Cerca de 37 universitários da UnB (Universidade de Brasília) estiveram na manhã deste sábado, 07, na sede da CNBB Norte 2, em Belém. Eles são acompanhados por alguns técnicos e professores e iniciam mais uma edição do projeto “Vivência Amazônica”, cujo objetivo é aproximar os alunos da realidade e causa amazônica através da observação e acompanhamento do modo de vida e trabalho de povos indígenas, quilombolas, agricultores familiares, extrativistas, entre outros. De 30 de novembro a 20 de dezembro, os participantes visitam diversas entidades e organismos presentes em 18 cidades de quatro estados brasileiros: Pará, Maranhão, Tocantins e Mato Grosso.
O projeto, iniciado em 2016, está em sua quarta edição e percorre, pela segunda vez, o estado do Pará. O convite, desta vez, surgiu por dom Evaristo Spengler, prelado do Marajó, quando esteve em junho deste ano no II Fórum Internacional sobre a Amazônia (FIA), realizado na UnB. “Estando neste evento como representante da Rede Eclesial Pan-Amazônica, eu conheci o projeto e alguns integrantes e lancei o convite: ‘venham conhecer o Marajó’. Eles aceitaram e, agora, nós podemos ajudá-los a conhecer a nossa realidade concreta já estudada por eles”, disse o bispo.
A professora doutora Enaile Iadanza, do Núcleo de Estudos Amazônicos (NEAZ) da UnB, explica que o “Vivência Amazônica” foi construído na coletividade a partir da disciplina “Tópicos Especiais sobre a Amazônia”, ministrado em alguns cursos. “Nós percebemos que havia uma necessidade de mostrar a Amazônia na realidade para eles, então esse projeto de extensão universitária acabou se tornando um caminho de possibilidade e descoberta dos rostos desta gente amazônica e visibilização da história deste povo”, disse. Enaile destacou o trabalho coletivo para concretizar a viagem e garantir o sucesso desta imersão. “Há uma integração da equipe uns seis meses antes da viagem. Para arrecadar fundo eles promovem diversos eventos como saraus, vendas de comidas, livro-ouro, entre outros. Além disso há uma organização sistemática de 8 comissões que asseguram toda logistica de transporte, alimentação, higiene, saúde, comunicação, etc”.
Após uma manhã de formação com a ecóloga Ima Oliveira, do Museu Emílio Goeldi (Belém-PA), e a coordenadora regional da Comissão Justiça e Paz (CJP), Henriqueta Cavalcante, os jovens embarcam no fim da tarde deste sábado, 07, para Breves, na Ilha do Marajó. A chegada é prevista para o começo da manhã de domingo, 08. Após se alocarem no Centro de Espiritualidade Tagaste, os universitários participam de roda de conversa sobre a realidade marajoara. A noite, o grupo Triunfantes Danças faz uma apresentação musical regada à carimbó e outras danças paraenses.
Na segunda e terça-feira, o grupo percorrerá algumas comunidades de Breves, Portel e Melgaço, municípios que compõem a Prelazia do Marajó. Na segunda-feira, a programação será por conta da Universidade Federal do Pará que os conduzirá às localidades de Vila Intel I e II e Magebrás para conhecerem projetos de extensão universitária mantidas pela UFPa.
Na terça-feira, o grupo passará por Portel e Melgaço. Conhecerão a comunidade de Santo Ezequiel Moreno, em Acutipereira. Nesta comunidade há o Fundo Açaí que consiste numa ajuda coletiva dos extrativistas de açaí. De cada rasa vendida, uma parte é reservada para a comunidade usar nas necessidades próprias como a construção de pontes.
Retornando a Belém, o grupo segue viagem e ainda passará por Marabá, Eldorado dos Carajás, Redenção e outros municípios paraenses.