasia, liam ali os eventos do futuro, procurando no alto, entre os astros, a verdade que faltava em baixo, entre as casas. Como tateando, naquela escuridão, ficavam contudo confusos por seus próprios oráculos. Nesta noite, contudo, «o povo que caminhava nas trevas viu uma grande luz; sobre aqueles que habitavam em terra tenebrosa, uma luz refulgiu» (Is 9,1).

Eis o astro que surpreende o mundo, uma centelha recém-acesa e flamejante de vida: «Hoje, na cidade de Davi, nasceu para vós um Salvador, que é Cristo Senhor» (Lc 2,11). No tempo e no espaço, ali onde nós estamos, vem Aquele sem o qual nunca teríamos existido. Vive conosco Aquele que por nós dá a sua vida, iluminando com a salvação a nossa noite. Não existe treva que esta estrela não clareie, pois à sua luz a humanidade inteira vê a aurora de uma existência nova e eterna.

É o Natal de Jesus, o Emanuel. No Filho feito homem, Deus não nos doa algo, mas a Si mesmo, «para nos resgatar de toda iniquidade e formar para si um povo puro» (Tt 2,14). Nasce na noite Aquele que da noite nos resgata: o rastro do dia que amanhece não deve mais ser procurado longe, nos espaços siderais, mas baixando a cabeça, na estrebaria ao lado.

O sinal claro dado ao mundo escuro é, de fato, «um menino envolto em panos, deitado numa manjedoura» (Lc 2,12). Para encontrar o Salvador, não é preciso olhar para cima, mas contemplar para baixo: a onipotência de Deus refulge na impotência de um recém-nascido; a eloquência do Verbo eterno ressoa no primeiro choro de um infante; a santidade do Espírito brilha naquele corpinho recém-lavado e envolto em panos. É divino o desejo de cuidado e de calor, que o Filho do Pai compartilha na história com todos os seus irmãos. A luz divina que se irradia deste Menino nos ajuda a ver o homem em cada vida que nasce.

Para iluminar a nossa cegueira, o Senhor quis revelar-se como homem ao homem, sua verdadeira imagem, segundo um projeto de amor iniciado com a criação do mundo. Enquanto a noite do erro obscurece esta providencial verdade, então «não há sequer espaço para os outros, para as crianças, para os pobres, para os estrangeiros» (Bento XVI, Homilia na noite de Natal, 24 de dezembro de 2012). Tão atuais, as palavras do Papa Bento XVI nos lembram que na terra não há espaço para Deus se não há espaço para o homem: não acolher um significa não acolher o outro. Em vez disso, onde há lugar para o homem, há lugar para Deus: então um estábulo pode tornar-se mais sagrado que um templo e o ventre da Virgem Maria é a arca da nova aliança.

Admiramos, caríssimos, a sabedoria do Natal. No menino Jesus, Deus dá ao mundo uma vida nova: a sua, para todos. Não uma ideia resolutiva para cada problema, mas uma história de amor que nos envolve. Diante das expectativas dos povos, Ele envia um infante, para que seja palavra de esperança; diante da dor dos miseráveis, Ele envia um inerme, para que seja força para se reerguer; diante da violência e da opressão, Ele acende uma luz gentil que ilumina com a salvação todos os filhos deste mundo. Como notava Santo Agostinho, «a soberba humana te esmagou tanto que somente a humildade divina podia te levantar» (Sermo in Natale Domini 188, III, 3). Sim, enquanto uma economia distorcida induz a tratar os homens como mercadoria, Deus se faz semelhante a nós, revelando a infinita dignidade de cada pessoa. Enquanto o homem quer se tornar Deus para dominar sobre o próximo, Deus quer se tornar homem para nos libertar de toda escravidão. Este amor nos bastará para mudar a nossa história?

A resposta vem assim que despertamos, como os pastores, de uma noite mortal para a luz da vida nascente, contemplando o menino Jesus. Acima do estábulo de Belém, onde Maria e José, cheios de espanto, vigiam o Recém-nascido, o céu estrelado torna-se «uma multidão do exército celeste» (Lc 2,13). São fileiras desarmadas e desarmantes, porque cantam a glória de Deus, da qual a paz é manifestação na terra (cfr v. 14): no coração de Cristo, de fato, palpita o laço que une no amor o céu e a terra, o Criador e as criaturas.

Por isso, exatamente um ano atrás, o Papa Francisco afirmava que o Natal de Jesus reaviva em nós «o dom e o compromisso de levar esperança onde ela foi perdida», porque «com Ele floresce a alegria, com Ele a vida muda, com Ele a esperança não desilude» (Homilia na noite de Natal, 24 de dezembro de 2024). Com estas palavras começava o Ano Santo. Agora que o Jubileu se encaminha para o seu cumprimento, o Natal é para nós tempo de gratidão e de missão. Gratidão pelo dom recebido, missão para testemunhá-lo ao mundo. Como canta o Salmista: «Anunciai de dia em dia a sua salvação. / No meio das nações narrai a sua glória, / a todos os povos contai as suas maravilhas» (Sl 96,2-3).

Irmãs e irmãos, a contemplação do Verbo feito carne suscita em toda a Igreja uma palavra nova e verdadeira: proclamemos então a alegria do Natal, que é festa da fé, da caridade e da esperança. É festa da fé, porque Deus se faz homem, nascendo da Virgem. É festa da caridade, porque o dom do Filho redentor se realiza na dedicação fraterna. É festa da esperança, porque o menino Jesus a acende em nós, fazendo-nos mensageiros da paz. Com estas virtudes no coração, sem temer a noite, podemos ir ao encontro da alvorada do novo dia“.

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