por Osvaldo Lucas da Silva Figueiredo / Ministro extraordinário da Palavra
da Paróquia Santo Antônio de Alenquer / Diocese de Óbidos
Na noite desta quinta-feira (3/7), a Diocese de Óbidos, através da Igreja de São Cristóvão, em Alenquer (PA), acolheu a relíquia contendo o dedo mínimo de Santo Arnaldo Janssen, fundador da Congregação do Verbo Divino (SVD), em uma celebração que ecoou o próprio carisma do santo alemão “levar o Evangelho aos confins da terra”.
A relíquia está em peregrinação pelas dioceses amazônicas – Arquidiocese de Santarém, Prelazia de Itaituba, Diocese de Macapá e Diocese de Óbidos – e revela a continuidade viva do sonho missionário de Janssen, há mais de um século, quando fundou em Steyl sua primeira casa missionária, o santo profetizava “o Senhor desafia a nossa fé e incentiva-nos a fazer algo novo, precisamente quando tantas coisas implodem na Igreja”. Hoje, na vastidão verde da Amazônia, essa profecia se cumpre através dos padres verbítas que, como sementes lançadas ao vento do Espírito, germinam esperança nas comunidades ribeirinhas.
A Santa Missa foi presidida pelo padre Tej Kumar, SVD, pároco interino da Paróquia Santo Antônio de Alenquer. Em sua homilia, o missionário indiano teceu um paralelo comovente entre sua própria jornada das terras distantes da Índia até o coração da Amazônia e a trajetória de São José Freinademetz, primeiro missionário verbíta enviado à China. Como o santo suíço que descobriu na língua do amor a única tradução verdadeiramente universal, Padre Tej encontrou na caridade pastoral o idioma que une corações além das fronteiras culturais.
“Onde há um padre verbíta, sempre há amigos do Verbo Divino”, recordou o pároco, evocando a família espiritual que se forma ao redor da missão. Leigos que se tornam filhos, irmãos, pais adotivos, uma fraternidade que transcende os laços de sangue e se enraíza no Amor primeiro.
A relíquia atravessou as águas amazônicas nas mãos de Elza Gama, leiga e membro dos Amigos do Verbo da Amazônia. Sua jornada de Santarém a Alenquer simboliza a própria essência da vocação missionária, o cuidado reverente com o sagrado, a coragem de atravessar distâncias por amor ao Evangelho, e a alegria de ser instrumento da Providência. Apaixonada pela congregação verbíta, ela carregou consigo não apenas uma relíquia, mas o testemunho vivo de que a santidade se propaga através de mãos humanas dispostas a servir.
Ao chegar em Alenquer, foi acolhida pelos Amigos do Verbo da Amazônia, que junto ao pároco escoltaram a relíquia até a igreja de São Cristóvão. Neste gesto simples e solene, reviveu-se o espírito das primeiras comunidades cristãs, onde cada membro se sabia corresponsável pela transmissão da fé.
A presença da relíquia de Santo Arnaldo Janssen na Amazônia não é apenas uma visita, mas um diálogo entre épocas: o século XIX alemão e o século XXI amazônico, unidos pelo mesmo ardor missionário. Como escreveu o próprio fundador “A obra não é minha, mas de Deus. Ele planta a vinha; nós somos colaboradores”.
Para o pároco padre Tej Kumar missionário do Verbo Divino, da Congregação do Verbo Divino conta um pouco da história do fundador da congregação e da importância da peregrinação da relíquia. “Nosso fundador, Santo Arnaldo Janssen, estabeleceu nossa congregação há 150 anos. Neste ano, somos agraciados com a oportunidade de comemorar este sesquicentenário da fundação, o nascimento de nossa congregação missionária.
A relíquia de nosso fundador, Santo Arnaldo Janssen, está peregrinando pelas missões e paróquias verbítas. Chegou no dia 1º de julho aqui em nossa paróquia Santo Antônio de Alenquer, no Pará. Estamos refletindo sobre a vida de Santo Arnaldo Janssen, conhecendo quem foi este grande missionário, compreendendo nossa congregação e nossos quatro pilares fundamentais de trabalho e carisma.
Neste momento especial, compartilhamos com o povo em geral a história de 27 anos de nossa presença aqui em Alenquer, revelando nossa identidade e nosso carisma missionário. É também uma oportunidade para conhecer profundamente quem foi Santo Arnaldo Janssen em sua vida extraordinária, bem como nosso primeiro missionário enviado à China, São José Freinademetz. Nosso distrito de Óbidos e Alenquer pertence ao distrito São José Freinademetz, tendo-o como padroeiro celestial. Neste momento de alegria, como eu, que há pouco tempo estou aqui no Brasil – apenas seis anos -, nossa presença no Brasil completa 135 anos, aqui na região amazônica são 45 anos, e em Alenquer, 27 anos de serviço pastoral.
Esta é uma oportunidade única para todos nós, um momento de alegria, um momento de júbilo sagrado, e nos alegramos juntos com o povo ao qual dedicamos nossa missão. Desejo a todos vocês uma festa abençoada pelos 150 anos de nossa congregação e tudo de bom em seus corações.
Que Deus nos abençoe em nossa missão evangelizadora. Viva Deus, uno e trino, em nossos corações e também nos corações de toda a humanidade”, disse padre Tej Kumar.
Para a leiga Elza Gama, a peregrinação com a relíquia do Santo Arnaldo Janssen, foi uma benção “foi um prazer imenso poder chegar até lá, em Santarém, e trazer a relíquia nesta terça-feira, 1º de julho. Fui até Santarém buscar a relíquia e a trouxe com muito amor, com muito carinho, porque ele é o fundador da Congregação do Verbo Divino, e nós somos Amigos do Verbo Divino da Amazônia. Para mim, foi uma satisfação imensa, uma benção, poder participar deste momento tão festivo e alegre com Santo Arnaldo Janssen, porque ele está aqui, junto de nós, rezando conosco e participando conosco desta celebração”, disse Elza.
Assim, na confluência das águas amazônicas com o espírito missionário de Santo Arnaldo Janssen, a comunidade de Alenquer testemunha que a santidade não conhece fronteiras geográficas nem temporais. A relíquia que peregrina pelas comunidades ribeirinhas carrega consigo o mesmo ardor evangelizador que, há 150 anos, impulsionou um padre alemão a sonhar com missões nos confins da terra.
Neste dia, nas vozes do Padre Tej Kumar, de Elza Gama e de tantos Amigos do Verbo na Amazônia, ecoa a mesma certeza de que onde há corações abertos ao Evangelho, ali se manifesta a presença do Deus vivo. A Amazônia, com sua vastidão e diversidade, torna-se assim não apenas destino missionário, mas sacramento da universalidade do amor divino – lembrando-nos que cada comunidade, por mais distante que pareça, é centro irradiador da Boa Nova. O sesquicentenário da Congregação do Verbo Divino celebrado nestas terras amazônicas nos convida a reconhecer que a missão continua, que o Verbo se faz carne em cada gesto de amor, em cada palavra de esperança, em cada mão estendida ao próximo.