
por Dom José Ionilton Lisboa de Oliveira, SDV
Bispo da Prelazia do Marajó
Apareceu João Batista pregando no deserto (versículo 1). Hoje João Batista somos nós. Pelo batismo somos chamados e chamadas a ser profetas e profetisas. Devemos, também, pregar como João Batista: “preparai o caminho do Senhor, endireitai suas veredas!” (versículo 3). Tantas vezes, também, pregamos no deserto, como Joao Batista. A Igreja fala através do Papa, da CNBB – Conferência dos Bispos do Brasil, dos bispos de nossa Arquidiocese, Diocese, Prelazia, dos Diáconos e Presbíteros, da Vida Consagrada, das Lideranças Leigas e quase ninguém escuta. Mas não podemos nos calar. Como nos faz rezar um dos nossos Cantos: “Tenho que gritar, tenho que falar, ai de mim se não o faço!”.
Mateus registra que quando João viu muitos fariseus e saduceus vindo para o batismo de conversão que ele estava fazendo, disse-lhes: “raça de cobras venenosas, quem vos ensinou a fugir da ira que vai chegar? Produzi frutos que provem a vossa conversão” (versículos 7-8). João critica a hipocrisia dos fariseus e saduceus. Fala duro com eles, chama de cobras venenosas. Isto nos faz lembrar que Jesus foi, também, sempre crítico à prática religiosa de aparência, que Jesus foi sempre duro com estas pessoas, no estilo João Batista.
Quem seriam estes fariseus e saduceus de hoje que receberiam a crítica dura de João Batista e de Jesus? Quem é que explora a dimensão religiosa de nosso povo? Quem é que vive uma religiosidade de aparência, ou seja, fala o nome de Deus, diz que é crente, cristão, católico, mas suas ações são contrárias à vontade de Deus, promovem a desavença entre as pessoas, estimulam a discriminação entre as pessoas, incentivam o uso de armas, cometem injustiças que ferem e que matam, espalham mentira, aprovam leis que prejudicam as pessoas e a natureza.
Mateus registra uma declaração de João Batista que mostra a sua humildade: “Quem vem depois de mim é mais forte do que eu. Eu nem sou digno nem de carregar suas sandálias (versículo 11). O exemplo de João Batista é um convite para vivermos, também, a vivermos a virtude da humildade. É bom recordar aqui a raiz da palavra humildade, vem do latim “humus” que significa “terra”. Portanto, ser humilde é pisar na terra, no chão, é ser o que somos, sem nos rebaixar e sem nos exaltar. É isto que é ser humilde.
João em sua pregação dizia: “Convertei-vos, porque o Reino dos céus está próximo” (versículo 2). O Advento é um tempo litúrgico que nos convida, também, à conversão. Avaliemos nossa vida pessoal, na família, na comunidade igreja e na sociedade, para assim descobrirmos onde eu preciso me converter. Poderemos rezar com se canta em um de nossos Atos Penitenciais: “Mesmo que eu não peça, mesmo que eu não queira, converte-me, Senhor”.
O Sínodo da Amazônia e o Papa Francisco nos pediram entre outras formas de conversão, uma conversão ecológica, para assim cuidarmos melhor da natureza, obra de Deus, nossa Casa Comum (conferir Papa Francisco, Laudato Si’, 216 a 221). Esta conversão comporta várias atitudes que se conjugam para ativar um cuidado generoso e cheio de ternura… Implica gratidão e gratuidade… reconhecimento do mundo como dom recebido do amor do Pai… Implica a consciência amorosa de não estar separado das ouras criaturas… Implica contemplar o mundo, não como alguém que está fora dele, mas dentro, reconhecendo os laços com que o Pai nos uniu a todos os seres… Implica desenvolver a sua criatividade e entusiasmo para resolver os dramas do mundo (conferir Papa Francisco, Laudato Si, 220).
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