redação Vívian Marler / Assessora de Comunicação do Regional Norte 2 da CNBB
com informações de Mauro Nayan / SedCom da Diocese de Óbidos

De 31 de março a 3 de abril o clero da Diocese de Óbidos reuniu-se, na Curia diocesana, para participar do seu retiro anual, que foi pregado pela Irmã Maria Inês Vieira Ribeiro, ex-presidente do Conselho das Religiosas do Brasil – CRB e Consultora do Dicastério para a Vida Consagrada.

O retiro anual, além de ser uma obrigação canônica (está previsto pelo Código de Direito Canônico, cânon 276 § 2 4º), é também uma oportunidade para o crescimento espiritual dos presbíteros e para reforçar a unidade com seu bispo, favorecendo a reflexão, o descanso e a oração, mas principalmente um encontro com Deus e consigo mesmo. Cada dia foi marcado por um momento especial como a Via-sacra, a Celebração Penitencial e a Missa do Crisma, ocorrida na quarta-feira, dia 2 de abril, na Catedral de Sant’Ana.

Com a presença de quase todos os padres diocesanos e religiosos, diáconos transitórios e permanentes, e seminaristas maiores, os cursistas puderam se aprofundar e rezar o Documento Final sobre a Sinodalidade, trabalhado pelos padres e madres Sinodais, em outubro do ano passado, apresentando assim o tema central do retiro “Diocese de Óbidos no caminho sinodal” que foi fortalecido pela palavra do Papa Francisco “A Sinodalidade é o caminho de Deus para a Igreja”.

O tema ‘Sinodalidade’ já havia sido debatido pela Diocese de Óbidos durante a Assembleia Diocesana, porém, desejaram que o retiro seguisse o mesmo caminho, para que fossem dados passos mais concretos de uma Igreja mais sinodal, partindo então, a ideia de convidar uma mulher para a pregação. “Tocou-me muito o pedido de Dom Bernardo. É muito positivo acompanhar as iniciativas e perceber o esforço concreto. Não é fácil caminhar juntos, mas com muita facilidade, enchemos nossas gavetas e prateleiras de documentos da Igreja e quão difícil é influenciar o cotidiano de nossas ações. Assim, buscamos no retiro do clero de Óbidos aprofundar, rezar, buscar trazer para a vida as conclusões do Sínodo.  Todo o documento, com muita clareza, nos mostra quão é necessária à nossa conversão.  A segunda parte que mais exige de nós é a conversão das relações”, contou Irmã Maria Inês.

“Ao longo de todo o caminho do Sínodo e em todas as latitudes, emergiu o apelo a uma Igreja mais capaz de alimentar as relações com o Senhor, entre homens e mulheres, nas famílias, nas comunidades, entre todos os cristãos, entre grupos sociais, entre as religiões, com a criação, porque a qualidade evangélica das relações comunitárias é decisiva para o testemunho que o Povo de Deus é chamado a dar na história.

Alegro-me com a Diocese de Óbidos que tem buscado, concretamente, fortalecer as relações, em todos os níveis. Particularmente valorizando a presença e liderança feminina, buscando possibilidades que nas paróquias, nas áreas missionárias, nas pastorais tenha a presença qualificada de consagradas e leigas.  Sabemos que o caminho é longo, e que é preciso avançar. Louvo ao Senhor pela graça de poder estar diversos dias com o Povo de Deus, nessas terras amazônicas, pois tive a oportunidade de contatos diretos, em Alenquer, Itaituba, Santarém, Óbidos, Oriximiná, Juruti, conhecendo lideranças, visitando projetos e comunidades de consagradas e consagrados”, disse agradecida a Consultora do Dicastério para a Vida Consagrada.

Para o padre Edson Galego, da paróquia São Francisco e Santa Clara, em Óbidos, a pregação da Irmã Maria Inês os guiou, em profundidade, a uma intimidade com Jesus a partir dos estudos das leituras apresentadas “A presença da irmã Maria Inês, que nos guiou em um processo de intimidade digamos assim, com Jesus um tu a tu com Jesus, em profundidade, contida nas mãos a palavra de Deus com as guias das leituras, momentos de orações profundos momentos de silêncio a colocar-se diante de Jesus. Esse colocar diante de Jesus nos chama a uma conversão constante. Descobrimos que nós não somos super-heróis, mas o clero, os sacerdotes, chamados a ser discípulos, pescadores, a trabalhar com Jesus no nosso meio, a ouvir a voz do Espírito Santo e seguir as suas indicações, até na possibilidade de procurar águas mais profundas, mas com a indicação de Jesus no nosso meio… Precisamos reconhecer as ajudas que Deus coloca no nosso caminho, das mulheres, das crianças, dos jovens, porque Deus fala em muitas vozes, através do povo de Deus. nós temos que ter essa consciência sinodal de acolher de reconhecer de escutar, de acolher as propostas de trabalhar juntos.Nós não temos a palavra final, nós temos a palavra de Deus que é o que nos guia e essa conversão com Jesus no nosso meio, nos leva também entre nós, no clero, a sermos mais fraternos, e a procurar viver uma comunhão”.

A importância do retiro anual para o padre Lucas Nogueira de Azevedo, da Paróquia São João Batista, do município de Faro, os leva não apenas ao descanso, mas principalmente a uma renovação espiritual “a importância mais latente de um retiro para clero é o reabastecimento espiritual, porque dessa forma, o retiro é um momento propício para que nós sacerdote façamos uma reflexão pessoal de como está nosso encontro com a pessoa de Jesus Cristo. Sem esse momento corremos o grande risco de cairmos no ativismo pastoral que é uma das inúmeras dificuldades próprias do nosso tempo que tem levado cada vez mais os padres a desenvolverem a síndrome de burnout, por isso parar, refletir e descansar é necessário para a vida sacerdotal.

Esse ano o retiro girou em torno da sinodalidade, o tema, bem desenvolvido pela pregadora do retiro, Irmã Maria Inês Vieira Ribeiro, focou principalmente na conversão das relações que tanto precisamos. Com certeza, temos que a cada dia renovar o sentido das nossas relações principalmente com o povo e entre nós presbíteros. Só assim, a caminhada sinodal vai fazer cada mais sentido e chegaremos ao objetivo almejado, caminhar juntos em direção ao céu”, contou o pároco da Paróquia São João Batista.

Aproveitando a presença do clero no retiro, foi realizada na quarta-feira (02) a Missa dos Santos Óleos, na Catedral de Sant’Ana, que celebra a unidade da Igreja e é, também, um momento de renovação da promessa Sacerdotal dos Religiosos. A Celebração foi presidida pelo Bispo Diocesano, Dom Bernardo Johannes, além de ser concelebrada por todo Clero da Diocese de Óbidos, contou com a participação de Irmã Maria Inês, que ministrou o Retiro do Clero da diocese.