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por Vívian Marler / Assessora de Comunicação do Regional Norte 2 da CNBB
Na manhã desta quinta-feira (25) Papa Leão XIV encontrou-se com os seminaristas das dioceses do Triveneto, região de profundas raízes cristãs, que estão em Roma para peregrinação jubilar, e os incentivou a se inserirem na história de fé, a não desanimarem diante das dificuldades, e a se inspirarem em modelos de vida sacerdotal. Ele também recordou a conversão de Santo Agostinho, enfatizando a importância de confiar em Deus e de não se apoiar apenas em si mesmos.
O Pontífice exortou os seminaristas a cultivarem a comunhão, a confiarem nos seus formadores, e a se sentirem sustentados pela Igreja. Ele também destacou a importância de manterem o olhar fixo em Jesus, cultivando a amizade com Ele. E concluiu o seu discurso agradecendo a visita dos seminaristas, desejando-lhes um bom caminho, e invocando a proteção de Maria e a sua bênção.
Leia abaixo o discurso na integra, com tradução livre do Italiano.
DISCURSO DO SANTO PADRE LEÃO XIV AOS SEMINARISTAS DAS DIOCESES DO TRIVENETO
“Bom dia, bom dia!
Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. A paz esteja convosco!
Caros confrades no Episcopado,
caros formadores e seminaristas das dioceses do Triveneto,
estou contente por poder encontrar-vos por ocasião da peregrinação jubilar. Penso que todos estavam presentes também ontem, então esta é a segunda oportunidade. A vossa terra ostenta profundas raízes cristãs, que nos reconduzem à antiga Igreja de Aquileia. Nesta memória de fé, espiritual, resplandece o testemunho de muitos Mártires e de santos Pastores. Recordamos o bispo Cromácio; recordamos Jerônimo e Rufino, exemplares no estudo e na vida ascética; como também os beatos Tullio Maruzzo e Giovanni Schiavo, missionários que irradiaram o Evangelho em diversos povos, línguas e culturas.
Hoje cabe a nós continuar esta obra apaixonante. Em particular, vós seminaristas sois chamados a inserir-vos nesta rica história de graça, para a custodiar e renovar no seguimento do Senhor. Não vos desencorajeis se às vezes o caminho que vos está à frente se torna difícil. Como disse ao clero de Roma o beato João Paulo I, treinai-vos na disciplina de um «esforço continuado, longo, não fácil. Até os anjos vistos em sonho por Jacó não voavam, mas faziam um degrau de cada vez; imaginem nós, que somos pobres homens privados de asas» (Discurso ao clero romano, 7 de setembro de 1978). Falava assim um Pastor em quem brilharam as melhores virtudes do vosso povo: nele tendes um verdadeiro modelo de vida sacerdotal.
Gostaria também de recordar uma passagem da conversão de Santo Agostinho, como nos é referida por ele mesmo nas suas Confissões. Por um lado, ele desejava decidir-se por Cristo, por outro, era retido por escrúpulos e tentações. Profundamente perturbado, um dia retirou-se para refletir no jardim de casa; e ali apareceu-lhe personificada a virtude da Continência, que lhe disse: «Por que te apoias – e não te apoias – em ti mesmo? Lança-te em Deus sem temor. Ele não se retirará para te fazer cair. Lança-te tranquilo, ele te acolherá e te curará» (Conf. VIII, 27).
Como um pai, repito a vocês estas mesmas palavras, que fizeram tanto bem ao coração inquieto de Agostinho: elas não valem apenas em referência ao celibato, que é um carisma a reconhecer, custodiar e educar, mas podem orientar todo o vosso percurso de discernimento e de formação para o ministério ordenado. Em particular, estas palavras vos convidam a ter uma ilimitada confiança no Senhor, o Senhor que vos chamou, renunciando à pretensão de bastar a vós mesmos ou de poderdes dar conta sozinhos. E isto vale não só para os anos de Seminário, mas para toda a vida: em cada momento, tanto mais naqueles de desolação ou até mesmo de pecado, repeti a vós mesmos as palavras do salmista: «Entrego-me à fidelidade de Deus agora e sempre» (Sal 51,10). A Palavra de Deus e os Sacramentos são fontes perenes, das quais podereis sempre retirar nova seiva para a vida espiritual e também para o compromisso pastoral.”
Não vos penseis, portanto, sozinhos, e nem mesmo vos penseis por conta própria. Sem dúvida – como afirma a Ratio fundamentalis – cada um de vós «é o protagonista da própria formação e é chamado a um caminho de constante crescimento no âmbito humano, espiritual, intelectual e pastoral» (Congr. para o Clero, Il dono della vocazione presbiterale, 130); mas protagonistas não significa solistas! Por isso, convido-vos a cultivar sempre a comunhão, antes de tudo com os vossos companheiros de Seminário. Tende plena confiança nos vossos formadores, sem reticências ou duplicidades. E vós, formadores, sede bons companheiros de caminho dos seminaristas que vos são confiados: oferecei-lhes o humilde testemunho da vossa vida e da vossa fé; acompanhai-os com afeto sincero. Saibam-se todos sustentados pela Igreja, antes de tudo na pessoa do Bispo.
Finalmente, a coisa mais importante: mantenham o olhar fixo em Jesus (cf. Hb 12,2), cultivando a relação de amizade com Ele. A este propósito, assim escreveu o presbítero inglês Robert Hugh Benson (1871-1914) após a sua conversão ao catolicismo: «Se há uma coisa que não deixa dúvidas no Evangelho é precisamente esta: Jesus Cristo deseja ser nosso amigo. […] O segredo que constituiu os santos é todo aqui: a consciência da amizade de Jesus Cristo» (A amizade de Cristo, Milão 2024, 17). Ele pede, como escrevia o Papa Francisco na Encíclica Dilexit nos, «para não te envergonhares de reconhecer a tua amizade com o Senhor. Pede-te para teres a coragem de contar aos outros que é um bem para ti tê-lo encontrado» (n. 211). Encontrar Jesus, de fato, salva a nossa vida e nos dá a força e a alegria de comunicar o Evangelho a todos.
Caríssimos, obrigado por esta visita. Bom caminho! Acompanhe-vos sempre a Virgem Maria, e também a minha bênção. Obrigado!
[Recitação do Pai Nosso]
[Bênção]
Bom dia! Muitas graças, e bom caminho de fé!”