por Dom Vital Corbellini
Bispo da Diocese de Marabá
Deus criou todas as coisas com sabedoria e com amor. As suas palavras foram determinantes pois elas executaram o que elas proferiam da boca do Senhor. A Campanha da Fraternidade 2025, pelo seu lema, ressalta a importância da criação que tão bem saiu das mãos de Deus em vista da sua glória e do bem estar de todos os seres vivos, vegetais, animais e humanos. A seguir veremos como Santo Agostinho colocou as ações divinas que corresponderam às ordens dadas.
O Espírito de Deus pairava sobre as águas (Gn 1,2)
Esta passagem foi uma bela menção a respeito da criação primitiva, porque Deus com o seu Espírito pairava sobre as águas. Santo Agostinho afirmou que Deus criou com amor e com grande benevolência ao mencionar o Espírito que pairava sobre as águas. A passagem escriturística dizia respeito que o Espírito não pairava sobre um determinado lugar, mas excedendo a tudo e sobrepujando a todas as coisas pelo seu poder[1].
A criação do ser humano: “Façamos”
Santo Agostinho disse que só para o ser humano disse Deus: `Façamos`, no plural. Enquanto nas outras criaturas Deus disse: Faça-se, mas para o ser humano foi dito uma forma diferente: “Façamos o homem à nossa Imagem e semelhança” (Gn 1,26), tendo presente a pluralidade das pessoas divinas, o Pai e o Filho e o Espírito Santo[2]. Deus fez o ser humano à sua imagem, significando a Unidade divina e também às Pessoas, a nossa imagem: Pai e Filho e Espírito Santo, devido a esta Trindade porque a Escritura disse: à imagem de Deus, para entender um só Deus[3].
Participante da sabedoria divina
O bispo de Hipona afirmou que o ser humano foi feito participante da Sabedoria de Deus, eterna e incomunicável, mas revelada em Jesus Cristo, o Verbo de Deus. Ele foi criado no conhecimento do Verbo para ele se converter nas coisas criadas. Tudo foi feito por Deus em seu Verbo divino, Jesus[4].
O alimento proporcionado ao ser humano
Deus quis ao ser humano que fosse proporcionado os alimentos através das árvores frutíferas e de animais. O Senhor previu também a continuidade das gerações de modo que disse o Senhor: “Crescei e multiplicai-vos, enchei a terra” (Gn 1,22). O bispo de Hipona teve presentes as gerações humanas onde nascem os filhos, as filhas por um amor entre os pais, e de uma forma sucessiva os filhos e as filhas, e tornando-se responsáveis pela família, continuam as gerações, de modo que a terra vai se enchendo de seres humanos[5]. É necessário os alimentos com os quais se restauram as forças, dados para os corpos mortais[6].
Deus viu que tudo era muito bom (Gn 1,31)
Santo Agostinho disse que estas palavras do Senhor Deus foram ditas após a criação do ser humano, fator que não foi dito antes, mas após Ele ter dado o poder tanto para dominar como para comer, acrescentou a respeito de todas as obras: “Deus viu que tudo era muito bom” (Gn 1,31)[7]. O fato foi a criação dada nos seis dias de modo que ao concluí-la sendo perfeitas, Deus disse que tudo era muito bom e não em particular. Ele disse não em particular ao ser humano, mas junto com os outros seres, porque as criaturas criadas por Deus, em conjunto, eram muito boas[8].
O conjunto do corpo
O bispo de Hipona disse a beleza do particular forma o corpo inteiro, Se cada membro em particular é belo, na estrutura de todo o corpo, são todos muito mais belos. O olho que é de aspecto agradável e é apreciado se o víssemos separado do ser humano nós diríamos que é belo quando colocado junto aos outros membros, uma vez que seria observado no seu lugar no corpo inteiro. Da mesma formar o ser humano e os demais seres foi dito por Deus no seu conjunto que tudo era muito bom. Deus é o Criador e é perfeitíssimo das naturezas criou tudo bem, para o ser humano e para todos os seres vivos. Sendo que o ser humano pecou, no entanto o universo é belo[9], bonito, pois Deus criou tudo com amor e de uma forma bonita e depois o recriou pelo seu Filho, Jesus Cristo, pelo mistério de sua encarnação, paixão, morte e ressurreição.
[1] Cfr. Comentário ao Gênesis, Livro I, VII, 13. In: Santo Agostinho. São Paulo: Paulus,2005, pgs. 25-26.
[2] Cfr. Idem, Livro III, cap. XIX, 29, pgs. 107-108.
[3] Cfr. Ibidem, pg. 108.
[4] Cfr. Ibidem, 31, pg. 109.
[5] Cfr. Ibidem, 33, pgs. 110-111.
[6] Cfr. Ibidem, 33, pg. 111.
[7] Cfr. Ibidem, 36, pg. 114.
[8] Cfr. Ibidem, 36-37, pgs. 114-115.
[9] Cfr.Ibidem, 37, pg. 115.