
por Vívian Marler / Assessora de Comunicação do Regional Norte 2 da CNBB
Em um Angelus marcante no II Domingo do Advento, o Papa Leão XIV dirigiu-se aos fiéis na Praça São Pedro, convidando-os a um despertar espiritual imediato, ecoando o chamado severo, mas esperançoso, de João Batista: «Arrependei-vos, porque o Reino dos Céus está próximo!». O discurso papal estabeleceu um contraste entre o poder mundano e a chegada do Reino, que se manifesta na mansidão.
O Rebento da Esperança
O Santo Padre utilizou a imagem do profeta Isaías — um rebento brotando de um tronco aparentemente morto — para ilustrar como o Reino de Deus se manifesta em Jesus Cristo, não através da força, mas da novidade e da misericórdia. O Papa fez uma analogia direta com a história da Igreja, mencionando o Concílio Vaticano II, concluído há sessenta anos, como um evento que demonstrou como o impossível se realiza quando se caminha em direção ao Reino. Tais momentos, segundo ele, permitem que o improvável aconteça, simbolizado pela visão de Isaías de que “o lobo viverá com o cordeiro”.
Lições de Viagem: Paz em Meio ao Conflito
A reflexão sobre a esperança foi complementada por um relato vívido de sua recente viagem apostólica à Turquia e ao Líbano.
Na Turquia, o Papa destacou o encontro em Iznik (antiga Niceia) com o Patriarca Ecumênico Bartolomeu, marcando os 60 anos da revogação mútua das excomunhões. Ele ressaltou que a comunidade católica local testemunha o Evangelho do amor através do “diálogo paciente e do serviço a quem sofre”.
No Líbano, o Pontífice descreveu o país como um “mosaico de convivência”. Ele se disse confortado pelos testemunhos de quem anuncia o Evangelho acolhendo desalojados e visitando os encarcerados. Um momento particularmente comovente foi o encontro com familiares das vítimas da explosão no porto de Beirute, cujos membros, apesar de tudo, o confortaram com sua fé.
Chamado Final
O Papa Leão XIV concluiu sua mensagem com uma nota de otimismo concreto, fundamental para a espiritualidade do Advento: “A paz é possível!”. Ele exortou os fiéis a serem pequenas luzes, acolhendo Jesus como o “Sol que nasce”, e a aprenderem com Maria, a mulher da espera confiante.
ANGELUS
Praça São Pedro
II Domingo do Advento, 7 de dezembro de 2025
Caros irmãos e irmãs, boa domingo!
O Evangelho deste segundo domingo do Advento anuncia-nos a vinda do Reino de Deus (cf. Mt 3,1-12). Antes de Jesus, surge no palco o seu Precursor, João Batista. Ele pregava no deserto da Judeia dizendo: «Arrependei-vos, porque o Reino dos Céus está próximo!» (Mt 3,1).
Na oração do “Pai Nosso”, pedimos todos os dias: «Venha o teu Reino». O próprio Jesus nos ensinou. E com esta invocação orientamo-nos para o Novo que Deus tem reservado para nós, reconhecendo que o curso da história não está já escrito pelos poderosos deste mundo. Dedicamos pensamentos e energias ao serviço de um Deus que vem reinar não para nos dominar, mas para nos libertar. É um “evangelho”: uma verdadeira boa notícia, que nos motiva e nos envolve.
Certamente, o tom do Batista é severo, mas o povo o escuta porque nas suas palavras sente ressoar o apelo de Deus para não brincar com a vida, para aproveitar o momento presente para se preparar para o encontro com Aquele que julga com base nas obras e nas intenções do coração, e não segundo as aparências.
O próprio João ficará surpreendido pela forma como o Reino de Deus se manifestará em Jesus Cristo, na mansidão e na misericórdia. O profeta Isaías compara-o a um rebento: uma imagem não de poder ou de destruição, mas de nascimento e de novidade. Sobre o rebento que brota de um tronco aparentemente morto, começa a soprar o Espírito Santo com os seus dons (cf. Is 11,1-10). Cada um de nós pode pensar numa surpresa semelhante que lhe tenha acontecido na vida.
É a experiência que a Igreja viveu com o Concílio Vaticano II, que se concluiu precisamente há sessenta anos: uma experiência que se renova quando caminhamos juntos em direção ao Reino de Deus, todos empenhados em acolhê-lo e servi-lo. Então não só brotam realidades que pareciam fracas ou marginais, mas realiza-se aquilo que humanamente se teria dito impossível. Com as imagens do profeta: «O lobo viverá com o cordeiro; o leopardo repousará ao lado do cabrito; o bezerro e o leãozinho pastarão juntos e um menino pequeno os guiará» (Is 11,6).
Irmãs e irmãos, como o mundo precisa desta esperança! Nada é impossível para Deus. Preparemo-nos para o seu Reino, façamos-lhe espaço. O “mais pequeno”, Jesus de Nazaré, guiar-nos-á. Ele, que se pôs nas nossas mãos, desde a noite do seu nascimento até à hora escura da morte na cruz, resplandece na nossa história como Sol que nasce. Um novo dia começou: despertemos e caminhemos na sua luz!
Eis a espiritualidade do Advento, tão luminosa e concreta. Os enfeites de luz ao longo das estradas lembrem-nos que cada um de nós pode ser uma pequena luz, se acolhe Jesus, rebento de um mundo novo. Aprendamos a fazê-lo de Maria, nossa Mãe, mulher da espera confiante e da esperança.
Depois do Angelus
Caros irmãos e irmãs!
Há poucos dias regressei da minha primeira viagem apostólica, à Turquia e ao Líbano. Com o amado irmão Bartolomeu, Patriarca Ecuménico de Constantinopla, e os Representantes de outras confissões cristãs, encontrámo-nos para rezar juntos em Iznik, a antiga Niceia, onde há 1700 anos se realizou o primeiro Concílio Ecuménico. Precisamente hoje assinala-se o 60º aniversário da Declaração Comum entre Paulo VI e o Patriarca Atenágoras, que pôs fim às excomunhões recíprocas. Agradeçamos a Deus e renovemos o compromisso no caminho para a plena unidade visível de todos os cristãos. Na Turquia tive a alegria de encontrar a comunidade católica: através do diálogo paciente e do serviço a quem sofre, ela testemunha o Evangelho do amor e a lógica de Deus que se manifesta na pequenez.
O Líbano continua a ser um mosaico de convivência e confortei-me ao escutar tantos testemunhos nesse sentido. Encontrei pessoas que anunciam o Evangelho acolhendo os desalojados, visitando os encarcerados, partilhando o pão com quem está na necessidade. Fiquei confortado ao ver tanta gente na rua a saudar-me e comoveu-me o encontro com os familiares das vítimas da explosão no porto de Beirute. Os libaneses esperavam uma palavra e uma presença de consolação, mas foram eles que me confortaram com a sua fé e o seu entusiasmo! Agradeço a todos os que me acompanharam com a oração. Caros irmãos e irmãs, o que aconteceu nos últimos dias na Turquia e no Líbano ensina-nos que a paz é possível e que os cristãos em diálogo com homens e mulheres de outras fés e culturas podem contribuir para a construir. Não o esqueçamos: a paz é possível!
Estou próximo dos povos do Sul e do Sudeste asiáticos, duramente provados pelos recentes desastres naturais. Rezo pelas vítimas, pelas famílias que choram os seus entes queridos e por quantos prestam socorro. Exorto a comunidade internacional e todas as pessoas de boa vontade a apoiar com gestos de solidariedade os irmãos e irmãs dessas regiões.
Saúdo com afeto todos vós, romanos e peregrinos. Saúdo todos os que vieram de outras partes do mundo, em particular os fiéis peruanos de Pisco, Cusco e Lima; os polacos, recordando também o Dia de oração e ajuda material à Igreja do Leste; e também o grupo de estudantes portugueses.
Saúdo depois os grupos paroquiais de Lentiai, Manerbio, Santa Cesarea Terme, Cerfignano, Roverchiara e Roverchiaretta; os jovens de Marostica e Pianezze, os crismandos de Cavaion Veronese, os jovens do Oratório de Mezzocorona, o grupo de ministrantes de Bolonha e os sócios da Mútua Madonna del Grano.
Desejo a todos um bom domingo e um bom caminho de Advento”.
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