por Dom José Ionilton Lisboa de Oliveira, SDV
Bispo da Prelazia do Marajó

Capítulo 22, versículo 24 – Houve, também, uma discussão entre eles sobre qual deles deveria ser considerado o maior.
*Mal dos apóstolos; muitas vezes nosso mal. Quanta divisão entre nós nas pastorais, grupos, comunidades, na paróquia, na prelazia, na igreja por causa desta tentação de ser o maior, o mais importante, o melhor.

Capítulo 22, versículo
27 – Eu estou no meio de vós como aquele que serve.
*Este é o recado de Jesus para nós: o maior na fé cristã é aquele que se coloca a serviço. Jesus serve e nos convida a servir. Onde estamos servindo? A quem estamos servindo? Como estamos servindo?

Capítulo 22, versículo 38 – Eles disseram: Senhor, aqui estão duas espadas. Jesus respondeu: Basta!
*Hoje os Apóstolos somos nós, quando queremos resolver a violência pela violência; quando defendemos que a saída para a violência são as armas de fogo (as espadas).
Jesus grita: basta! Basta de violência! Basta de armas! Basta de guerras! Basta de mentiras! Basta de injustiças! Basta de destruição de nosso bioma, Amazônia; basta da sujeira de nossos rios, lagos e igarapés; basta de consumismo e do descartável; basta de exploração sexual de crianças e adolescentes, jovens e adultos; basta de trabalho escravo; basta…

Capítulo 22, versículos 41-42: Jesus começou a rezar: Pai, se queres, afasta de mim este cálice; contudo não faça a minha vontade, mas a tua.
*Jesus nos ensina o jeito certo de rezar: se queres, afasta de mim, faça a tua vontade.

Capítulo 22, versículos 48-49: Jesus lhe disse: Judas, com um beijo tu entregas o Filho do Homem?
*Judas ontem e nós hoje. Somos tentados a trair: o batismo, a pertença a Igreja, nossa vocação e seus compromissos, no casamento, na consagração, na ordenação.

Capítulo 22, versículo 62: Pedro saiu para fora e chorou amargamente.
*O choro do arrependimento, que gera conversão, mudança de vida. Na Campanha da Fraternidade deste ano fomos chamados à Conversão ecológica.

Capítulo 23, versículo 5 – Eles, porém, insistiam: Ele agita o povo, ensinando por toda a Judeia.
*Acusação falsa contra Jesus. Acusações falsas contra as pessoas que fazem o bem, que servem aos pobres, que trabalha pela justiça, que defende a natureza, nossa Casa Comum.

Capítulo 23 versículo 14 – Não encontrei nele nenhum dos crimes de que o acusais.
*Por que Jesus foi condenado a morrer? Não havia crime em Jesus. No entanto Pilatos tinha outros interesses. Devemos ter cuidado com o que se diz nos meios de comunicação e nas redes sociais.

Capítulo 23, versículo 26 – Pegaram um certo Simão de Cirene e impuseram-lhe a cruz para carregá-la atrás de Jesus.
*Simão Cirineu foi obrigado a ajudar Jesus. Sejamos, livremente, Simões Cirineus em nossos dias, ajudemos a Jesus, encarnado nos pobres e sofredores, a carregar suas pesadas cruzes.
Façamos isto com a prática do amor/solidariedade, através da Caritas, da Rede um Grito pela Vida, da Pastoral da Criança, da Pastoral Carcerária, da Pastoral da Saúde, da Pastoral da AIDS, da Pastoral da Pessoa Idosa, da Pastoral da Sobriedade, da Comissão Pastoral da Terra.

Capítulo 23, versículo 28: Jesus disse: Filhas de Jerusalém, não choreis por mim!Chorais por vós mesmas e por vossos filhos!
*Jesus não quer que choremos pelo sofrimento dele na sua prisão, condenação e morte de cruz no ano 33. Ele quer que choremos pelo sofrimento dele nos irmãos e nas irmãs que sofrem hoje. Ele nos ensinou: “todas as vezes que fizestes isso a um destes mais pequeninos que são meus irmãos, foi a mim que o fizestes!” (Mateus 25, 40).

Capítulo 23, versículo 49: Todos os conhecidos de Jesus, bem como as mulheres que o acompanhavam, ficaram à distância, olhando essas coisas.
*Tantas vezes somos assim: ficamos distantes e apenas olhamos os acontecimentos do dia a dia. Não nos envolvemos, não participamos, somos apenas expectadores diante do mal, das injustiças, dos ataques à democracia, da destruição das florestas, da contaminação de nossos rios, lagos e igarapés, do desrespeito aos direitos humanos e da natureza, do ataque aos povos indígenas, aos quilombolas, aos pescadores, aos pequenos agricultores. Nossa indiferença diante do sofrimento dos irmãos e das irmãs é hoje um dos mais graves pecados.