por Dom José Ionilton Lisboa de Oliveira, SDV
Bispo da Prelazia do Marajó

Hoje, dia 24 de agosto, quarto domingo do mês Vocacional, início da Semana dedicada à Vocação Laical, presidi a Eucaristia na Matriz da Paróquia Ascensão do Senhor, em Ananindeua, próximo de Belém.

Como a celebração não foi transmitida, quero compartilhar com vocês que me acompanham no Facebook e no Instagram a minha reflexão sobre o Evangelho deste domingo: Lucas 13, 22-30.
Lucas escreve que perguntaram a Jesus: “Senhor, são poucos os que se salvam?” (versículo 23). Jesus não disse seriam poucos ou muitos. Sabemos, por Jesus, que a salvação que Ele nos trouxe é para todos: “Eu vim para que todos tenham vida” (João 10, 10). Mas Jesus faz um alerta importante: “Esforcem-se para entrar pela porta estreita” (versículo 24). Qual seria esta porta estreita? Podemos dizer que esta porta estreita é a porta do amor, da solidariedade com os excluídos. Basta que nos lembremos do ensinamento de Jesus em Mateus 25, 31-46, a parábola do julgamento final, onde Ele afirma que entrará no Reino do Pai quem souber amar e servir a Ele nos famintos, sem roupa, sedentos, presos, doentes, estrangeiros. Por que o amor é a porta estreita? Porque o amor necessariamente nos leva a sair do comodismo, do egoísmo, do individualismo, da indiferença. Fazer o caminho do amor é passar pela porta estreita. Portanto, Jesus responde à pergunta sobre a quantidade de pessoas que se salvarão de forma indireta, dizendo que quem ama (passa pela porta estreita) se salvará.

Alguns tentaram questionar a Jesus dizendo: “Nós comíamos e bebíamos em sua presença e tu ensinastes em nossas praças… Não sei de onde são vocês” (versículos 26 e 27). A resposta é forte, dura. Ou seja, se a gente não amar e não servir, de nada adiantará as outras coisas que fazemos na Igreja, a partir de nossa experiência de fé e vivência de nossa vocação. É bom pensarmos bem nisto! Se a minha oração pessoal, na família e na igreja; se minha participação na celebração da Eucaristia, na adoração eucarística, na procissão, no círio de Nazaré, não me levar a amar e a servir os excluídos e marginalizados, tudo perderá sentido diante de Cristo.

Jesus então faz outra declaração que nos provoca e nos leva a fazer uma séria revisão de vida: “Afastem-se de mim, vocês que praticam a injustiça” (versículo 27). Não tem como ser de Cristo e praticar a injustiça; não tem como ser de Cristo e ser indiferente, omisso diante das injustiças; não tem como ser de Cristo e colaborar com quem faz a injustiça. Lembremos do que Deus nos fala pelo Profeta Isaías: “Não suporto injustiça junto com solenidade” (1,13). Ou ainda: “Quando vocês erguem para mim as mãos, eu desvio o olhar. Ainda que multipliquem as orações, eu não escutarei. As mãos de vocês estão cheias de sangue” (1, 15). Erguer as mãos, poderemos entender como sendo rezar; mãos cheias de sangue, poderemos entender como cometer, aceitar, apoiar as injustiças. O Papa Francisco na Exortação Apostólica “Querida Amazônia” nº 15 nos ensina que “não é saudável que nos habituemos ao mal. Faz-nos mal permitir que nos anestesiem a consciência social”. O Papa Francisco nos ensinou que não poderemos deixar as injustiças que ferem e que matam acontecerem e a gente fazer de conta que está tudo bem ou afirmar que combater as injustiças não tem nada a ver com a vivência de nossa fé cristã católica.

Sugiro que possamos traduzir a fala de Jesus “afastem-se de mim, vocês que praticam a injustiça” para o positivo. Possamos escutar Jesus nos dizendo: “Aproximem-se de mim, vocês que praticam a justiça”. Imaginemos Jesus repetindo para nós o que está no livro do Profeta Isaías: “Aprendam a fazer o bem, busquem o direito, socorram o oprimido, façam justiça ao órfão, defendam a causa da viúva. Então venham e discutiremos!” (1, 17-18).

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