por Dom Paulo Andreolli, SX
Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Belém
Caros leitores, neste início do mês de outubro, iniciamos uma nova semana com a atmosfera mariana que envolve Belém do Pará em preparação ao Círio de Nossa Senhora de Nazaré. Por isso, nossa reflexão caminhará para a beleza do Discipulado, contemplando a Virgem Maria, modelo dos verdadeiros discípulos de Cristo Jesus. Para esta ocasião, conto com a colaboração de Ir. Maria Rejiane da Mata Dias, Filha da Caridade.
A liturgia deste 27º Domingo do Tempo Comum destaca, dentre outros aspectos, a fé, a salvação e o caminho do Reino. As leituras fazem um urgente apelo para a vivência da humildade, buscando o reconhecimento de nossa pequenez, o compromisso autêntico com o Reino, bem como a gratidão pelos dons de Deus e nossa entrega confiante em suas mãos.
A Segunda Leitura (II Tm 1,6-8.13-14) indica que os discípulos são chamados a renovar diariamente o compromisso com Jesus Cristo e o Reino do Pai. Os enviados pelo Senhor devem liderar com firmeza, equilíbrio e amor, defendendo sempre a verdade do Evangelho.
No Evangelho (Lc 17,5-10) Jesus convoca os discípulos a seguirem o Projeto de Vida de Deus com coragem e radicalidade. Essa adesão convicta indica a fé assumida, que impulsiona para a construção do Reino de justiça e paz. Os discípulos colaboram nessa construção, entretanto não agem sozinhos: são instrumentos de Deus para a salvação. É preciso trilhar os caminhos da humildade e da gratuidade, como quem apenas fez o que tinha que fazer.
Nessa perspectiva de discipulado, olhemos para Maria. Ela que não temeu os perigos, mas colocou-se em saída, ao encontro dos irmãos, como nós bem conhecemos o episódio da visita a sua prima Isabel nas regiões montanhosas da Judeia. A jovem de Nazaré, depois do seu Sim dado a Deus na anunciação do anjo de que seria a Mãe do Salvador, põe-se a caminho. De fato, ela não tem medo dos perigos nem dos julgamentos dos outros e, movida pelo amor, vai ajudar quem precisa. Maria vai ao encontro de Isabel para compartilhar a fé no Deus que faz o impossível acontecer e a esperança no cumprimento das promessas.
O Papa Francisco já nos recordava que o encontro entre as duas mulheres inspira fé, esperança e alegria. Maria, “cheia de graça”, saúda Isabel e provoca a profecia na criança do ventre de Isabel, trazendo bênçãos: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre.” Também surge a sublime frase: “Bem-aventurada és tu que creste, pois se hão de cumprir as coisas que o Senhor te disse.”
Diante do reconhecimento da identidade messiânica de Jesus, Maria não fala de si mesma, mas de Deus, gerando um cântico de fé, esperança e alegria: o Magnificat, que é um cântico de redenção, com a memória da libertação de Israel do Egito. Os verbos no passado lembram o amor que ilumina o presente e aponta o futuro. Maria canta a graça do passado, mas é a mulher do presente que carrega o futuro no ventre.
Ao longo dos séculos, especialmente hoje, Maria é uma referência do discipulado: é quem encontra Jesus e o segue. O discípulo missionário caminha pela vida com Jesus, professando a fé e colocando o Evangelho em prática. Coloca-se a serviço do que Jesus ensinou, seguindo o mesmo modo de viver, relacionar-se com os outros e enfrentar os desafios.
Qualquer reflexão sobre o discipulado leva à Maria e ao seu papel na missão de Jesus. Ela é descrita como discípula-modelo, a mais perfeita de Cristo. Com a Igreja, Maria é vista como guia e mestra do discipulado. Quem segue Jesus e forma a Igreja precisa lembrar da fé que Maria viveu nas situações simples do dia a dia.
O contexto de Maria inclui sua vida de família e sua humanidade: ela foi mãe, cuidou do lar, de Jesus e de José, interagiu com familiares e vizinhos. Partilhou os ideais de justiça e as esperanças dos pobres. Maria foi uma jovem de seu tempo, ligada ao povo e em sintonia com a vontade de Deus.
Aprender com Maria no caminho do discipulado ajuda no crescimento espiritual, na formação e na sabedoria do que agrada a Deus. Significa manter a fé firme, seguir os ensinamentos da Igreja e viver de acordo com o Evangelho, mesmo diante de tantas ideias e provações.
Que Deus que nos conceda a graça de confiar em suas promessas e de acolher a presença de Maria em nossas vidas.
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