por Dom Paulo Andreolli, SX
Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Belém

Caríssimos leitores, estamos no 2º domingo do mês de outubro e temos diante de nós a grande Festa do Círio de Nossa Senhora de Nazaré, em Belém do Pará, a Solenidade de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, e ainda vivenciando a temática do mês missionário no Brasil. Por isso, convido vocês para uma reflexão que envolverá este bonito tripé.

O Círio de Nazaré é uma expressão da missão contínua de Maria, que nunca deixa de interceder por nós e de nos conduzir ao seu Filho. Durante as procissões, milhões de fiéis se unem em oração, pedindo a intercessão de Maria. A imagem de Nossa Senhora de Nazaré que é levada pelas ruas de Belém é um sinal da presença de Maria em meio ao povo, uma presença que nunca falha, que sempre leva a esperança e a luz. Isso nos lembra que a missão é uma caminhada, um movimento contínuo para levar a esperança a todos.

O mês de outubro, tradicionalmente dedicado à missão, se torna especialmente significativo para a Igreja no Brasil em 2025, com o convite a todos os cristãos a viverem o tema: “Missionários da esperança entre os povos”. Ele nos propõe um desafio claro: ser missionários da esperança, especialmente em um mundo cada vez mais marcado pela falta de sentido e pelo desânimo. O lema “A esperança não decepciona” (Rm 5, 5) nos recorda que a verdadeira esperança não se baseia em promessas vazias, mas em uma confiança firme no poder de Deus. No entanto, a missão não é apenas uma expectativa passiva; ela exige ação. É por meio da nossa ação cotidiana, no testemunho da fé e da caridade, que a esperança se torna visível para o mundo.

Na Solenidade de Nossa Senhora Aparecida as leituras reforçam o perfil missionário de Maria, ressaltando aspectos de sua vida que tornam a sua missão uma fonte de inspiração para os cristãos de todas as gerações. O Evangelho de João (2,1-11), que narra o primeiro sinal Jesus das bodas de Caná, é um exemplo claro disso. Ali, Maria não se limita a observar a necessidade, mas intervém com confiança, apontando para Jesus. Sua missão, portanto, começa com um olhar atento à realidade, movido pela misericórdia, e se traduz em ação concreta, uma ação que transforma a situação de falta em abundância.

Neste episódio, Maria não age em busca de reconhecimento ou glória, mas como intercessora. Ela se coloca em um lugar de serviço, de obediência à vontade de Deus. Em sua atitude, vemos um modelo claro de como deve ser o missionário: alguém que, movido por compaixão e confiança, aponta para Cristo, ajudando a outros a reconhecerem Nele a verdadeira resposta às suas necessidades mais profundas.

Maria, como missionária, nos ensina que a missão não é um evento isolado, mas uma vivência diária. Ela nos convida a viver a missão onde estamos, seja nas pequenas atitudes de caridade, nas escolhas que fazemos em favor dos mais pobres e necessitados, ou ainda, na nossa capacidade de enxergar além das dificuldades, mantendo sempre a confiança naquilo que Deus nos promete. Ela nos lembra que a esperança, embora possa ser desafiada pelas dificuldades da vida, nunca nos decepcionará, porque é sustentada pelo amor incondicional de Deus.

Ao mesmo tempo, a figura de Maria, em sua simplicidade e humildade, nos ensina que a missão é também um caminho de silêncio e escuta. Muitas vezes, a verdadeira missão não exige palavras eloquentes, mas atitudes de acolhimento, de presença constante, de serviço. Maria, ao estar presente nas bodas de Caná, exemplifica como a missão deve ser uma resposta silenciosa, mas eficaz, ao sofrimento e às necessidades do mundo.

A Igreja nos lembra que a missão é um mandato para todos os batizados. Somos chamados a ser missionários da esperança em nosso trabalho, em nossa família, em nossa comunidade, enfim, em todos os lugares. Como Maria, devemos olhar o mundo ao nosso redor e perceber as necessidades dos outros, levando-lhes, com gestos concretos, a esperança que só o Cristo pode oferecer.

Maria, como modelo de missionária, nos ensina que a missão começa com a escuta, com o olhar atento ao sofrimento do outro e com a coragem de interceder e agir. Que, como Maria, possamos ser portadores da esperança de Cristo, levando sua luz ao mundo e tornando-nos verdadeiros missionários do amor e da fé.

 

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