Sessao do Sinodo de 2024 – foto Arquivo Vatican News

por Vívian Marler / Assessora de Comunicação do Regional Norte 2 da CNBB

O Vaticano publicou um documento da Secretaria Geral do Sínodo, assinado pelo secretário geral Cardeal Mario Grech, endereçado as Igrejas locais como uma referência a fim de continuarem o caminho iniciado por Francisco e que tem Papa Leão XIV como continuista. O documento apresenta o processo sinodal da Igreja Católica, impulsionado pelo Concílio Vaticano II, que entra em uma fase crucial de implementação, focando na conversão de cultura, relações e práticas eclesiais. A meta é reformar estruturas e instituições, garantindo que a visão de uma Igreja sinodal se torne uma realidade palpável.

A fase de implementação exige que as Igrejas locais discernam os passos de conversão, adaptando as mudanças às suas realidades específicas. A colaboração e o acompanhamento mútuo são essenciais para garantir que a Igreja avance unida.

O Documento Final (DF) do Sínodo sublinha a importância de mudanças concretas a curto prazo para manter a credibilidade do processo sinodal. As Igrejas locais são chamadas a encontrar modalidades apropriadas para implementar essas mudanças, considerando suas circunstâncias únicas. Questões como as relações entre a Igreja latina e as Igrejas Orientais Católicas, o ímpeto ecumênico e o diálogo inter-religioso podem exigir abordagens estruturais e institucionalizadas específicas.

Para evitar improvisação e dispersão, é crucial investir no desenho e acompanhamento de processos sinodais. Alguns exemplos incluem os ‘Processos de Discernimento Eclesial’ para identificar prioridades da missão e formas de governança apropriadas para uma Igreja sinodal. Requer pessoas experientes para implementar as indicações do DF. ‘Processos de Formação à Sinodalidade’, com o objetivo de formar para a sinodalidade, compartilhando experiências e refletindo sobre os pontos fortes e fracos. A reflexão sobre processos de discernimento e o funcionamento dos organismos de participação pode ser mais eficaz que cursos tradicionais. Facilitadores experientes são cruciais.

Dar continuidade a ‘Escuta e Diálogo nas Comunidades’, a fim de promover experiências de escuta e diálogo em um clima de oração, utilizando também ferramentas digitais. Incluir na programação ‘Celebração e Intercâmbio’, para que se possa criar momentos de celebração e troca de experiências entre comunidades, aproveitando eventos como peregrinações para fomentar o encontro e o diálogo.

A ‘Comunicação’ deverá desenvolver atividades de comunicação dirigidas às comunidades cristãs e à sociedade, utilizando canais digitais para alcançar especialmente os jovens. É necessário que exista uma ‘Renovação da Ação Pastoral’ onde possa-se implementar iniciativas que tornem tangível o impacto de uma abordagem sinodal em áreas como a participação na celebração dominical, a catequese, o diálogo ecumênico e o cuidado da casa comum.

E há a necessidade que aconteça uma ‘Pesquisa Teológica’ para que se possa promover pesquisas teológicas, pastorais e canonísticas para apoiar a implementação do Sínodo, com teólogos ajudando a desenvolver uma compreensão da realidade iluminada pela Revelação.

Apesar da autonomia das Igrejas locais, o Documento Final enfatiza a necessidade de proceder em conjunto como Igreja universal. O processo de acompanhamento e avaliação visa garantir que as Igrejas locais compartilhem seus progressos em áreas como a promoção da espiritualidade sinodal, o acesso de mulheres e leigos a funções de responsabilidade, a experimentação de novas formas de serviço e ministério, a prática do discernimento eclesial e a ativação de processos decisórios sinodais.

O método sinodal não se limita a técnicas de gestão de encontros, mas é uma experiência espiritual e eclesial que exige uma nova forma de ser Igreja. O discernimento eclesial, delineado no documento final, é essencial para este processo, exigindo a contribuição de diversas competências e uma clara definição dos objetivos.

O documento final apresenta algumas citações de seus autores, entre elas que “a beleza do processo sinodal reside na sua capacidade de nos surpreender e de gerar frutos inesperados”, afirma um dos autores do documento.e que “a comunhão entre os fiéis, os pastores e as Igrejas é fortalecida pela participação nos processos sinodais, renovando o sentido de corresponsabilidade pela nossa missão comum”.

O caminho para uma Igreja sinodal é um processo contínuo de conversão e renovação. Com a implementação de práticas concretas e o compromisso de caminhar juntos, a Igreja pode cumprir a missão confiada por Jesus Cristo, alimentada pela esperança que não desilude.