por Vívian Marler / Assessora de Comunicação do Regional Norte 2 da CNBB
Iniciou no final da tarde de hoje (25/9), em Manaus (AM), o ‘14º Mutirão da Comunicação – Muticom’ que reuniu mais de quinhentos agentes de pastoral, profissionais, estudantes e entusiastas da comunicação de todo o Brasil, e contou com a participação dos assessores de comunicação institucional dos regionais da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) Norte 1, Norte 2, Nordeste 4, Nordeste 5 e Leste 1, assim como tambem agentes da pastoral da comunicação (PASCOM) da Arquidiocese de Belém, e dioceses de Bragança, Cametá, Castanhal, e Óbidos.
O encontro deu início com a Santa Missa presidida pelo Cardeal Arcebispo Dom Leonardo Ulrich Steiner, e concelebrada por bispos e padres presentes na celebração. Em sua homilia, Dom Leonardo falou sobre a voz da fé como um chamado à comunhão e à transformação.
“Em meio aos desafios do nosso tempo, a fé se revela como uma poderosa força de conexão, um elo que nos une ao divino e uns aos outros. Para nós, Deus é o grande comunicador, e Jesus Cristo, seu filho, é o mensageiro do Reino, aquele que nos ensina a amar e a cuidar do próximo. Acreditamos que cada um de nós é chamado a participar dessa comunicação divina, a ser um portador da mensagem de esperança e transformação que emana de Cristo. Somos convidados a reconhecer a beleza e a sacralidade em cada criatura, a enxergar em cada rosto um reflexo do amor de Deus. Nesse sentido, somos desafiados a repensar nossa relação com o mundo e com o próximo, buscando uma comunicação mais autêntica e fraterna.
Que possamos construir pontes em vez de muros, que possamos promover o diálogo e a compreensão em vez da discórdia e da intolerância. Lutamos por um mundo onde a justiça, a paz e a solidariedade sejam os pilares da nossa convivência. Um mundo onde a comunicação seja um instrumento de transformação social, um meio para construir um futuro mais justo e fraterno para todos. Que possamos, inspirados pela fé, ser agentes de mudança em nosso tempo, construindo um mundo onde o amor e a esperança sejam a voz que ecoa em cada coração”.
Após Celebração Eucarística a equipe do Muticom ofereceu um jantar a todos os presentes, e em seguida, antes que os responsáveis pela realização do evento dessem as boas-vindas aos comunicadores. O cerimonial do evento convidou Natalina Martins Ricardo, do povo Baré, da Comunidade Parque das Tribos, a cantar o Hino Nacional em Nheengatu, a Língua Geral Amazônica.
O Irmão João Gutemberg, secretário executivo da Rede Eclesial Pan-Amazônica (Repam), ao dar as boas-vindas aos comunicadores, comparou a Amazônia como um encontro de Águas, culturas e esperanças.
“Manaus, cidade abençoada pela espiritualidade do encontro, acolhe as águas que vêm da Bolívia, do Peru, do Equador, da Colômbia, da Venezuela e das Guianas. Aqui, a igreja se encontra, a sociedade celebra seu folclore e os grandes diálogos científicos florescem. Neste cenário de união e diversidade, ecoam as palavras da Laudato Si’, que em breve completará 10 anos, lembrando-nos que cada espécie carrega consigo uma mensagem única e valiosa. Assim como a biodiversidade, a sociodiversidade da Amazônia, com suas culturas, tradições e línguas ancestrais, também corre perigo. É preciso unir forças e esperanças para combater a corrente que obscurece a beleza e desfigura a imagem da nossa região. Vamos proclamar a beleza através da comunicação, valorizando cada espécie e cada cultura, para que todos se sintam bem-vindos e animados a construir um futuro mais justo e sustentável para a Amazônia e para o mundo”, disse o secretário da REPAM.
Dom Valdir José de Castro, bispo da Diocese de Campo Limpo e presidente da Comissão Episcopal para Comunicação Social da CNBB, falou sobre a Comunicação como Encontro, como um chamado à Transformação Social e Ecológica.
“Neste 14º Mutirão de Comunicação, somos convidados a um diálogo aberto e transformador sobre a comunicação e a ecologia integral. Inspirados pela missão de Jesus, que se fez próximo e presente, somos chamados a usar a comunicação como ferramenta para construir um mundo mais justo e sustentável. Acreditamos que a verdadeira comunicação é aquela que promove o encontro, que valoriza a diversidade e que se preocupa com o bem comum. É aquela que nos leva a olhar para o outro, a ouvir suas histórias e a compartilhar seus sonhos. Que possamos, juntos, transformar a nossa sociedade e o nosso meio ambiente, construindo um futuro em que a comunicação seja sinônimo de respeito, solidariedade e esperança.
E explicou aos agentes e coordenadores da Pastoral da Comunicação a diferença entre eles e o trabalho que a Assessoria de Comunicação (ASCOM) realizam, que são dois olhares complementares na comunicação.
“No vasto campo da comunicação, a Pastoral da Comunicação (PASCOM) e a Assessoria de Comunicação (ASCOM) desempenham papéis distintos, mas complementares. Enquanto a PASCOM se volta mais para o ambiente interno da igreja, buscando fortalecer os laços entre os fiéis e promover a evangelização, a ASCOM alarga seus horizontes, dialogando com a sociedade, as universidades e os profissionais da comunicação, fazendo com que o trabalho realizado pelas paroquias sejam difundidos no horizonte institucional e externo da grande mídia. Essa abertura para o mundo exterior permite um esforço comum, buscando construir uma comunicação que promova o encontro, a justiça e a transformação social”, explicou Dom Valdir.
Dom Hudson Ribeiro, diretor da Faculdade Católica do Amazonas e bispo Auxiliar da Arquidiocese de Manaus, falou que a comunicação é a Base para um Futuro Sustentável na Amazônia. “Em tempos desafiadores, a comunicação se apresenta como alicerce fundamental para a construção de um futuro mais justo e sustentável na Amazônia. É através do diálogo responsável, da busca pela verdade e da valorização das vozes da região que poderemos fortalecer a democracia, promover a ecologia integral e impulsionar o desenvolvimento. Acreditamos que a comunicação tem o poder de inspirar esperança, de conectar pessoas e de transformar realidades. Que possamos, juntos, construir uma comunicação que seja instrumento de justiça social, de preservação ambiental e de promoção da dignidade humana”.
Alejandro Caro vice-presidente, da Agência de Notícias Signis, explanou que a Muticom é um chamado à ação por uma comunicação sustentável “em Manaus, o encontro Multicom reúne vozes engajadas na busca por soluções para a insustentabilidade justa. Espero que este diálogo sobre comunicação e ecologia integral inspire a mobilização nacional e local, transformando palavras em ações concretas por um futuro mais justo e sustentável para todos”, desejou o representante da Signis.
Padre Geraldo-Bendaham, coordenador de Pastorais e coordenador da Muticom da Arquidiocese de Manaus explicou que a Amazônia é um Grito de Esperança e Ação em Meio à Degradação. “Diante da severa degradação ambiental que assola a Amazônia, erguemos nossas vozes em um clamor por esperança, fé e ação coletiva. Unindo forças com a Igreja e organizações como a CNBB, buscamos promover uma transformação social que nos conduza a um futuro sustentável. Resistimos à exploração econômica destrutiva, certos de que, juntos, podemos construir um caminho de respeito à natureza e dignidade humana. Que a nossa fé seja a força motriz que nos impulsiona a agir em defesa da Amazônia e de um futuro melhor para todos”.
O arcebispo metropolitano de Manaus, cardeal Dom Leonardo Steiner, falou, em seu discurso final, sobre o seu desejo pela busca de uma transformação profunda e uma reflexão urgente. “Meu desejo primordial é que, enquanto sociedade, não hesitemos em discutir e aprofundar as complexas questões da comunicação e da tecnologia integral. Esta não é uma tarefa trivial. Ela exige um olhar multifacetado, abrangendo inúmeros aspectos e dimensões. Não se trata de um mero exercício de preservação ou de uma adesão simplista à retórica do desenvolvimento, frequentemente usada como biombo para justificar a destruição ambiental. É preciso ir além da superficialidade de constatar que não há um sistema econômico em ruínas, uma falácia diante da destruição que vemos. Existem outros elementos intrínsecos à condição humana que clamam por reflexão.
Creio firmemente que a verdadeira comunicação de um anseio por transformação só se manifestará quando ousarmos poetar novamente. Como bem ponderava o grande pensador Schering, o caminho da humanidade rumo à transformação perpassa a poesia. Uma poesia que é, em essência, uma profunda imersão na realidade, em sua dimensão mais íntima. É ali que fomos, e somos, atingidos por uma força que molda e guarda nossas relações mais profundas.
Desde que existimos, acumulamos experiências em um “compilhão” de vivências que, sem medo, nos convoca a aprofundar as dimensões mais exigentes de nossa existência. A técnica da destruição, por exemplo, que tanto nos aflige, não é desprovida de um pensamento por trás. Não se reduz apenas a questões financeiras; reside numa forma de conceber o mundo que, como criticava Heidegger, é um pensamento calculante. A questão é como transcendemos essa lógica para alcançar uma profundidade genuína?
É fundamental que nos tornemos pessoas capazes de comunicar essa transformação. O Padre Geraldo nos lembrava o que Jesus veio fazer senão transformar nossas vidas. Ao anunciar o Reino de Deus, Ele propôs um novo modo de viver, um estado onde tudo se encaixa, onde nos sentimos em casa.
É meu sincero desejo que nossas discussões e debates sejam marcados pela liberdade, sem receio ou medo. Somente assim poderemos encarnar verdadeiramente a presença do Evangelho em nossa realidade. Na Amazônia, por exemplo, é esse o nosso constante esforço buscar as razões mais profundas, caminhar na esperança.
A responsabilidade por abrir caminho para essa transformação é coletiva. Embora eu reconheça minhas limitações, sei que esta é uma tarefa que transcende o individual, exigindo liderança e compromisso de todos. Por isso, concluo, não fiquemos apenas sentados à mesa; levantemo-nos, em atitude de prontidão”, encerrou passando a voz a Dom Valdir José de Castro, como presidente da Comissão Episcopal para Comunicação Social da CNBB, para abrir oficialmente o ‘14º Mutirão da Comunicação’.
Para encerrar a primeira noite do evento, um grupo de dança folclórica do Amazonas, apresentou as principais toadas dos bois Caprichoso e Garantido, que agitaram os presentes com a presença de suas alegorias representando e simbolizando temas e narrativas dentro das apresentações do Festival de Parintins.
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