por Vívian Marler / Assessora de Comunicação do Regional Norte 2 da CNBB
fotos Sandro Barbosa e Dom Paulo Andreolli

O Círio de Nazaré em Belém do Pará chegou a sua 233ª edição, neste domingo 12 de outubro, e a capital paraense se vestiu de fé para celebrar a sua 233ª edição. A tradicional manifestação religiosa teve início com uma Celebração Eucarística, na Catedral da Sé, presidida pelo Arcebispo Emérito Dom Alberto Taveira Correa. A missa contou com a concelebração do Arcebispo Metropolitano de Belém, Dom Julio End Akamine, do Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Belém, Dom Paulo Andreolli, e de diversos bispos e padres convidados, incluindo Dom José Maria Chaves dos Reis, vice-presidente do Regional Norte 2 da CNBB, representando o Pará e o Amapá.

Dom Alberto Taveira Correa proferiu uma homilia inspiradora, unindo a solenidade de Nossa Senhora Aparecida, o Dia das Crianças e a grandiosidade do Círio de Nossa Senhora de Nazaré, destacando, em sua mensagem, o papel de Maria como guia na fé, convidando todos a formarem um só coração, irradiando amor e esperança.

O arcebispo emérito estendeu seu abraço aos presentes, especialmente às crianças, ressaltando que o Círio é um tempo de renovação, onde Jesus Cristo se faz presente. Ele acolheu a todos, comparando o local a Caná, à Igreja e ao Cenáculo, um lugar de anúncio do Reino de Deus.

Dom Alberto dirigiu-se àqueles que se sentiam distantes, aos curiosos e a todos que possuíam uma pequena semente de fé, incentivando-os a colocá-la à disposição de Deus. Ele enfatizou que, mesmo com uma fé do tamanho de um grão de mostarda, é possível transportar montanhas e encontrar um novo sentido na vida.

Destacou, ainda, a importância do serviço, lembrando que todos são servidores, à disposição do Senhor. Inspirando-se nos servos das bodas de Caná, que ofereceram a água da purificação, e aproveitou para convidar todos a superarem seus limites e fraquezas, buscando a caridade e o serviço como portas para o milagre de uma vida renovada sob a proteção de Maria.

“Maria de Nazaré não é uma substituta de Jesus, mas é aquela que o entrega à humanidade”, disse Dom Alberto, enfatizando a importância de seguir os ensinamentos de Cristo, inspirados na frase de Maria “Fazei tudo o que ele vos disser”. A imagem de Nossa Senhora de Nazaré, com Jesus no colo, simboliza essa entrega. A realeza de Maria, refletida na berlinda com tons de branco e amarelo, é celebrada como mãe do Rei e Rainha da Amazônia.

Dom Alberto concluiu sua homilia com uma reflexão sobre o nome “Círio”, que remete às velas acesas. Ele convidou o Espírito Santo a acender a chama da fé em cada pessoa presente no Círio, transformando-os em luzes para o mundo, dissipando a escuridão da violência e da maldade. “Belém, o Pará, o mundo precisa de você que veio para o Círio”, exclamou, incentivando a todos a permitirem que Deus acenda essa luz em seus corações e a irradiem onde estiverem.

Dom Alberto Taveira conclamou a um Círio de paz, saúde e tranquilidade, ressaltando o cuidado de Maria por todos e o convite à generosidade e atenção ao próximo, inspirados no Evangelho de São João. A multidão que toma as ruas de Belém expressa sua fé, devoção e amor a Nossa Senhora, enchendo os corações de alegria e gratidão.

Logo após o encerramento da celebração, a berlinda com a imagem de Nossa Senhora de Nazaré deixou a igreja e iniciou o percurso da 14ª procissão e romaria do 233º Círio de Nazaré.

Uma multidão estimada em 2,5 milhões de fiéis acompanhou a Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Nazaré em um percurso de 3,6 km, da Igreja da Sé à Praça Santuário. A procissão, que teve início após as 7h e chegou a Praça Santuário por volta do meio-dia, foi marcada por momentos de intensa emoção, com os pagadores de promessas, pessoas de vários credos ajudando visitantes na doação de água e alimentos, voluntários de ajuda humanitária dando suporte aos que necessitaram, turistas que visitavam a cidade para conhecer o Círio, pessoas anônimas e artistas, leigos e religiosos, todos em uma só sintonia com romeiros puxando a corda do Círio, símbolo da fé e gratidão do povo paraense. O amor e a devoção tomaram conta das ruas de Belém, transformando a manhã em um grandioso ato coletivo de fé e esperança.

Dom Paulo Andreolli, Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Belém, exaltou o amor missionário e o cuidado ao próximo no Círio de Nazaré, em sua homilia ao final da manhã, na Praça Santuário.

Recordou as visitações da imagem peregrina durante o período que antecedeu o Círio, questionando os fiéis sobre sua participação nesses momentos de fé e comunhão. O bispo ressaltou que o segredo de uma boa festa reside na preparação, e que as visitações da imagem de Nossa Senhora de Nazaré ensinam a todos a serem missionários. Ele destacou que o amor é a força motriz do missionário, citando o exemplo de uma mãe que não se cansa de cuidar de seus filhos. “O filho não pesa para uma mãe”, afirmou.

Dom Paulo enfatizou que a Igreja, como mãe, deve acolher a todos, e que não existe criatura mais bela e amorosa do que Nossa Senhora. Ele expressou a fé do povo paraense, que se manifesta através de lágrimas, orações e do próprio Círio de Nazaré.

O bispo lembrou que o Círio acontece no mês missionário, e que Maria ensina a Igreja a ser missionária, indo ao encontro das necessidades dos outros, a exemplo de Isabel. Ele exortou os fiéis a não desviarem o olhar dos necessitados, e a praticarem a caridade, seguindo a mensagem do Papa Leão, que nos convida a amar os pobres. “Nós temos que cuidar uns dos outros, pobres ajudando e cuidando dos outros pobres”, disse.

Dom Paulo concluiu sua homilia fazendo referência à leitura do dia, que narra a história de Ester, que aproveitou do agrado do rei para pedir a vida para si e para seu povo. Ele contrastou essa atitude com a de Salomé, que pediu a cabeça de João Batista. O bispo ressaltou que o poder deve ser usado para servir, e não para oprimir, e que Jesus sempre nos dá o melhor, superando nossas expectativas.