por Vívian Marler / Assessora de Comunicação do Regional Norte 2 da CNBB
com informações dos setores de Comunicação e organizadores do evento
O Grito dos Excluídos e Excluídas 2025 aconteceu em todo o Brasil, neste domingo, 7 de setembro, quando uma série de manifestações populares sob o tema “Cuidar da Casa Comum e da Democracia é luta de todo dia” e o lema “Vida em primeiro lugar”, culminando as atividades em sintonia com o Dia da Independência.
A iniciativa, que conta com a parceria da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, desde 1995, buscou denunciar a exclusão social, defender os direitos fundamentais, o acesso à saúde, educação, moradia e a justiça social. A edição de 2025 também se aliou à mobilização pelo Plebiscito Popular para a redução da jornada de trabalho e a taxação dos super-ricos.
O Regional Norte 2 da CNBB esteve presente através de suas Arquidioceses, Dioceses e Prelazias. Em Belém do Pará, a concentração iniciou às 8h na escadinha do cais, na Av. Boulevard Castilho França, em frente à Av. Presidente Vargas de onde a manifestação saiu em direção a Praça Dom Pedro na Av. Portugal. Durante a caminhada os presentes propuseram em seus discursos, abraçando o Plebiscito Popular, o fim da escala 6×1 que reduz a jornada de trabalho sem redução salarial, a taxação dos super ricos e a isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil.
Vários representantes de diferentes tradições religiosas estiveram presentes durante a manifestação, como a Bispa Marinez, da Igreja Anglicana, o Reverendo Marcos Barros, representando o Conselho Amazônico de Igrejas Cristãs, o Pastor Romeu Martini, da Igreja de Confissão Luterana, Mãe Nangetu, da Religião de Matriz Africana e Dom Ionilton Lisboa, bispo da Prelazia do Marajó, que representou o Regional Norte 2 e a Igreja católica, e durante o seu discurso, junto as representações ecumênicas, falou sobre a importância sobre a Criação. “A gente conhece também pela Bíblia e tudo que existe no mundo é criação de Deus. Toda rica biodiversidade que existe no planeta Terra é obra de Deus e, portanto, essa obra de Deus é um bem comum, pertence a todos, todas e ninguém pode se arvorar o direito de ser o dono dessa obra de Deus. Por isso, nosso grito deste ano traz esse grito de incentivo para que a gente possa cuidar da casa comum”.
O plebiscito Popular 2025 é uma iniciativa dos movimentos sociais, centrais sindicais, juventudes, artistas, entidades de fé e partidos progressistas para ouvir a população brasileira sobre temas urgentes e pressionar por mudanças fundamentais, e durante o trajeto da marcha foram espalhadas urnas.
O Conselho Diocesano de Leigos, da Diocese de Macapá (AP), reuniu, na zona norte da cidade, membros de pastorais, movimentos, grupos e a população da cidade de Macapá em uma concentração, na frente do Hospital de Amor de onde rumo a Sede dos Moradores do Bairro Aeroportuário, cominando com a Celebração Ecumênica e distribuição de um lanche partilhado, doado pelas repartições parceiras.
O local foi escolhido pensando exatamente no público excluído, ali presente, e por ser uma área que necessita de especial atenção dos representantes públicos, devido ao esquecimento e precariedade do governo local.
Estiveram presentes representantes da Pastoral do Menor, Pastoral da Terra, Conselho Diocesano de Leigos, Renovação Carismática Católica, Conselho Missionário Diocesano, Pastoral Liturgia Diocesano, Pastoral da Criança, Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), SINDSEP, SINSEPEAP, URBANITARIOS, Sindicato dos Bancários, SINDSEMP, Pastoral Familiar, Movimento Fora Equatorial, Pastoral Carcerária, Associação de Moradores do Parque Aeroportuário – AMPA, Escola de Fé e Política Pe. Luís Carlini, Pastoral da Juventude, Pastoral Catequética, Encontro de Casais com Cristo – ECC, e público amapaense.
A Diocese de Marabá (PA), realizou o ‘31º Grito dos Excluídos’ com a participação do povo de Deus na Marabá Pioneira, dentro dos desfiles do setembro da sociedade civil. O evento iniciou com uma missa na Catedral Diocesana Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, às 6h30, dando prosseguimento a distribuição de um café da manhã aos participantes que saíram em caminhada pelas ruas do desfile.
No primeiro pelotão teve como tema a Campanha da Fraternidade 2025, ‘Fraternidade e Ecologia integral e Deus viu que tudo era muito bom (Gn 1,31)’. O segundo pelotão teve como tema ‘COP 30 nas escolas: a Igreja rumo à COP 30 – Amigos da casa comum’. O terceiro pelotão teve como tema o ‘31º Grito dos Excluídos e Excluídas – Cuidar da casa comum e da democracia, É luta de todo o dia, Vida em primeiro lugar’. O quarto pelotão teve presente o ‘45º Círio de Nossa Senhora de Nazaré’ com a imagem de Nossa Senhora, a corda e berlinda.
“Teve uma boa participação no desfile, com a presença das pastorais e movimentos. O povo apreciou a presença da Diocese de Marabá no desfile manifestando o amor pelo Brasil, a luta pela democracia, a vida que o Senhor dá para ser preservada em todos os momentos”, disse Dom Vital Corbellini, bispo da Diocese de Marabá.
Mas foi na sexta-feira, dia 5 de setembro, Dia da Amazônia, que a Arquidiocese de Santarém escolheu realizar o ‘31º Grito dos Excluídos e Excluídas’ com uma concentração no Bosque da Vera Paz, de onde os participantes saíram às 18h15 em caminhada pela Avenida Tapajós. Com faixas e cartazes, eles chamaram atenção para temas sociais e ambientais, em especial relacionados à região amazônica.
O ato foi encerrado na Praça Tiradentes, com um momento cultural marcado pela apresentação do Batuque Santareno, que reuniu diversos grupos de carimbó.
Padre Vanildo Pereira disse que o evento reafirmou a necessidade de solidariedade e cuidado com o Meio Ambiente, “em um evento que uniu o “Grito dos Excluídos” e a defesa da Amazônia, movimentos sociais e a Igreja de Deus se reuniram para reafirmar a necessidade de solidariedade e cuidado com o meio ambiente e as populações vulneráveis. A mensagem central destacou a importância de ouvir os povos da Amazônia e aprender com seus sistemas de cuidado com o chão, as águas, a fauna e a flora. Ressaltando ainda o apelo do Papa Francisco na Laudato Si para a defesa da Amazônia e alertou para a crise socioambiental que afeta principalmente os pobres, ribeirinhos, indígenas e quilombolas. Inspirados pelas palavras de Nêgo Bispo, os participantes foram chamados a abrir os olhos e a deixar que o grito desses povos ecoe em suas vidas”.
Entre as pautas levantadas, houve destaque para a crítica ao Projeto de Lei (PL) nº 2.159, conhecido como “PL da Devastação da Amazônia”, que altera normas e diretrizes gerais do licenciamento ambiental em todo o país. O movimento também manifestou preocupação com o Decreto Presidencial nº 12.600, publicado em 29 de agosto de 2025, que inclui três hidrovias da Amazônia no Programa Nacional de Desestatização (PND), permitindo a concessão à iniciativa privada de trechos das hidrovias dos rios Madeira, Tocantins e Tapajós.
“Acho que é importante que a Igreja esteja envolvida nessas ações, porque a partir do Evangelho e da luz da Palavra de Deus, que a gente tem a claridade da ação justificadora do Evangelho. Então, acho que é importante a presença da Igreja no meio do movimento social, no meio das lutas, porque Jesus se fez pequeno, pobre e nasceu em Nazaré, que era uma cidade pequena de Nazaré, de Belém. É importante ouvir os clamores do povo, ouvindo as necessidades do povo. E a Igreja, que sempre encabeçou esses movimentos e tem que fazer parte hoje. Então, acho que é importante a nossa Arquidiocese, que tem a sua identidade firmada nos movimentos sociais, então isso é importante para que a Igreja continue com a sua identidade viva e eficaz dentro do projeto do Reino de Deus”, falou Davi Natã, jovem da comunidade Menino Jesus, bairro Mapiri,
Em Santarém, o Grito dos Excluídos e Excluídas foi organizado pelas Pastorais Socioambientais e pelos movimentos sociais da cidade, e reuniu vozes do campo, das florestas, das águas e da cidade.
Mas você sabe como surgiu o ‘GRITO DOS EXCLUÍDOS’?
O “Grito dos Excluídos” surgiu devido a dois eventos promovido pela Pastoral Social da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB. O primeiro, referre-se a 2ª Semana Social Brasileira (1993-1994), sendo uma resposta à necessidade de concretizar os debates desta semana, que abordou o tema “Brasil, alternativas e protagonistas”, refletindo sobre o aprofundamento do modelo neoliberal e suas consequências sociais. O segundo momento, acontece com a Campanha da Fraternidade de 1995, cujo tema era “Fraternidade e Excluídos”.
O Grito dos Excluídos, nasceu no dia 7 de setembro de 1995, com o lema “A vida em primeiro lugar”, com a participação de 170 localidades, com a parceria de diversas entidades, Igrejas do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs – CONIC, movimentos sociais, organizações de direitos humanos, sindicatos, ONGs, Pastorais, Conselhos de Leigos entre outros. O Grito tornou-se uma manifestação anual, culminando sempre no dia da “Independência do Brasil”, buscando dar voz e vez aos grupos marginalizados e denunciar as desigualdades sociais no Brasil e não apenas um patriotismo passivo. Uma mobilização anterior, considerada a precursora do Grito dos Excluídos, aconteceu em Montes Claros (MG), em 1993, chamada de “Clamor dos Sem-teto”.
Todos os anos, o Grito dos Excluídos, traz como lema permanente “A vida em primeiro lugar”, e a cada ano, abordar questões específicas através de temas centrais para o debate. Este ano, o tema escolhido é: “Cuidar da Casa Comum e da Democracia é luta de todo dia,” um tema que dialoga diretamente com o contexto global de crises climáticas, desigualdades sociais e ameaças crescentes à democracia, reafirmando a importância da participação popular, da soberania nacional e da resistência contra golpes, ingerências externas e políticas que prejudicam os mais vulneráveis. É um espaço de denúncia das desigualdades e mecanismos sociais de exclusão, ao mesmo tempo em que propõe caminhos e alternativas para uma sociedade mais justa e inclusiva.
O servo de Deus, Dom Helder Câmara, dizia: “Quando dou comida aos pobres, me chamam de santo. Quando pergunto porque eles são pobres, chamam-me de comunista.” Neste sentido, nós cristão, a exemplo de Jesus, devemos saber partilhar fraternalmente, sem excluir ninguém, mas chamar para fazer parte conosco desta casa que é comum a todos os filhos de Deus.
O saudoso bispo, Dom Pedro Casaldáliga, grande defensor dos pobres e excluídos, teve sua vida e seus ensinamentos profundamente conectados ao Grito dos Excluídos. A sua atuação em prol dos sem-terra e dos povos indígenas o ligou a essa mobilização nacional que busca dar voz às demandas sociais e de direitos humanos do povo brasileiro. A sua figura foi uma grande inspiração para a luta social, e, mesmo após a sua morte. A sua coragem e a sua vida dedicada aos princípios da justiça social inspiram as pessoas a lutarem por um mundo mais digno e com direitos iguais para todos.
Sua atuação como um bispo profeta e defensor dos mais frágeis o tornou um grande símbolo para o Grito dos Excluídos, que é um grito por respeito à dignidade da pessoa humana. Assim ele escreveu: “Chamar-me-ão de subversivo / Eu responderei incisivo: / O sou. Pelo meu povo que luta, / Pelo meu povo que trilha apressado / Caminhos de sofrimento. / Eu tenho fé de guerrilheiro / E amor de revolução. / Ao final do caminho me dirá / E tu, viveste? Amaste? / E eu, sem dizer nada, / Abrirei o coração cheio de nomes”.
GRITO DOS EXCLUÍDOS EM BELÉM (PA)
GRITO DOS EXCLUÍDOS EM MARABÁ (PA)
GRITO DOS EXCLUÍDOS EM SANTARÉM (PA)
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