
por Vívian Marler / Assessora de Comunicação do Regional Norte 2 da CNBBB
Em um momento crucial para a Igreja na Amazônia Setentrional, os assessores da Pastoral Juvenil do Regional Norte 2 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBBN2, se reuniram em Cametá (PA) neste final de semana (28 a 30/11). O encontro, que reuniu representantes das Arquidioceses de Belém e Santarém, e das Dioceses de Macapá, Cametá, Ponta de Pedras, Bragança, Abaetetuba, Marabá e a Prelazia do Alto Xingu- Tucumã, um marco para consolidar o caminho sinodal e traçar planos de ação diante da complexa realidade juvenil da região.
O evento teve como foco principal o fortalecimento do trabalho orgânico e a troca de experiências anuais, visando sempre o aprofundamento da espiritualidade e missão juvenil. Padre Demison Batista, assessor do Regional Norte 2, ressaltou que o encontro serve como um “combustível para a missão”, impulsionando os assessores a acolher, escutar e dialogar com os jovens, favorecendo seu protagonismo.
O investimento na estrutura da juventude foi unanimemente destacado como vital. Padre Silvio Santos, da Diocese de Ponta de Pedras, foi enfático ao afirmar que a organização do Setor Juventude, em sinergia com a Pastoral Vocacional, garante o futuro da Igreja na Amazônia. Onde este investimento falha, observou, a realidade é de “falta de vocações e falta de protagonismo juvenil.”
Irmã Marlene Betlinsk, da Arquidiocese de Santarém, descreveu o Setor da Juventude como um “grande salto de proximidade” com a realidade dos jovens. Ela enfatizou sua função como “ponte, um elo de unidade na igreja”, contrastando com a dispersão e o egoísmo que prevalecem onde a organização pastoral juvenil não está estruturada.
Dentre os assuntos trabalhados no encontro o de desenvolver a cultura vocacional foi colocado em pauta. Para o padre Ezequiel Dias, assessor da Pastoral Juvenil e Vocacional da Diocese de Macapá, as duas pastorais são similares “elas tem a mesma dimensão e objetivo, muito similar, porque trabalha-se o sentido da vida, a pessoa de Jesus Cristo, de sermos Igreja, sermos jovens missionários nesta graça, desenvolvendo uma cultura vocacional, para que futuramente possamos ter padres para trabalhar nas dioceses e também para responder cada dia mais a necessidade da Santa Igreja com o olhar para a juventude”.
O Desafio da Sinodalidade na Visão do Referencial
A pauta ganhou profundidade com Dom Antônio de Assis Ribeiro, bispo de Macapá e referencial para a Juventude do Regional no Pará e Amapá. Ele desafiou os assessores a cultivar a escuta ativa e a empatia, alertando contra respostas genéricas para realidades tão diversas.
Dom Antônio instigou os presentes a considerar a diversidade dos contextos juvenis – urbano, rural, indígena – e a abraçar tanto a alegria e criatividade dos jovens quanto as chagas sociais que os atingem, como a drogadição e a violência. Ele reforçou a necessidade de sintonia com o Magistério, citando Christus Vivit e Querida Amazônia, e a importância de restaurar a “dimensão juvenil” em todas as pastorais da Igreja.
O referencial também sublinhou a necessidade de formar líderes para o protagonismo juvenil, treinando-os em comunhão e corresponsabilidade, e investindo na formação humana e espiritual para combater o individualismo e a polarização.
“A sinodalidade é fruto da consciência da nossa comunhão e tem muitas dimensões. Uma das mais exigentes tarefas do assessor da pastoral juvenil em cada diocese é a promoção da sinodalidade entre as expressões juvenis”, disse Dom Antônio.
Projeto de Belém: Resposta Eclesial ao Clamor Social
Um ponto alto do encontro foi a apresentação do “Projeto do Setor Juventude da Arquidiocese de Belém”. Este plano ambicioso é uma resposta direta ao “clamor social” da região metropolitana, marcada por altos índices de violência juvenil, desemprego e consumo de entorpecentes, com cidades como Ananindeua e Altamira figurando entre as mais violentas do Pará.
O objetivo geral do projeto belenense é consolidar o protagonismo juvenil na evangelização, em comunhão e diversidade de carismas.
“A evangelização quando é levada a sério segue um projeto, uma programação e uma agenda. A Pastoral Juvenil para ter consistência, estabilidade e continuidade precisa de um projeto, caso contrário se caminha sem rumo.
A construção de um projeto deve observar uma série de critérios como a participação de todas as expressões juvenis, as orientações da Igreja, a sensibilidade para com o contexto soco eclesial. O projeto é elaborado por etapas. Todas as dimensões da vida pastoral devem ser contempladas. O Setor Juventude de Belém tem um projeto que pode servir de base para muitas Dioceses”, contou o bispo referencial para a juventude no Pará e Amapá.
O encontro de Cametá reafirmou, assim, o compromisso do Regional Norte 2 em ser uma Igreja que acompanha, orienta e aponta o caminho para Cristo, enfrentando os desafios da juventude amazônica com organização, fé e um forte senso de serviço profético.
O assessor da Diocese de Cametá, padre Jailson Costa, expressou grande satisfação em sediar o quinto encontro dos assessores da Pastoral Juvenil do Regional Norte 2. O encontro foi classificado como “muito produtivo”, servindo como um espaço crucial para refletir sobre as diversas expressões juvenis atuantes nas dioceses, arquidioceses e prelazias no Pará e Amapá.
O assessor destacou que o evento também serviu para fazer memória de pontos importantes levantados no encontro, focado na juventude indígena em Santarém, e para debater os desafios e propostas de como atuar junto aos diversos grupos de expressão juvenis nas dioceses.
Um ponto central da reflexão foi a necessidade de ir ao encontro da juventude onde ela realmente está. “Fomos instigados a buscar sempre ir ao encontro da juventude onde antigamente atrás de onde a juventude está presente nos esportes, está lá numa quadra de futebol, está jogando um vôlei. A nossa proposta é que nós possamos ir à procura dessa juventude, que está nos locais que antes nós íamos, mas deixamos de ir.”
Olhando para o futuro, o calendário para 2026 já foi programado, com foco reforçado para que o Setor Juventude caminhe numa “unidade sinodal, falando a mesma língua em comunhão”. A diversidade de carismas e lutas deve ser mantida, mas a união deve se concentrar na atenção ao jovem vulnerável. “Uma coisa deve nos unir que é a atenção para aquele jovem que está em situação de risco, assim cada pastoral, cada serviço movimento, atuando em uma única linguagem pode alcançar o coração daquele jovem que se desviou”, disse padre Jailson.
O ‘IV Encontro dos Assessores da Pastoral juvenil do Regional Norte 2, está previsto para acontecer nos dias 01,02 e 03/09/2026, em Tucumã, prelazia do Alto-xingu.
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