As missionárias Jane Dwyer (à esquerda) e Katia Webster diante do túmulo de Dorothy Stang, em Anapu. Ao lado, o fusca utilizado nas missões da irmã mártir. (Foto: Lilo Clareto)

com informações do Comitê Dorothy e CPT Anapu/PA
edição Carlos Henrique Silva / Comunicação CPT Nacional

Entre os dias 11 a 14 de fevereiro, uma série de atividades no estado do Pará marca a memória dos 20 anos do martírio da missionária Dorothy Mae Stang. Pertencente à congregação religiosa das Irmãs de Notre Dame de Namour, a irmã Dorothy teve uma trajetória de luta em defesa dos povos e comunidades tradicionais vítimas dos conflitos fundiários no norte do país, principalmente no estado do Pará, e foi assassinada em 12 de fevereiro de 2005, por se opor aos interesses dos grandes latifundiários.

A programação é organizada pelo Comitê Dorothy em parceria com diversos movimentos e entidades, e tem o objetivo de celebrar a memória de Dorothy e ecoar sua luta em defesa da Amazônia e seus povos.

Uma das principais atividades é o Cine Debate sobre a “Vida, luta e martírio de Dorothy Stang”, que primeiro será exibido na terça-feira (11) no auditório do IFCH, na Universidade Federal do Pará (UFPA). Após o filme, uma mesa de debate conta com a presença da Profa. Dra. Edna Castro (UFPA) e do Prof. Dr. Rogério Miranda (FGC-PPGEO-UFPA). O Cine Debate também será levado a outras localidades, como o Movimento República de Emaús, a Universidade do Estado do Pará (UEPA), a Escola Municipal Umbelino Ferreira (município de Viseu) e o Centro de Cultura Libertária da Amazônia (CCLA).

Outra atividade é o Ato Inter-religioso “20 anos do Martírio de Dorothy Stang e a luta em defesa da Amazônia”, marcado para a quarta-feira (12), às 9 horas, momento em que houve a violência. A concentração acontece na Praça do Centro Arquitetônico de Nazaré (CAN), em Belém. O momento também contará com o lançamento do Jornal Resistência – Edição Extra sobre Dorothy, uma iniciativa da Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos (SDDH).

Uma mártir na luta pela floresta

Estadunidense naturalizada no Brasil, a irmã Dorothy Mae Stang nasceu em 07 de junho de 1931, chegando ao Brasil em 1966 e atuando na região amazônica desde os anos 1970, onde também integrou a Comissão Pastoral da Terra (CPT) em Marabá/PA, se tornando uma referência na luta pelo direito à terra e pela preservação do meio ambiente.

Desenvolvendo projetos de renda junto a famílias camponesas como a colheita de madeira sem destruir a floresta, Dorothy recebia ameaças por estar em uma área disputada por madeireiros e latifundiários, mas não se deixava intimidar: “Não vou fugir e nem abandonar a luta desses agricultores que estão desprotegidos no meio da floresta. Eles têm o sagrado direito a uma vida melhor numa terra onde possam viver e produzir com dignidade sem devastar”. Aos 74 anos, Dorothy Stang foi assassinada com seis tiros, a mando do fazendeiro Regivaldo Pereira Galvão, numa estrada de terra de difícil acesso a 53 quilômetros de Anapu.

Confira a programação completa:

11.02 – Cine Debate sobre a “Vida, luta e martírio de Dorothy Stang” – 16h

Local: Auditório do IFCH-UFPA

Debatedores: Profa. Dra. Edna Castro (UFPA) / Prof. Dr. Rogério Miranda (FGC-PPGEO-UFPA)

12.02 – Ato político e inter-religioso “20 anos do Martírio de Dorothy Stang e a luta em defesa da Amazônia” / Lançamento do Jornal Resistência (SDDH) – Edição Extra sobre a Dorothy – 9h

13.02 – Cine Debate sobre a “Vida, luta e martírio de Dorothy Stang” – 10h às 12h

Local: Movimento República de Emaús – Bengui

14.02 – Cine Debate sobre a “Vida, luta e martírio de Dorothy Stang” – 16h

Local: UEPA (sala de aula do PPGG (CCSE – Djalma Dutra)

14.02 – Cine Debate sobre a “Vida, luta e martírio de Dorothy Stang” – 16h

Local: E M E F Umbelino Ferreira – SEDE / Escola Municipal (Viseu/PA)

15.02 – Cine Debate sobre a “Vida, luta e martírio de Dorothy Stang” – 16h

Local: Centro de Cultura Libertária da Amazônia – CCLA

Também no dia 12, em Anapu, uma Missa acontecerá às 09 horas no Centro de Formação São Rafael, onde a irmã está enterrada, em memória, partilha e celebração da vida de Dorothy, organizado pelas irmãs que dão continuidade à caminhada, como sementes que brotam e frutificam. Após a celebração, haverá almoço comunitário, aberto a todas as pessoas que se achegarem em comunhão.