por Izabel Costa / Catequista Diocese de Castanhal

Ser catequista da e na Amazônia, estar com os catequistas pelas “Amazônias” bordadas de matas e roçados, concreto e palafitas, casa comum da gente daqui, de perto e de longe… é um constante confirmar desta certeza: somos vocacionados à esperança! Esperança que nos faz sair de nós mesmos e,  mais que ir ao encontro, ir aos “encontros”, “re-encontros” e “des-encontros” a que o Espírito Santo – o grande protagonista da missão – nos impulsiona. Esperança prenhe da certeza de ser alcançados e abarcados pelo amor de Deus, que é AMOR.

É como nos afirma São Paulo na carta aos Romanos “A esperança não decepciona, porque o amor de Deus foi derramado em nosso coração pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Rm 5,5). De fato, esta é nossa vocação, catequistas! E cada um pode – e deve! – não ter nenhum receio de dizer em seu íntimo e também sobre os telhados: “Eu sou catequista da Amazônia! Sou vocacionado à esperança!”

Esperança que se traduz na fecunda atitude de quem espera em Deus, pois sabe que sua missão não depende unicamente de forças e capacidades humanas. Contudo também sabe que nas limitadas forças e capacidades humanas Deus age e realiza seu plano de amor.

Por isso, catequistas, não tenhamos medo de colocarmo-nos genuflexos diante da grandeza de Deus e, como o salmista,  a Ele dirigir nossa sincera e humilde oração: “Grande é o Senhor e muito digno de Louvor, não se pode calcular sua grandeza” (Sl 145,3); colocando nossa pequenez a seu serviço no cuidado dos pequenos, frágeis, invisibilizados e esquecidos de hoje. Afinal, foi o que fez o próprio Filho de Deus.

Atentos aos sinais dos tempos, somos chamados a promover em nossas comunidades uma catequese querigmática, que tem ao centro a pessoa de Jesus Cristo. Capaz de ser e revelar a todos (crentes e não crentes) o rosto de uma Igreja samaritana, que vê, sente compaixão e cuida (cf. Lc 10,25-37). Somente tendo os mesmos sentimentos de Cristo Jesus (cf. Fl 2,5) somos capazes de ver as dores de hoje e permanecer na esperança, pois nela não seremos decepcionados.

Mas que dizer quando vemos crescer a violência contra a obra criada? A terra ferida, o povo ferido… Como apresentar a proposta do Reino de um Deus que é Amor quando parece reinar o desamor?  Sim, catequistas: somos desafiados em nossa esperança! Por isso a Igreja, mãe e mestra, convida-nos a olhar para aqueles que nos precederam – que esperaram contra toda esperança (cf. RM 4,18) e confiaram. Assim também nós sabemos em quem depositamos nossa fé: Jesus Cristo: o Caminho, a Verdade e a Vida.

E esta é a fé que testemunhamos em todos os instantes de nossa vida. É esta fé que nos dedicamos a ensinar.

Pessoalmente falando, é o que vivo intensamente quando estou junto aos catequizandos que acompanho, tecendo qual artesã da fé, fio a fio, ponto a ponto, cada delicadeza da ternura de Deus que vem a nós por amor. E de nós deseja não mais que uma resposta: que amemos.

Como formadora, também é o que apaixonadamente partilho nos encontros com os catequistas nas paróquias – com realidades por vezes tão distintas e desafiadoras, mas que não devem ser motivo para medo nem desânimo… muito pelo contrário! Devem nos impulsionar a ir adiante. Bem sabemos que não estamos sozinhos! O Senhor caminha conosco pelos caminhos de terra e água dessa imensa Amazônia. Seja chão batido ou asfalto e ferrovias, seja na força das marés, das correntezas… Ele sempre esteve, está e estará nos acompanhando na vivência deste tão antigo – e belo! – Ministério de Catequista, edificando na fé a Igreja-povo de Deus!

Com gratidão, louvo a Deus pelo chamado à catequese! Que cada catequista alargue a maloca de seu coração para acolher a todos… todos! Com a ousadia de assumir a evangélica opção preferencial por aqueles com quem o próprio Cristo se identificou (Mt 25,31ss).

Que a Mãe de Deus e Rainha da Amazônia nos ensine a seguir nos passos de seu Filho! Que a Trindade Santa nos abençoe e nos fortaleça em nossa vocação de catequizar e esperançar na querida Amazônia.