por Vívian Marler / Assessora de Comunicação do Regional Norte 2 da CNBB
fotos Mônica Nascos / Pascom São José Diocese de Macapá
Pascom Diocese de Macapá
A ‘91ª edição do Círio de Nossa Senhora de Nazaré em Macapá’ aconteceu nesta manhã (12/10). A pedido dos amapaenses, a Celebração Eucarística aconteceu às 6h da manhã, na Praça de Fátima, de onde a procissão saiu em direção da Catedral Histórica de São José, levando cerca de 230.000 fiéis que movidos pela fé e gratidão, renderam homenagens a Mãe de Jesus. A Missa foi presidida pelo Bispo da Diocese de Macapá, Dom Antônio de Assis Ribeiro, e concelebrada pelo Bispo emérito Dom Pedro José Conti e padres presentes na celebração.
Ao dar as boas-vindas, no início, da Missa, Dom Antônio falou da alegria em ver a união de todos os presentes. “É uma alegria imensa estar aqui hoje, celebrando a fé e a união do nosso povo. Ver a devoção a Nossa Senhora de Nazaré e Nossa Senhora Aparecida, unidas em um só coração, é algo que nos enche de esperança. Agradeço a presença de todas as autoridades, líderes religiosos e a cada um de vocês que fazem desta festa um momento tão especial. Que possamos sempre educar nossas crianças na fé e seguir o exemplo de Maria, nossa mãe, que nos guia e protege. Que a paz e a justiça reinem em nossa terra, e que possamos alcançar a pátria definitiva, guiados pela luz de Cristo”.
Milhares de romeiros participavam atentos e emocionados a cada Palavra na Santa Missa, que antecedeu o momento tão esperado por todos, a procissão do Círio de Nazaré. Mas foi durante a homilia que o Bispo de Macapá convocou os fiéis à Unidade, Esperança e Ação Social Integral.
Em um vibrante apelo à fé e à ação social, Dom Antônio de Assis Ribeiro, proferiu uma mensagem contundente sobre a essência do Círio de Nazaré, destacando a necessidade de aprofundar a experiência religiosa em prol da unidade estadual. Ressaltou a Igreja Católica como uma força motriz de comunhão e desenvolvimento humano integral, conclamando os fiéis a uma vivência ativa da fé.
Para Dom Antônio, a Igreja é “uma grande família unida” e um pilar histórico desde a fundação da República no país, especialmente na Amazônia. Reforçando o conceito de sinodalidade proposto pelo Papa Francisco, ele frisou “a fé católica é una e fundamental para a coesão social”.
Descrevendo o Círio como um “grande rio” ou “mar” alimentado por paróquias, comunidades e movimentos, o bispo enfatizou que se trata de um “grande movimento de evangelização” que transcende a mera distribuição da Bíblia. Para ele, a missão da Igreja engloba a preocupação com a saúde, a dignidade humana e a promoção do desenvolvimento integral através de pastorais diversas – abrangendo crianças, jovens, idosos, famílias, questões da terra e justiça e paz – perpetuando a missão de Jesus de “promover o Reino de Deus” onde quer que haja sofrimento, ódio, violência ou injustiça.
A esperança foi apresentada como o “combustível da nossa fé”. Dom Antônio sublinhou que quem tem esperança ama, é firme e solidário, nunca desistindo do bem, tendo Maria como modelo de fé ativa e otimista. Criticando a imagem de um católico “de cara feia”, defendeu uma fé alegre, simpática, serena e respeitosa, onde “a religião não é matéria de guerra” e o objetivo final é o céu.
Inspirado pela história bíblica de Ester, que intercedeu pelo seu povo, o bispo comparou a Igreja e Maria a figuras sensíveis aos clamores da humanidade. Ele encorajou os fiéis a cultivar o amor à Palavra de Deus, participar ativamente da comunidade e, crucialmente, apoiar financeiramente a expansão da Igreja. “Ame a sua igreja e compartilhe aquilo que você tem”, pediu Dom Antônio, ressaltando que cada oferta contribui para que a Igreja cresça e se fortaleça, levando não apenas a fé, mas a “totalidade da paixão pelo desenvolvimento humano” a novas comunidades por todo o estado.
Ao final da Santa Missa, a berlinda com a imagem peregrina saiu da Praça de Fátima às 7h, percorrendo aproximadamente 4km até chegar à Catedral Histórica de São José, por volta de 10h, meia hora mais cedo do previsto pela coordenação do Cirio.
Durante o percurso inúmeras manifestações de fé e gratidão foram demonstradas pelos romeiros que acompanhavam a procissão na corda, pagando suas promessas, rezando ou nas janelas e portas de suas residências com mini-altares montados em honra a Nossa Senhora de Nazaré.
Dentre tantos romeiros, uma jovem evangélica, que não quis se identificar, estava visivelmente emocionada ao vivenciar o Círio de Nazaré pela primeira vez, na praça Veiga Cabral, em meio à multidão fervorosa, uma experiência singular marcou a sua vida na manhã de hoje. Acompanhada pela família de seu namorado, ela participou pela primeira vez da celebração, revelando-se profundamente tocada pela atmosfera de fé e devoção.
“Está sendo muito emocionante, eu não sabia quão emocionante era. Sou evangélica, estou conhecendo a religião e estou gostando bastante. Agradeço muito à família dele [do namorado] por estar me mostrando essa religião, e sinceramente, ver o que fazem aqui é muito emocionante. Meu namorado é guarda e ver o que ele faz me emocionou bastante, eu chorei demais”
Questionada sobre algum pedido especial para Deus ou Nossa Senhora, ela respondeu com simplicidade “Não, não quero, quero só viver a emoção”, deixando transparecer a captura da essência da celebração, que a tocou profundamente o seu coração, abrindo-lhe as portas para uma nova compreensão da fé e da devoção mariana.
Em meio à atmosfera de fé e devoção que envolve o Círio de Nazaré, os pedidos e agradecimentos se manifestaram em todas as formas. Desde a busca por um emprego e a aprovação em concursos públicos até a realização do sonho da casa própria e a cura de enfermidades, os devotos depositaram suas esperanças em Nossa Senhora de Nazaré. Entre eles, um morador de Macapá compartilhou sua história de gratidão, participando do Círio como forma de agradecer a graça alcançada por sua filha.
A emoção era palpável no rosto de José Maria, que, com a voz embargada, compartilhou um testemunho de fé e gratidão no Círio de Nazaré. “Estar aqui neste momento é único”, afirmou. Para ele, a participação na festividade era uma forma de expressar sua profunda gratidão por uma bênção recebida por intermédio de Nossa Senhora de Nazaré. Sua filha, sofrendo de uma enfermidade que resistia a todos os tratamentos médicos, encontrou a cura através da fé. “Nossa Senhora estava peregrinando no meu bairro e eu levei minha filha para a calçada de casa. Quando Maria passou, eu pedi com todo o meu coração que a curasse”.
O milagre aconteceu em questão de dias. “Para a honra e glória de Nossa Senhora de Nazaré, nossa Mãe, em uma semana as chagas do corpo da minha filha desapareceram completamente. Ela foi curada!” Com os olhos marejados, José Maria concluiu “Hoje, venho somente agradecer”. Seu depoimento ecoa a fé inabalável de milhares de devotos que encontram em Nossa Senhora de Nazaré um refúgio de esperança e a certeza de que, com fé, milagres acontecem.
Ao final das emocionantes celebrações do Círio de Macapá, Dom Antônio de Assis proferiu aos cerca de 230.000 romeiros que encontravam-se a frente da Catedral Histórica de São José e nas suas imediações, uma mensagem final que focou na gratidão, na oração pela intercessão da Virgem Maria e na importância de encontrar esperança e serenidade através da família, especialmente para aqueles que enfrentam adversidades.
“Fechem seus olhos e agora pensem na sua família, para que haja esperança, serenidade, otimismo. Pensem na sua família, em alguém que está desesperado, com problemas, dificuldades, para que não desanime. Pensem, peçam a Maria essa graça da intercessão.
No Círio, em meio à fé que pulsa, Dom Antônio lembrou de algo essencial, que a imagem não é um ídolo, mas um portal. “Não cultuamos a madeira ou o gesso, mas a memória viva de Maria, que reside no céu e em nossos corações. A imagem nos serve de farol, guiando-nos para a história, para o exemplo de fé e amor que ela representa.
Quem nos acusa de idolatria, talvez, esteja preso às coisas terrenas, ao brilho efêmero do dinheiro. Nós, com o olhar fixo na imagem, elevamos nossos pensamentos a Maria, pedindo sua intercessão. Não somos tolos a ponto de nos apegarmos ao objeto, mas sábios o suficiente para reconhecer nele um símbolo da presença divina”, disse convidando os presentes a erguerem suas mãos em direção à imagem, conectando-os ao céu, e clamando “Maria, Santa e Gloriosa, interceda por nós!”
Dom Antônio também expressou profunda gratidão a todos que tornaram o Círio possível como sacerdotes, autoridades, pastorais, empresários e a cada fiel que doou seu tempo e talento. Ele celebrou a alegria e o otimismo que emanam da fé católica, convidando a todos a lutar pelo Reino de Deus. Pois, Círio é a concretização de uma profecia mariana, um chamado à bem-aventurança que ecoa através das gerações, encerrando, assim, o ‘91º Círio de Nossa Senhora de Nazaré’, em Macapá, com uma Ave Maria que ecoou pela cidade, reforçando a fé do povo macapaense.
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