por Vívian Marler / Assessora de Comunicação do Regional Norte 2 da CNBB
Ontem (5/6), a Diocese de Óbidos (PA), recebeu a Imagem Peregrina de Senhora Sant’Ana, que chegou ao município, após passar por Santarém, seguida por visitas a Macapá, e a Capital do Estado, Belém, onde a Imagem visitou as famílias de obidenses residentes nessas cidades. A última parada foi em Manaus (AM), onde a Imagem Peregrina foi recebida pela maior colônia de obidenses no Amazonas. A ferry boat Obidense III, trouxe a Imagem de Sant’Ana que chegou ao porto do município no final da tarde, sendo acolhida por inúmeros devotos e fiéis. Após a chegada, foi realizada uma carreata que percorreu diversas comunidades da cidade de Óbidos, celebrando assim o retorno de Nossa Padroeira, até a Catedral de Sant’Ana.
A Diocese de Óbidos realizará a ‘Festividade de Sant’Ana’ no período de 13 a 26 de julho, sendo que no dia 11 de julho acontecerá a transladação da Imagem para os municípios de Faro e Terra Santa, com a Santa Missa, às 12h na Catedral. Ainda na programação, no dia 13 de julho, terá início o Círio Fluvial de Sant’Ana, com saída de Terra Santa, com uma parada especial na Comunidade Maria Tereza, e logo em seguida até o município de Óbidos. O tema da festividade deste ano “Ancorados na esperança, peregrinamos com Sant’Ana”, reflete a importância da fé e da esperança na vida dos fiéis. A festividade de Sant’Ana é uma oportunidade para que os fiéis se unam e celebrem a fé e a tradição.
O cartaz da Festividade deste ano é uma porta aberta que conecta o mistério da fé vivida com a esperança. Nele, Sant’Ana observa com a ternura de quem acolhe, abençoa, protege e guia, trazendo consigo Maria, símbolo da promessa e da preparação do coração que um dia geraria o Salvador.
Sua imagem, rodeada pelo mosaico que compõe seu nicho na Catedral, rico em detalhes, remete ao seio da igreja, no qual o sagrado floresce! Seu formato de arco lembra um portal de um templo sagrado, uma entrada de um lar, como se nos convidasse: “Vinde a mim todos vós que estás cansados e oprimidos, eu vos aliviarei!” (Mt 11,28).
O dourado como a chama que não se apaga, o verde como a esperança que brota no coração da Amazônia, o azul como o céu que nos cobre.
A beleza da flora que floresce no mosaico principal nos remete ao trecho do livro do Eclesiástico, “como um ramo de mirra pura, como um lírio nos vales, assim eu floresci” (Eclo 24,14). Assim também floresce Sant’Ana, avó e mestra, mulher cujas raízes sustentam nossa caminhada.
Entre todos os elementos do mosaico principal, duas flores se destacam com profundo simbolismo: o lírio e a margarida. O primeiro, associado à fé e à pureza, nos faz olhar para a vida de forma serena e confiante. Além de ser sinal da presença do Sagrado que floresce silenciosamente. Já as margaridas, ornam a imagem como preces o povo obidense.
Nas laterais do cartaz, dentro de flores tiradas do mosaico do nicho de São Joaquim, tem dois símbolos importantíssimos para o ano que estamos vivenciando. Símbolos que enriquecem a mensagem espiritual que desejamos transmitir: a concha e a âncora. A primeira, tradicionalmente associada ao batismo e à peregrinação, nos faz olhar para a nossa caminhada espiritual, o caminho que cada um de nos percorre rumo à morada eterna. Já a segunda, firmemente fincada no fundo do rio, é símbolo da esperança cristã que nunca nos desampara e decepciona. Em comunhão com toda a Igreja, vivemos o ano Jubilar da Esperança, proclamado pelo Papa Francisco para 2025.
Sant’Ana é, para o povo da Diocese de Óbidos, essa âncora. Quando precisamos de respostas, nos famílias que rezam, nas mulheres que sustentam seus lares e comunidades, naqueles que envelhecem com a certeza de que semearam a fé e estão colhendo os frutos. É ela que caminha conosco, que nos guia, nos orienta, como memória viva da aliança de Deus para com o seu povo.
Já o lema deste ano, retirado da Primeira Carta de São Pedro, “estejamos sempre prontos a dar razão da vossa esperança” (1Pd 3,15), é um chamado à termos fé, mesmo em tempos de incertezas. Nesse contexto, a Igreja nos chama a responder com firmeza e coragem a pergunta: por que ainda esperamos? E a resposta deve ser sempre: esperamos porque cremos no nosso Deus que não falha. Esperamos porque conhecemos, por meio de Sant’Ana e tantos outros santos, o majestoso poder da fidelidade e do amor de Deus. Esperamos porque temos a certeza que Deus não nos abandona, mesmo em dias turvos e escuros, Ele nos sustenta. Viver esse lema é se inspirar na vida de Sant’Ana, que testemunhou e viveu uma esperança que não se cala, não se esconde.