por Vívian Marler / Assessora de Comunicação do Regional Norte 2 da CNBB
fotos CEAMA

Em carta denominada ‘CEAMA, un signo de esperanza – A cinco años del Sínodo de la Amazonía’ os bispos da Amazônia reafirmam o compromisso com a Sinodalidade e a Ecologia Integral.

Em encontro realizado em Bogotá, na Colômbia, de 17 a 21/8, os membros da CEAMA – Conferência Eclesial da Amazônia, reafirmaram seu compromisso com a evangelização, a justiça social e o cuidado da Casa Comum, inspirados pelo Sínodo da Amazônia e pela Exortação Apostólica Querida Amazônia.

Bispos destacaram avanços na escuta, articulação diocesana e formação, reconhecendo resistências ao modelo de Igreja sinodal e com rosto amazônico.

Os bispos da Amazônia refletiram sobre os cinco anos do Sínodo da Amazônia, identificando avanços e desafios na implementação de uma Igreja sinodal e engajada com as questões da região. Os participantes reafirmaram a importância da ecologia integral, da defesa do território e dos direitos dos povos originários, reconhecendo a necessidade de superar resistências ao novo modelo de Igreja.

O encontro destacou o compromisso da Igreja com a evangelização, a justiça social e o cuidado da Casa Comum, em resposta aos clamores da Amazônia e de seus povos. Os bispos se comprometeram a fortalecer a CEAMA como espaço de comunhão, discernimento e missão.

No documento apresentado, ontem (21), ao final do encontro os bispos afirmam “Como Igreja sinodal, demos passos significativos na escuta, na articulação das dioceses, na revitalização dos Conselhos, nos planos pastorais e na formação teológica, espiritual, ministerial e pastoral que busca responder aos sinais dos tempos”.

Leia o documento na integra, com tradução livre do espanhol, abaixo.

“CEAMA, um sinal de esperança – A cinco anos do Sínodo da Amazônia

1. Com alegria e gratidão como peregrinos da esperança, nós, os bispos, membros da Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA), reunimo-nos de 17 a 20 de agosto de 2025 na sede do CELAM em Bogotá. Em comunhão fraterna e conduzidos pelo Espírito Santo, dispusemo-nos a escutar e identificar os processos que, inspirados pelo Sínodo da Amazônia e pela Exortação Apostólica Querida Amazônia, nos permitiram reconhecer nossos avanços, resistências, desafios e esperanças.

2. Como Igreja sinodal, demos passos significativos na escuta, na articulação das dioceses, na revitalização dos Conselhos, nos planos pastorais e na formação teológica, espiritual, ministerial e pastoral que busca responder aos sinais dos tempos. Apreciamos uma maior consciência em relação à ecologia integral, ao bioma, à defesa do território e aos direitos de seus habitantes, particularmente dos povos originários.

3. Valorizamos com sinceridade o processo realizado até o presente. Ao mesmo tempo, reconhecemos com humildade e honestidade certas resistências que vemos traduzidas em medos persistentes à mudança para uma Igreja sinodal e com rosto amazônico e que se manifestam na falta de discernimento, na permanência de clericalismo em alguns setores do clero, da Vida Consagrada e dos leigos e leigas; mostram-se também em pouco espírito missionário e na falta de disposição e audácia para ir às periferias.

4. Como Igreja Pan-Amazônica, agradecemos ao Papa Leão XIV sua mensagem a nós, os bispos reunidos, e nos comprometemos a continuar respondendo em nossa labor pastoral às três dimensões interconectadas na região que ele nos indica: “A missão da Igreja de anunciar o Evangelho a todos os homens (cfr. AG 1), o trato justo aos povos que ali habitam e o cuidado da Casa comum.” No campo da evangelização como pastores, membros da CEAMA, sentimo-nos desafiados a ser instrumentos de comunhão, comunicação e sinodalidade; da mesma forma, a gerar algumas linhas pastorais que sejam aplicáveis de acordo com a realidade que vive cada jurisdição eclesiástica na Amazônia. Como bispos, sentimo-nos chamados a crescer no espírito profético que sempre deve caracterizar a Igreja. Neste ambiente de discernimento, o Espírito de Deus nos impulsiona a uma mudança paradigmática, ou seja, passar de um modelo de Igreja marcado pelo clericalismo a uma eclesialidade sinodal.

5. A Amazônia como território de sacrifício nos compromete a ser pastores que escutam e compartilham com sensibilidade empática as culturas e as espiritualidades dos povos que a habitam. Fazemos memória de que somos terra (cfr. LS 2) e que esta clama pelo dano que lhe causamos. Este trato irresponsável e irrespeitoso que temos dado à terra tem gerado a crise climática. Em resposta a esta crise, renovamos nosso compromisso com a ecologia integral e o cuidado da casa comum. Queremos ser uma Igreja com coração amazônico, que caminhe com suas comunidades, que aprenda da sabedoria ancestral dos povos indígenas e que se deixe interpelar por seus clamores e por seus sonhos. A Amazônia não é uma terra vazia para explorar; é uma terra habitada, amada e cuidada desde gerações, e é lar da presença de Deus.

6. Caminhamos juntos nesta missão, como pastores e povo, cuidando de nossos fiéis e sendo cuidados por eles. Não estamos por cima nem à parte, senão ao lado, compartilhando as alegrias e os sofrimentos de nossas comunidades, aprendendo de sua fé singela e de seu testemunho de vida, deixando-nos sustentar também por sua proximidade e sua oração.

7. O fruto de nosso encontro confirma também nossa pertença à Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA), que reconhecemos como um espaço privilegiado de comunhão, discernimento e missão. Comprometemo-nos a fazê-la crescer, fortalecer-se e consolidar-se, para que seja oportunidade de serviço e renovação para cada comunidade cristã da região, e um sinal de esperança para toda a Igreja.
8. Finalmente, confiamos este compromisso à intercessão de Maria, Mãe da Amazônia, que sempre caminha com seus filhos nos momentos de luz e de cruz.

Bogotá, 20 de agosto de 2025

Os bispos da Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA)

 

 

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