por Dom Vital Corbellini
Bispo da Diocese de Marabá

Nós meditamos a Campanha da Fraternidade 2025 sobre a Ecologia Integral, pelo fato de que todas as pessoas cuidem da Casa Comum, e sejam guardiões da mesma. O poder dado pelo Senhor ao ser humano é percebido como serviço, da vida que deve ser levada adiante sem a depredação da biodiversidade, das coisas boas que o Senhor deu para o bem da vida humana e à glória do Deus Criador. É importante meditar a palavra dos padres da Igreja a respeito do Senhor, de Deus como Criador de tudo e a relação com a Campanha da Fraternidade deste ano 2025.

O Senhor e Criador de tudo

A Carta a Diogneto escrita no século II afirmou a importância da doutrina cristã, pois esta na sua concepção não era uma invenção humana, mas ela provinha do verdadeiro Senhor e Criador de tudo, o Deus invisível, que fez descer do céu, para o meio dos seres humanos, a verdade, a palavra santa[1], Jesus Cristo para o bem da humanidade e a salvação do mundo. Deus Pai, no seu Filho criou tudo em vista de sua glória infinita.

O enviado neste mundo: o artífice das coisas

 O escrito da Carta a Diogneto continuou afirmando que o Senhor não mandou para os seres humanos algum de seus servos, ou um anjo, ou ainda algum dos príncipes que governam as coisas terrestres, mas o próprio artífice e Criador do universo, isto é, Aquele que por meio do qual Ele criou os céus e através do qual encerrou o mar seus limites (cfr. Jó 38,10)[2], Jesus Cristo, o Salvador.  

Os elementos são guardados

A descrição que a Carta a Diogneto faz do Senhor e Criador de tudo diz respeito Àquele cujo mistério todos os elementos guardam de uma forma fiel, Àquele de cuja mão o sol recebeu as medidas que deve observar, em seu curso cotidiano; Àquele a quem a lua obedece, quando esta é chamada a luzir durante a noite[3].

A obediência dos elementos

O Senhor Deus Criador fez as estrelas que formam o séquito da lua em seu percurso. Ele ordenou a todas as coisas, do qual tudo foi delimitado e disposto: os céus e as coisas que existem nos céus, a terra e as coisas que existem na terra, o mar e as coisas que existem no mar, o fogo, o ar. o abismo, aquilo que está no alto, o que existe no profundo e o que está no meio[4]. Tudo isto fez o Senhor para o bem da humanidade.

Deus enviou o seu Filho

A vinda do Filho de Deus está ligada à reconciliação entre Deus e a criatura. Alguém poderia pensar esta vinda ligada à tirania ou para infundir nas coisas criadas medo e prostração?! O Senhor enviou o seu Filho não para condenar o mundo, mas para que seja salvo por Ele (cfr. Jo 3,17)[5].

A árvore que dá fruto verdadeiro

A Carta a Diogneto colocou também a árvore verdadeira na qual a pessoa seguidora de Jesus é chamada a agarrar-se, que é o Senhor Jesus, porque produzirá a pessoa muitos frutos agradáveis, nos quais a serpente enganadora não pode tocar, nem haja mistura de engano, de falsidades, mas só a verdade que é o Senhor e onde haja a Páscoa do Senhor, a passagem da morte para a vida eterna[6].

O Deus Criador

Atenágoras de Atenas, padre apologista do século II afirmou o Deus Criador é um só, diante do politeísmo dos gregos e dos romanos. Ele criou todas as coisas e os seres humanos. O criado é semelhante aos seus modelos, mas o Incriado não se assemelha a nada, pois não foi feito por ninguém, nem para ninguém. O Deus Criador do mundo está acima da criação e habita nas pessoas, nos povos que o amam de fato[7].

A fé em Deus Uno e Trino

Atenágoras escreveu a respeito da fé em um só Deus, Eterno, pelo qual tudo foi feito através do Verbo que Dele vem, e pelo qual tudo foi ordenado e se conserva no Universo e nas coisas. Desta forma há a unidade entre o Pai e o Filho e o Filho com o Pai e também no Espírito Santo. Como todas as coisas procedem de Deus tudo foi feito por Deus Uno e Trino, de modo que era criado por natureza informe e a terra estava inerte[8]. Deus criou todas as coisas para o bem do ser humano e à gloria dele.

[1] Cfr. A Carta a Diogneto, 7,1-2. In: Padres Apologistas. São Paulo, Paulus, 1995, pg. 24.

[2][2] Cfr. Idem, 7,2, pg 24.

[3] Cfr. Ibidem, pg 24.

[4] Cfr. Ibidem, pgs. 24-25.

[5] Cfr. Ibidem, 7,3, pg. 25.

[6] Cfr. Ibidem, 12, 8, pg. 30.

[7] Cfr. Atenágoras de Atenas. Petição em favor dos cristãos, 88. In: Idem, pgs. 128-129.

[8] Cfr. Idem, pg. 131.