por Dom José Ionilton Lisboa de Oliveira, SDV
Bispo da Prelazia do Marajó, Pará

Compartilho alguns pontos de minha reflexão a partir da Palavra de Deus do 22º Domingo do Tempo Comum.

O Salmo Responsorial, Salmo 67, versículos 6, 7 e 11 nos ajuda a responder à pergunta: quem é Deus? O Salmista vai nos dizendo quem Deus é. Deus é o Pai dos órfãos, o protetor das viúvas, aquele que dar abrigo aos deserdados; o que liberta os prisioneiros; o que sacia com fartura; o que prepara com carinho a terra para o pobre. Nosso Deus é assim!

E nós que cremos neste Deus? E nós que somos criados à imagem e semelhança deste Deus (cf. Gênesis 1, 27), o que temos feito pelos empobrecidos, excluídos e marginalizados? No próximo domingo, dia sete (7) de setembro acontecerá o 31º Grito dos Excluídos. É bom lembrar que o Grito dos Excluídos nasceu como gesto concreto da Campanha da Fraternidade de 1995, Fraternidade e os Excluídos. Queremos ser solidários com os excluídos e as excluídas em seu grito pedindo respeito aos seus direitos. Este ano teremos o Tema: “Cuidar da Casa Comum e da Democracia é luta de todo dia” e o Lema: A vida em primeiro lugar! Somos chamados a continuar a missão de Deus! Deus quer continuar agindo na história por meio de nós, os que cremos nele.

O Evangelho de Lucas 14, 1.7-14 registra a ida de Jesus para comer na casa dos fariseus. Lucas faz questão de escrever que os fariseus observavam Jesus (conferir versículo 1). Eles observavam Jesus não para aprender com Ele, mas para criticarem Jesus e acharem um motivo para denunciarem Jesus. Mas Jesus corajosamente foi lá e mais uma vez enfrenta os fariseus.

 “Jesus notou como os convidados escolhiam os primeiros lugares” (versículo 7). A busca para ser destaque, ser mais importante. Uma realidade antiga e sempre nova. Vivemos em uma sociedade e, infelizmente, na Igreja, também, marcada pela competição: quem é o maior e o melhor? Quem vai ser o destaque? Quem vai aparecer mais? Jesus nos manda um recado: “quem se eleva será humilhado e quem se humilha será elevado” (versículo 11). É este o caminho apontado por Jesus, o caminho da humildade.

Depois Jesus nos faz outra provocação: “Quando deres uma festa, convida os pobres, os aleijados, os coxos, os cegos. Assim serás feliz! Porque eles não te podem retribuir” (versículos 13 e 14). Jesus condiciona a nossa felicidade à nossa capacidade de amar, servir e acolher os pobres. Quem são os convidados para as festas que realizamos em nossas casas e em nossas Comunidades, Paróquias e Prelazias (Dioceses)? Qual lugar os excluídos ocupam em nossa vida pessoal, familiar e como Igreja? Corremos sempre o risco de valorizar mais, dizer o nome nas celebrações e eventos, acolher com destaque quem tem maior poder econômico, aqueles e aquelas que podem ajudar ou já ajudam economicamente nossa Igreja. Jesus nos alerta que não deve ser assim. Teria algumas experiências para relatar, mas o espaço aqui não me permite.

Sugestão: Quem sabe poderíamos começar a fazer esta experiência que Jesus nos propõe no evangelho deste 22º Domingo do Tempo Comum, Ano C, em nossa próxima festa pessoal, na família ou na Igreja: chamar uma pessoa excluída, marginalizada, abandonada para estar conosco, para ser nosso convidado, nossa convidada de honra. Assim fazendo, com certeza, vamos fazer Jesus feliz por estarmos lhe obedecendo e nós, também, seremos felizes, como Jesus prometeu hoje: “Assim serás feliz!”.