por Pascom / Diocese de Abaetetuba
com edição Vívian Marler / Assessora de Comunicação Regional Norte 2 da CNBB

A Diocese de Abaetetuba realizou ontem (10), no Centro de Formação Laranjal, em Abaetetuba (PA), a ‘I Conferência sobre a Proteção de Menores e Pessoas Vulneráveis’, organizado pelo Tribunal Eclesiástico Diocesano. A conferência teve como objetivo ver e ouvir a realidade da exploração, abuso e violências sexuais contra crianças e adolescentes em Abaetetuba, e estabelecer estratégias de ação pastoral, para o enfrentamento dessa realidade tão cruel na sociedade.

O Encontro contou com a participação dos promotores de Justiça de Abaetetuba e Barcarena, Dra. Adriana Passos e Dr. Márcio Maués e do Bispo de Cametá, Dom Ivanildo Oliveira, que durante a manhã fizeram os presentes refletir sobre o enfrentamento das violências contra crianças e adolescentes e o papel da Igreja diante dessa realidade.

O promotor Dr. Márcio Maués falou da importância da Igreja no trabalho conjunto com a promotoria de Abaetetuba “poder dividir com a Igreja essa força tarefa, essa missão difícil de proteção de nossas crianças e adolescentes, um trabalho que realizamos de mãos dadas, o sentimento que temos é que conseguimos realizar esta tarefa que nos deixa fortalecidos. Essa tarefa é uma esperança de que tenhamos resultados cada vez melhores. Nessa temática, o papel da Igreja é fundamental nesse processo de conscientização desse enfrentamento. Essa é a primeira vez que participo de um encontro como este na diocese, mas tenho notícias de que é feito um trabalho muito inovador, muito bom, muito interessante em outras localidades do estado e eu recomendo”, disse Dr. Márcio, muito esperançoso de que o trabalho irá fluir cada vez mais.

Dra. Adriana Passos, promotora da infância no município de Abaetetuba, terminou sua palestra muito emocionada com a possibilidade de cada vez mais poder ter o apoio eclesial junto aos trabalhos de combate a um crime tão sério e grave que é a violência contra criança, como toda forma de abuso. “Em dezesseis anos de ministério, esta foi a primeira vez que participei de uma conferência para tratar de um tema tão sensível para a sociedade que foi falar sobre enfrentamento à violência contra criança, principalmente o abuso sexual dentro da Igreja. É um avanço muito grande, porque a Igreja tem esse grande poder, tem essa grande capilaridade, está em muitos lugares onde nós, como Ministério Público, não estamos. Então, dialogar, trazer um pouco da nossa experiência, enquanto ministério aos representantes da Igreja reforça ainda mais e aumenta a credibilidade da rede de proteção. O nosso trabalho junto ao Plano Municipal de Enfrentamento à Violência contra Crianças e Adolescentes tem ajudado muito na identificação de uma criança vítima de violência, seja em uma escola, seja no curso saúde, seja em uma igreja, saberemos para onde caminhar aquela criança, para fazer os procedimentos corretos e evitar a sua vitimização”, disse a promotora.

Formado em Direito Canônico, Dom Ivanildo Oliveira, bispo da Diocese de Cametá, comparou a passagem de vinte anos dos assuntos estudados até os dias atuais “pense que há vinte anos, quando se falava ou se estudava o Direito Canônico, ou então se dizia fulano de tal no seminário foi escolhido para estudar Direito Canônico, só se pensava em estudar para defender a escolas tradicionais, não se cuidava de outro assunto. Hoje os assuntos que trabalhamos são outros, mais delicados, de grande relevo nas questões sociais. Esses são os temas dos assuntos que vem no tribunal Canônico da Diocese. Nos faz perceber como a Igreja tem uma riqueza de bens e graças que nós não conhecemos”, contou Dom Ivanildo.

A tarde, o teor da reflexão foi a ação pastoral, reconhecendo os espaços, realizações e avanços da diocese na participação nos Sistemas de Garantia de Direitos nos municípios, seja no Conselho Municipal dos direitos da criança e adolescente – CMDCA ou no processo de Escolha dos Conselheiros Tutelares, bem como as diversas ações das Paróquias realizadas em seus territórios.

Raylson Tavares, presidente do CMDCA, fez os presentes refletirem sobre as atitudes e práticas que a Igreja Católica realiza há anos, contra a exploração e abuso sexual de crianças e adolescentes “a Igreja católica trabalha com equipes que  possuem uma sensibilidade muito maior, tem equipes próprias nas paróquias que realizam uma escuta especializada, transformando o local, em um ambiente acolhedor, um ambiente que já é seguro, mais favorável para que essas pessoas possam, assim olhar para novos horizontes. A Igreja vai ter um papel fundamental na mitigação desses danos, dessas crianças e adolescentes e pessoas vulneráveis que sofreram violações hoje, mas que sofreram também um ganho de valor”, disse o presidente do Conselho Municipal.

O coordenador da Conferência, Padre Idaltino Prazeres, vigário judicial contou como surgiu a ideia de realizar a conferência “a Conferência nasceu do desejo da Comissão Diocesana formada pelo nosso Bispo Dom José Maria, que desejava realizar um processo de escuta para prevenção de casos de abusos sexuais, presente em tantas famílias, em tantas realidades, desde nossos oito municípios que compõem nossa Diocese de Abaetetuba, que tem em aproximadamente 580.000 habitantes, com uma área vasta de muitas pessoas contemplando praticamente 120.000 crianças e adolescentes. Para a gente poder entender como a Igreja é capaz de olhar para toda essa realidade, com um olhar de muito amor para essas crianças e adolescentes e pessoas vulneráveis que merecem a nossa atenção, merecem o nosso apoio”.

Na parte final, foi refletido a partir das regiões, propostas de ações concretas a seguir a partir de Conferência. Dom José Maria Chaves dos Reis, Bispo da Diocese de Abaetetuba encerrou o encontro, agradecendo a presença de todos, bem como ao Vigário Judicial, Padre Idaltino Prazeres, pela organização da I Conferência.