por Vívian Marler / Assessora de Comunicação do Regional Norte 2 da CNBB
fotos Sandro Barbosa / Rede Nazaré de Comunicação

Na noite desta quinta-feira, 09/10, fiéis reuniram-se na Basílica Santuário de Nossa Senhora de Nazaré, em Belém (PA) para a celebração de um dos momentos mais esperados que antecedem o Círio de Nazaré, a apresentação do novo manto da Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Nazaré para o Círio 2025.

A Celebração Eucarística presidida por Dom Júlio Endi Akamine, Arcebispo metropolitano da Arquidiocese de Belém, e concelebrada pelo Arcebispo emérito, Dom Alberto Taveira Corrêa, e Dom Paulo Andreolli, Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Belém.

Ao saudar os fiéis, Dom Alberto Taveira recordou a abertura solene do Círio de Nazaré que aconteceu, na terça-feira (7/10), e ontem a procissão dos carros que envolveu os moradores de Belém e os romeiros que já estão na cidade para o Círio. “Caríssimos irmãos e irmãs, depois da abertura solene do Círio de Nazaré 2025, e ontem a procissão dos carros com uma participação impressionante de povo, ver toda a cidade envolvida. Nós estamos juntos aqui nessa Santa Missa presidida pelo senhor arcebispo Dom Júlio. A missa a ser participada com intensidade por todos nós. E depois, ao final da Santa Missa, o novo manto de Nossa Senhora de Nazaré, que é um ícone, um sinal também. O manto que nós vamos entender, ele foi rezado, pensado, trabalhado durante muitos meses. Não é apenas um revestimento, mas ele tem todo o sentido”.

Em sua homilia sobre o novo manto de Nossa Senhora de Nazaré, Dom Julio Akamine explorou a profunda simbologia do ato de revestir a imagem, transcendo a mera estética para um significado teológico e existencial. Ele inicia destacando que o vestuário, intrínseco à condição humana e distinto do reino animal, é um sinal do cuidado divino e uma necessidade fundamental para a sobrevivência. Desde o Éden, quando Deus providenciou túnicas de pele para Adão e Eva após o pecado – um sinal da perda da familiaridade com Deus, mas também uma promessa de nova graça – a veste emerge como promessa de uma nova glória.

A homilia detalhou múltiplas funções da veste proteção contra intempéries e olhares que objetificam, demarcação da distinção sexual, e símbolo de consagração e amizade – como o manto de Jônatas para Davi. É um lembrete de que a veste se une à pessoa, expressando a identidade e o self. Dom Julio contrapôs o luxo ostensivo, que acentua desigualdades e atrai a ira divina, com o mandamento da justiça de vestir o nu, simbolizado na exortação de Jesus a dar não apenas a túnica, mas também o manto.

Dom Julio traçou paralelos com as vestes litúrgicas, que revestem os ministros da glória de Deus, mas que são depostas após a celebração para assumir o “avental do serviço”, à semelhança de Cristo que se despojou de Sua glória para servir a todos. O episódio de Elias jogando seu manto sobre Eliseu também ilustra a transmissão de uma missão profética.

“No mistério de Cristo, vemos a glória revelada na Transfiguração e a humildade ao ser despojado de suas vestes e zombado na crucificação, para depois manifestar-se resplandecente após a ressurreição. Por meio do batismo, somos todos revestidos da glória de Cristo, abandonando o “homem velho” pelo “homem novo”.

O manto de Nossa Senhora de Nazaré, portanto, não é apenas um adorno. Ele nos recorda o cuidado incessante de Deus por nós, pecadores, e simboliza a promessa cumprida de sermos revestidos em Cristo. É também um sinal de consagração de Maria, que se recusa a entregar sua glória ao domínio dos olhares, e nos protege de reduzir a imagem a um mero objeto de superstição ou turismo”, disse o Arcebispo Metropolitano de Belém.

Mais significativamente, ele é apresentado como o manto do pobre. Citando a “opção preferencial pelos pobres” como a essência da fé, Dom Julio enfatizou que os pobres não são uma categoria sociológica, mas a própria carne de Cristo. “Maria, ao acolher a encarnação, compreendeu profundamente esta verdade: que a carne de Cristo tem fome, sede e está na prisão. Assim, o manto de Nossa Senhora nos convida a viver concretamente o mistério da encarnação, reconhecendo nela o manto que cobre aqueles que se tornaram carne para a nossa salvação, instigando-nos a acolher e servir os mais vulneráveis”, finalizou Dom Julio Akamine.

Ao final da Celebração Eucarística o novo Manto de Nossa Senhora foi apresentado aos fiéis que lotaram a praça em frente e o interior da Basílica Santuário. Conforme texto apresentado pela equipe do Círio 2025, “O manto de 2025 faz uma homenagem a um dos mosaicos da basílica santuário. Ele traz em seu centro a Árvore da Vida, que no início foi símbolo do núcleo da criação perfeita de Deus e, no plano da redenção, tornou-se a Cruz de Cristo.

Nele, Adão e Eva, já redimidos pelo amor encarnado e consumado de Deus, se prostram em adoração diante de Jesus.

Ao longo de todo o manto, contemplamos as maravilhas da criação: a noite e o dia, as estrelas e as águas, cada elemento revelando infinitos significados em nossa caminhada cristã.

Das águas surgem ramos de rosas, recordando a promessa de que uma mulher esmagaria a cabeça da serpente, vencendo o mal. Essa mulher é Maria, que trouxe ao mundo o Salvador e, com suas virtudes, nos ensina o caminho de volta ao Céu”.

Materiais Utilizados na confecção

O manto de 2025 foi confeccionado em cetim italiano, com o fundo bordado em vidrilhos de cristal branco acetinado.

As folhas da arvore são representadas por cristais verdes, e as pequenas rosas que adornam a arvore, são feitas de coral.

O céu, bordado em cristais em diversos tons de azul, traz também zircônias, simbolizando as estrelas.

Abaixo da arvore, podemos ver uma base verde, bordada com hematitas naturais, e uma rocha dividida, quebrada, também bordada em diversos tons de vidrilhos para que fosse alcançado o efeito de profundidade e textura.

As águas, tem a base bordada em linha e recoberta por cristais. As espumas das águas, são bordadas em miçangas, e todo trabalho é feito em relevo, garantindo que o manto tivesse um efeito tridimensional.

No centro das águas, surge uma aurora bordada em vidrilhos de cristal e uma pedra preciosa de 20 quilates, uma moissanite amarela, representando o sol.

Nas Rosas, também bordadas com volume, podemos ver dois tons de rosa, criando o efeito de profundidade, luz e sombra.

Em torno das rosas, pequenas abelhas de metal adornam o manto, símbolo do trabalho em comunidade, trabalhando não para si, mas para um bem maior. Essas abelhas somos nós, igreja de cristo.

As folhas da roseiras, são feitas em vidrilho, e moldadas em arame manualmente para que tenham movimento.

A borda do manto é bordada com contas de opala, sugerindo uma moldura de mármore.

Equipe Manto 2025

Desenho: Leticia Nassar
Estilista: Leticia Nassar
Bordado: Daniella Guerra, Fernando Machado e Luiz Paulo Ferreira
Costura e Acabamentos: Rita Tomé
Apoio: Sheila Craveiro

……

Obrigado por ter lido este artigo. Se quiser se manter atualizado, se inscreva no nosso canal do WhatsApp https://whatsapp.com/channel/0029Var4FMQ6RGJE2FtlnS1V e você receberá notícias das Arquidioceses, Dioceses e Prelazias no Pará e Amapá.

E aproveite para nos seguir no instagram https://www.instagram.com/cnbbn2/