por Dom Paulo Andreolli, SX
Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Belém

Caros leitores, neste domingo, vivenciamos com alegria a Solenidade da Assunção de Nossa Senhora. Convido vocês a refletirem, nesta edição, sobre nosso perfeito modelo de vocação. E para me acompanhar nesta conversa dominical, conto com a contribuição da professora Sylvia Calandrini, licenciada em Letras e paroquiana da Paróquia Santa Luzia (Jurunas).

No coração da Igreja, Maria é modelo de vocação. Sua vida, elevada ao Céu em corpo e alma, aponta para o destino último de todo cristão: a comunhão plena com Deus. Na Solenidade da Assunção, a liturgia nos convida a contemplar a Mãe do Senhor como ícone da fé vivida entre a escuta e o serviço, entre o silêncio orante e a disponibilidade missionária.

O Evangelho proclamado neste domingo (Lc 1,39-56) narra a Visitação de Maria a Isabel – um encontro de vidas fecundadas pela graça. Maria, recém-tornada Mãe pela ação do Espírito Santo, não se isola em sua experiência mística. Ao contrário, põe-se a caminho “apressadamente” para servir. Nessa atitude, revela-se o dinamismo da verdadeira vocação cristã: acolher Deus na interioridade e anunciá-lo com gestos concretos.

Na casa de Isabel, Maria canta o Magnificat – oração que brota do mais íntimo da alma contemplativa. Suas palavras revelam uma mulher atenta aos sinais de Deus na história, capaz de ler o mundo com os olhos da fé. Ao louvar o Senhor por derrubar os poderosos e exaltar os humildes, Maria não apenas proclama um cântico, mas expressa uma espiritualidade comprometida com a justiça e a esperança.

A vocação contemplativa, portanto, não é fuga do mundo, mas mergulho na presença de Deus para melhor amá-lo no próximo. Santa Teresa de Lisieux, doutora da Igreja e mestra da vida interior, expressou essa verdade com luminosa simplicidade: “Compreendi que o Amor encerra todas as vocações, que o Amor é tudo, abraça todos os tempos e todos os lugares… numa palavra, que o Amor é eterno!” Sua Pequena Via ensina que toda vida contemplativa é fecundada pelo amor e voltada para a salvação do mundo.

Ao mesmo tempo, Maria ensina o valor do apostolado, da missão que nasce do encontro com Deus. Quem vive da Palavra não consegue retê-la só para si. Apressadamente, como no Evangelho, há de ir ao encontro dos outros, levando consigo a alegria da fé. O Concílio Vaticano II afirma com clareza: “O verdadeiro apóstolo busca as ocasiões de anunciar Cristo por palavras e obras aos que estão longe da fé ou a ela se aproximam” (Apostolicam Actuositatem, 6). Cada cristão é chamado a ser portador de Cristo, como Maria o foi – seja na família, no ambiente de trabalho, na comunidade eclesial ou nas periferias humanas e existenciais.

Neste terceiro domingo de agosto, mês vocacional, louvamos e agradecemos ao Senhor da Messe pela vida consagrada e religiosa. É um chamado especial de Deus a homens e mulheres que, movidos pelo amor a Cristo e ao seu Reino, dedicam-se inteiramente a Ele, ouvindo o chamado “Vem e segue-me”, inspirados pelos carismas de seus fundadores e fundadoras, consagram-se à oração, à vivência comunitária e ao serviço generoso, como Maria fez com Isabel.

Celebrar a Assunção de Maria é, pois, renovar nosso olhar sobre o céu, sem tirar os pés do chão. É reconhecer que o fim último da existência não está aqui, mas que a estrada para o Céu se percorre com passos de caridade. Maria já chegou onde todos somos chamados a chegar. E, enquanto caminha conosco, ensina-nos a escutar, a guardar, a servir e a cantar.

Que esta solenidade nos ajude a redescobrir, com Maria, a beleza da vocação que une contemplação e missão. Que cada cristão, à sua maneira, possa fazer da própria vida um “Magnificat”, um cântico de louvor a Deus que transforma o mundo com a força dos pequenos.

Para concluir, recordamos um trecho desta bonita Oração Vocacional Mariana: Maria, Mulher da ação, faz com que as nossas mãos e os nossos pés se movam apressadamente rumo aos outros, para levar a caridade e o amor do teu Filho Jesus, para levar ao mundo, como tu, a luz do Evangelho. Amém!

Parabéns a todos os(as) Religiosos(as), os(as) Consagrados(as) pelo bonito testemunho de vida doada pela causa do Reino!

 

 

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