
por Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo Metropolitano de Belém
Quem se abre à misericórdia sente muito mais vergonha dos erros cometidos do que o natural acanhamento de abrir o coração ao Confessor, o Sacerdote que recebeu a missão de espalhar misericórdia, no Tribunal da Penitência, cuja sentença, dada a todo pecador sinceramente arrependido, é a absolvição. Muito diferente dos tribunais organizados ou aqueles da opinião pública, ou, quem sabe, os mais tecnológicos, como nas redes sociais!
O resultado de uma experiência sacramental da Penitência a que somos chamados a viver nesta Quaresma é a alegria da vida nova, com a recomendação alegre e exigente de Jesus: “Ninguém te condenou?” Ela respondeu: “Ninguém, Senhor!” Jesus, então, lhe disse: “Eu também não te condeno. Vai, e de agora em diante não peques mais” (Jo 8,11). Tocamos continuamente na realidade da vida eterna, uma qualidade de vida que significa conhecer Jesus e o Pai, já nesta terra, caminhando para a plenitude que será a vida com Deus após a nossa Páscoa pessoal definitiva.
Com toda a confiança, nasce da experiência do perdão e da misericórdia o apostolado da misericórdia. Como o Bom Pastor que corre pelas colinas da vida à procura da ovelha perdida, a missão que recebemos é justamente aquela de praticar o perdão e a misericórdia. Nesta Quaresma, desejamos ir ao encontro de todas as pessoas feridas por nossa culpa pessoal, ou culpas dos outros, da sociedade em que vivemos ou do mundo. Não importa o tamanho das feridas físicas, emocionais, psicológicas ou espirituais, mas importa o compromisso de buscar as pessoas e situações. Um de nós poderá ser a voz da Igreja que conduz uma pessoa pecadora à Reconciliação Sacramental. Alguém poderá ser instrumento de comunhão para pessoas deprimidas e solitárias, e são muitas bem perto de nós, para levar consolação verdadeira, aquela que vem de Cristo. Todos poderemos perdoar-nos mutuamente!
Muitos poderão rever suas casas, gavetas e armários, tomando consciência do supérfluo tantas vezes acumulado, e que pode ser doado a outras pessoas ou instituições. Todos nós poderemos preparar-nos para o grande gesto da Coleta da Solidariedade, na Campanha da Fraternidade (“Todos vós sois irmãos e irmãs!), no Domingo de Ramos, dando testemunho concreto de que desejamos construir um ambiente mais desarmado, com a amizade social que a Igreja propõe como resultado de nossas reflexões quaresmais. A caridade, que cobre uma multidão de pecados, será a expressão mais concreta da misericórdia que recebemos e desejamos compartilhar. Este é um tempo forte e especial da graça. A nenhum de nós é lícito ignorá-lo!
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