por Vívian Marler / Assessora de Comunicação do Regional Norte 2 da CNBB
Em um discurso inspirador na casa de Pedro, o Papa Leão XIV convocou, na manhã desta sexta-feira (19/9), os participantes dos encontros promovidos pelo CELAM a refletirem sobre o Jubileu, a Esperança e a Família, pilares essenciais para a renovação da fé e da sociedade. O Santo Padre destacou a importância de retornar às raízes da fé, fortalecer os laços familiares e promover a esperança em um mundo marcado por desafios e incertezas.
Papa Leão XIV recebeu, na Sala do Consistório, em Roma, os participantes dos encontros promovidos pelo Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM), a Pontifícia Academia para a Vida e o Instituto João Paulo II. Em seu discurso, o Santo Padre abordou temas centrais para a Igreja e a sociedade contemporânea: o Jubileu, a Esperança e a Família.
O Papa Leão XIV iniciou sua reflexão evocando o Jubileu, um tempo de regresso às origens da justiça e da misericórdia divina. Ele convidou os presentes a voltarem-se para o centro de suas vidas, para Deus, e a valorizarem as raízes da fé recebida de seus pais e avós.
Em seguida, o Santo Padre abordou o tema da Esperança, um caminho para o encontro com a Verdade que é o próprio Deus. Ele alertou para o perigo de depositar a confiança em seguranças humanas e expectativas mundanas, e recordou os desafios que ameaçam a dignidade da família, como a pobreza, a falta de trabalho, os abusos e as guerras.
Por fim, o Papa Leão XIV destacou a importância da Família como um dom e uma tarefa. Ele exortou a fomentar a corresponsabilidade e o protagonismo das famílias na vida social, política e cultural, e a reconhecer o papel fundamental de cada membro na construção de um mundo mais justo e fraterno.
O discurso do Papa Leão XIV, na integra, ao final desta materia, foi um chamado ao compromisso e à alegria transbordante que deve caracterizar os discípulos de Cristo. Ele encorajou as famílias a serem um canto silencioso de esperança, capazes de difundir a luz de Cristo e levar a alegria do Evangelho a todos os cantos da terra.
DISCURSO DO SANTO PADRE LEÃO XIV
AOS PARTICIPANTES NOS ENCONTROS PROMOVIDOS PELO CONSELHO EPISCOPAL LATINO-AMERICANO (CELAM),
A PONTIFÍCIA ACADEMIA PARA A VIDA E O INSTITUTO JOÃO PAULO II
Sala do Consistório – Sexta-feira, 19 de setembro de 2025
Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
“A paz esteja convosco.
Muito bom dia, perdoem-me pelo ligeiro atraso, obrigado pela paciência. Vamos compartilhar uns poucos momentos, mas é um prazer.
Estou contente por recebê-los hoje na casa de Pedro, a casa da Igreja, onde todos devemos sentir-nos como uma grande família reunida em torno ao fogo do seu amor. Vocês têm dialogado durante estes dias seguindo um método sinodal, refletindo sobre algumas questões da atualidade que afetam a vida familiar. Viver a sinodalidade na família requer “caminhar juntos”, compartilhando penas e alegrias, dialogando respeitosa e sinceramente entre todos os seus membros, aprendendo a escutar-se e a chegar a tomar as decisões familiares importantes para todos.
Seguindo este tema, e como diria o nosso querido Papa Francisco, proponho três palavras para refletir juntos: jubileu, esperança e família.
Jubileu, no Antigo Testamento, evocava o regresso: voltar à terra, à condição primeira de homens livres, às origens da justiça e da misericórdia da misericórdia de Deus (cf. Lv 25). Hoje, esse voltar devemos lê-lo como um chamado a regressar ao centro de nossa vida, a Deus mesmo, ao Deus de Jesus Cristo.
O Jubileu também nos convida a pensar em nossas raízes: na fé recebida de nossos pais, na oração perseverante de nossas avós desfiando as contas do rosário, em sua vida simples, humilde e honesta que, como fermento, sustentou tantas famílias e comunidades. Nelas aprendemos que Jesus é o Caminho, a Verdade e a Vida (cf. Jo 14,6). Nele encontramos nossa verdadeira alegria: o júbilo de sabermos em casa, no lugar onde devemos estar.
O Jubileu da Esperança é um caminho para o encontro com essa Verdade que é o próprio Deus. Jesus, ao começar a sua missão, descreve este jubileu como ano de graça (cf. Lc 4,19) e, depois da ressurreição, chama os discípulos a “voltar à Galileia” (cf. Mt 28,10). Não devemos cair no perigo de fundar as nossas vidas em seguranças humanas e em expectativas mundanas. No âmbito social, poderíamos traduzir essa tentação na tentativa de “ir andando”, como dizia São Pier Giorgio Frassati (cf. Carta a Isidoro Bonini, 27 de fevereiro de 1925), recentemente canonizado. Além disso, estamos conscientes de que hoje em dia existem autênticas ameaças à dignidade da família, como, por exemplo, os problemas relativos à pobreza, a falta de trabalho e de acesso aos sistemas de saúde, os abusos aos mais vulneráveis, as migrações, as guerras (cf. Francisco, Exort. ap. pós-sin. Amoris Laetitia, 44-46). As instituições públicas e a Igreja têm a responsabilidade de procurar como promover o diálogo e fortalecer os elementos na sociedade que favoreçam a vida em família e a educação de seus membros (cf. S. João Paulo II, Carta enc. Sollicitudo Rei Socialis, 8).
Nesse contexto, podemos entender a família como um dom e uma tarefa. É crucial fomentar a corresponsabilidade e o protagonismo das famílias na vida social, política e cultural, promovendo a sua valiosa contribuição na comunidade. Em cada filho, em cada esposa ou esposo, Deus nos encomenda o seu Filho, a sua Mãe, como fez com São José, para ser, junto com eles, base, fermento e testemunho do amor de Deus no meio dos homens. Para ser Igreja doméstica e lar onde arda o fogo do Espírito Santo, difunda o seu calor, ofereça os seus dons e experiências para o bem comum e convoque a todos a viver na esperança.
São Paulo VI, na sua célebre homilia em Nazaré, exortava a seguir o exemplo da Sagrada Família, acompanhando, sustentando o outro no silêncio, no trabalho e na oração, para que Deus realize nele o projeto de amor que lhe reservou. Este é o amor que se encarna em cada vida nascida na fé desde o batismo e ungida “para proclamar este ano de graça” a todos, que encontrará Jesus na Eucaristia e no sacramento do perdão, que o seguirá na missão como sacerdote, como pai cristão ou como consagrado, até ao encontro definitivo, até à meta da nossa esperança.
Queridos irmãos e irmãs, a conclusão desta reflexão deve ser um chamado ao compromisso e a essa alegria transbordante que invadiu os discípulos ao encontrar Jesus Ressuscitado e os levou a proclamar o seu nome por toda a terra. Santo Agostinho definia esse “júbilo” como um regozijo que não se pode expressar com palavras e que é próprio, especialmente, do Inefável (cf. Comentário ao Salmo 94, 3). Que as nossas famílias sejam esse canto silencioso de esperança, capaz de difundir com a sua vida a luz de Cristo, «para que a alegria do Evangelho – citando o Papa Francisco – chegue até aos confins da terra e nenhuma periferia se prive da sua luz» (Francisco, Exort. ap. Evangelii Gaudium, 288).
A todos vocês confio à intercessão da Sagrada Família de Nazaré, modelo perfeito que Deus oferece como resposta ao grito desesperado de ajuda de tantas famílias. Ao imitá-la, os nossos lares serão tochas vivas da luz de Deus. Que o Senhor os abençoe. Muito obrigado.
O Senhor esteja convosco.
Bendito seja o nome do Senhor.
O nosso auxílio está no nome do Senhor.
Abençoe-vos Deus Todo-Poderoso, Pai, Filho e Espírito Santo.
Amém”
…….
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