por Vívian Marler / Assessora de Comunicação do Regional Norte 2 da CNBB

O Regional Norte 2 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB N2, encerrou na manhã de hoje (23/8), a ‘Assembleia Regional de Pastoral’, na sede do regional em Belém, e reuniu os bispos das Arquidioceses, Dioceses e Prelazias do Pará e Amapá, além de representantes de suas pastorais.

O encontro iniciou, na quarta-feira (21), com uma apresentação sobre a ‘‘Implementação do Sínodo e Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora – DGAE’, assessorado pelo padre Luiz Fernando da Silva, Secretário Executivo do Regional Sul 1. Este estudo chegou em um momento muito importante, e já planejado, de renovação espiritual para a Igreja Católica, agora sob a liderança do Papa Leão XIV, que intensifica seu compromisso com o caminho sinodal, buscando ser uma comunidade mais missionária, acolhedora e engajada no diálogo.

A fase de implementação do Sínodo torna-se crucial para fortalecer a capacidade da Igreja de anunciar o Reino de Deus e testemunhar o Evangelho em um mundo repleto de desafios.

Este momento de mudança reforça a importância de manter o compromisso com o caminho sinodal, um processo que visa tornar a Igreja mais missionária, construindo pontes e acolhendo a todos, como expressa o Papa Leão XIV, “de braços abertos, a todos aqueles que precisam da nossa caridade, da nossa presença, de diálogo e de amor”.

A fase de implementação do Sínodo é vista como um passo fundamental para que a Igreja possa anunciar o Reino de Deus de forma mais eficaz e testemunhar o Evangelho em um mundo que enfrenta desafios como a violência e a polarização. O ‘Documento Final da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos – DF’ serve como referência para esta fase, e a responsabilidade de implementação recai sobre todos os batizados, incentivando as igrejas locais a partilharem as suas iniciativas e a contribuírem para um discernimento eclesial mais amplo.

O objetivo principal é tornar concreta a perspectiva do intercâmbio de dons entre as Igrejas e na Igreja inteira. Este intercâmbio visa promover a comunhão e manifestar a catolicidade da Igreja, incentivando a partilha de experiências e recursos entre as diversas comunidades locais.

O Bispo diocesano desempenha um papel fundamental neste processo, sendo o principal responsável por iniciar e definir os tempos, métodos e objetivos da implementação. As equipes sinodais, os organismos de participação e os agrupamentos de Igrejas também são chamados a apoiar os processos locais e a incentivar a coordenação, garantindo que todos os membros da Igreja sejam chamados a participar, não se limitando a um pequeno grupo.

A Secretaria Geral do Sínodo irá oferecer apoio e coordenação, promovendo a comunhão através do intercâmbio de dons e garantindo que o Documento Final do Sínodo seja utilizado de forma adequada, preservando as linhas de força e investindo em práticas concretas.

O Sínodo significa principalmente recepção criativa das conclusões do Sínodo dos caminhos que são apontados pelo Sínodo, concluído no pontificado do Papa Francisco e agora continuado no pontificado de Leão XIV. Então, nosso grande desafio não é somente de uma implantação mecânica, uma implantação automática, mas de fato, de uma recepção. Recepção significa que as conclusões do Sínodo devem ser assimiladas pela nossa Arquidiocese de Belém a partir da sua identidade, da sua história, das suas convicções, das pessoas que fazem parte da nossa Igreja particular. Trata-se de uma recepção criativa, porque se trata de encarnar aquilo que é o resultado de um discernimento eclesial espiritual. Na nossa Arquidiocese de Belém, esse será o nosso grande desafio. Não é somente o desenvolvimento de um programa feito no escritório, mas de um discernimento feito pela Igreja toda. E nós queremos continuar na mesma dinâmica do discernimento espiritual e eclesial”, disse Dom Julio Endi Akamine, Arcebispo Metropolitano de Belém.

O padre Luís Fernando convidou todos os presentes a repensar a pastoral, pois esta é uma missão séria que nos foi confiada por Jesus Cristo. “Não basta apenas a sensibilidade crítica e analítica; é preciso buscar novas respostas para os desafios atuais, pois a história é dinâmica e estamos vivendo uma mudança de época”.

Durante sua apresentação exemplificou a globalização, a cibernética, a inteligência artificial, as relações interdependentes, o agravamento ambiental, a virtualidade, a conectividade, a fragmentação, a velocidade, as facilidades técnicas, a informação e as redes sociais, que trouxeram junto com toda a sua modernidade e avanço uma crise da sensibilidade ética e uma privatização religiosa. “A fé se tornou uma experiência individual, gerando uma crise de combustível. Vivemos em uma sociedade líquida, com perda de referências, confusão de conceitos, fragilidade psicológica, medo, solidão, ansiedade, burnout e uma crise do sentido da vida”, disse padre Luís.

E continuou falando sobre a missão de cada pessoa como Igreja, que é a de evangelizar, e para isso é necessário encarnar-se na cultura para transformar. “Devemos sair, inserir-nos, dialogar e observar os fenômenos, atentando aos sinais dos tempos. A inteligência pastoral nos convida a pensar, projetar e discernir com ousadia, evitando o saudosismo e o negacionismo. Precisamos de novas estruturas pastorais, de uma pastoral da conservação, da revitalização da vida comunitária, do repensamento, da atenção à pessoa, da motivação, do envolvimento e da inovação pastoral. Mais do que eventos, devemos investir em processos, reconhecendo a pluridimensionalidade da teologia, da pastoral e da eclesiologia, e reafirmando a significatividade da paróquia no território”, falou o secretário executivo do Regional Sul 1.

Padre Luiz Fernando apresentou dicas de como superar os desafios dentro das dioceses, paroquias e pastorais, “devemos evitar a espera passiva dos fiéis, a fatalidade, a pastoral da visita superficial, a pastoral de manutenção, o Devocionismo, o clericalismo e o isolamento. Em vez disso, devemos praticar a pastoral da presença, o testemunho e a abertura à rede. O Brasil se tornou religiosamente mais plural, com trânsito religioso, mentalidade protestante, um número crescente de pessoas sem religião e desigrejados, e uma população cada vez mais urbana. Portanto, somos chamados a agir com esperança, buscando novas formas de evangelizar e de construir uma Igreja mais engajada e relevante em nosso tempo”, disse ao finalizar a sua palestra.

Padre Luiz nos colocou muito bem a questão de trabalharmos juntos e viver a sinodalidade, aquilo que o próprio Evangelho nos pede de caminhar juntos com Cristo e com os irmãos. Vamos trabalhar nesse sentido para que todos se sintam Igreja de Jesus Cristo, Igreja no Reino de Deus, nesse chão amazônico”, narrou Dom Vital Corbellini, bispo da Diocese de Marabá.

Dom José Maria Chaves dos Reis, vice-presidente do Regional Norte 2 e bispo da Diocese de Abaetetuba acredita que a partir das pistas apresentadas pela assessoria da assembleia as ações serão muito maiores nas dioceses “A presença de um assessor enviado pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil muito tem a contribuir com esse momento importante mesmo que estamos falando sobre o Sínodo na Igreja. Vejo que após essa assessoria, o horizonte maior ainda se abrirá, porque esta igreja é marcada por esta fisionomia de uma igreja de escuta, uma Igreja à escuta ao Espírito Santo e escuta aos membros da Igreja os leigos e leigas na Igreja, na Amazônia”.

Junto a ‘Assembleia Regional de Pastoral’ foi realizado o ‘Conselho Episcopal Regional – CONSER’, com os bispos do Pará e Amapá, que na sexta e no sábado (22 e 23), reuniram-se em reuniões fechadas, conhecidas como ‘reservadas’ para tratar de temas sobre suas dioceses, a fim de serem conhecidos por todos, como uma forma de relatório dos pontos positivos e negativos, para construção de novas metas a serem desenvolvidas e coordenadas nas atividades futuras das  pastorais regionais, em sintonia com as diretrizes nacionais da CNBB, sempre analisando os temas relevantes para a Igreja e a sociedade no Regional Norte 2.

A vivência da Sinodalidade no Regional Norte II tem se intensificado, com cada diocese e prelazia trilhando seu próprio caminho no espírito da corresponsabilidade, participação e comunhão. A valorização da ministerialidade dos leigos, com diversas formas de engajamento, reflete a pluridimensionalidade da sinodalidade, que busca novas respostas às necessidades pastorais emergentes. A criação de áreas missionárias tem se popularizado, e a preocupação com a formação de todos os sujeitos eclesiais cresce, assim como a busca pela autossustentabilidade econômica, valorizando o papel do povo na sustentabilidade da Igreja amazônica.

“A nossa assembleia que realizamos, tratou sobre a implementação do Sínodo da Amazônia. Na realidade da minha diocese, nós já implantamos todo o processo da Assembleia Diocesana que realizamos recentemente. Nós seguimos os passos da Querida Amazônia e da sinodalidade. Então já está implantado e é algo que na nossa região, de certa maneira, já existia já há um bom tempo. A caminhada em conjunto e a escuta das comunidades já estamos exercitando tanto nas pastorais, na catequese, nas diversas ações pastorais da nossa Diocese”, contou Dom João Muniz, bispo da Diocese de Xingu Altamira.

A sensibilidade missionária, a cooperação e a solidariedade entre as dioceses e prelazias têm se fortalecido, assim como a valorização dos diáconos, religiosos, consagrados, leigos e das diversas espiritualidades. A diversidade dos movimentos eclesiais é cada vez mais apreciada como um sinal do Espírito Santo, reconhecendo que todos têm lugar na Igreja e são chamados à comunhão e sinodalidade. A atitude de escuta da diversidade dos contextos e sujeitos tem ganhado mais atenção, impulsionando o fortalecimento da Pastoral Juvenil e Vocacional, dos conselhos e da promoção das assembleias em diversos níveis. A Doutrina Social da Igreja, embora necessite ser mais conhecida, tem sido cada vez mais valorizada, assim como a missionariedade dos leigos da Amazônia.

Dom José Ionilton Lisboa, bispo da Prelazia do Marajó destacou a aprovação de um seminário das pastorais sociais para o próximo ano, visando fortalecer a comunhão entre as pastorais e organismos que lidam com a dimensão social da fé cristã, em data a ser definida. Ele também mencionou a proposta de Dom Antônio Assis, bispo de Macapá, de fortalecer a cooperação entre as igrejas locais do Regional Norte 2, incluindo a solidariedade econômica e o compartilhamento de agentes de pastoral. Dom Ionilton expressou preocupação com a busca de assessores fora da região e com as dificuldades econômicas para a evangelização no Marajó, defendendo o fortalecimento do dízimo e a libertação da dependência de recursos de empresas e políticos que destroem a Amazônia.

Durante o CONSER, foram apresentados os frutos da Sinodalidade nas dioceses do regional Norte 2. Na Arquidiocese de Belém, houve o relançamento de Conselhos como o Conselho Diocesano – CD, Conselho Paroquial Pastoral – CPP, Conselho Paroquial para Assunto Econômicos – COPAE, o reforço da claridade e das pastorais sociais, com ênfase nas Jornadas Sociais, e a preparação da COP 30. A Diocese de Abaetetuba destacou o Sínodo Diocesano, o relançamento das Regiões Episcopais e a Catequese. A Diocese de Cametá priorizou a escuta dos povos ribeirinhos, a formação da equipe de implementação do Sínodo na Diocese, o Conselho Missionário Diocesano – COMIDI e outros Conselhos. A Diocese de Castanhal enfatizou a “comunhão, missão e participação”, realizando a Assembleia Diocesana de Pastoral como um processo de escuta.

Na Diocese de Macapá, a Assembleia Diocesana focou na missão, comunhão e espiritualidade, restaurando os conselhos presbiteral, econômico, Conselho Pastoral Paroquial – CPP, consultores, buscando a autossustentabilidade, fortalecendo o sentido de pertença e corresponsabilidade, criando áreas missionárias, o Conselho de Leigos, compartilhando as angústias missionárias em visitas conjuntas, promovendo a formação sobre o documento do Sínodo, celebrando a festa dos padroeiros e relançando as relações com a sociedade. A Diocese de Marabá priorizou as paróquias em áreas rurais, as áreas missionárias, o Conselho Diocesano, os encontros de estudo do Concílio Vaticano II, a Missão Jovem, a abertura do Ano Jubilar, o estudo da Campanha da Fraternidade – CF2025 e a peregrinação jubilar, visando o alinhamento pastoral. Por fim, a Prelazia do Marajó – Soure, após a última assembleia pastoral em 2022, implementou um novo Plano de Pastoral, a coordenação das Coordenações Pastorais e os Conselhos presbiteral e de consultores.

O Sínodo sobre a sinodalidade veio resgatar convicções profundas e sérias da Igreja, como aquela da comunhão da participação, do envolvimento e da corresponsabilidade. Concluindo esta Assembleia do Regional Norte 2, nós vimos que a sinodalidade não é um mandamento novo, mas é uma exigência permanente do ser Igreja. E isso significa que deveríamos cada vez mais estimular a corresponsabilidade, a participação e envolvimento, o sentimento de pertença à Igreja, a colaboração entre as comunidades, promover mais a colegialidade nas comunidades, nos grupos dos movimentos, nas dioceses e assim por diante. Porque a Igreja não é de alguém, Igreja não é do bispo, a Igreja não é do Papa, a Igreja não é do padre. É a Igreja de Jesus Cristo. A Igreja é nossa, como todos nós somos corresponsáveis por ela”, explicou Dom Antônio de Assis Ribeiro, secretário do Regional Norte 2 e bispo da Diocese de Macapá, no Amapá.

¨A realização da Assembleia do Regional Norte 2, foi um momento muito importante de colegialidade e de caminharmos juntos em comunhão, participação e visão. Nós contamos com a assessoria do Fernando, do Regional Sul 1 da CNBB, que nos falou sobre o tema da sinodalidade. No fez refletir como é que podemos ser mais sinodais, ou seja, caminhar juntos em comunhão, participação e missão. Nós estamos vivendo um tempo importante da Igreja que é a escuta, o diálogo e a comunhão. Isso é muito importante. E a pergunta é como superar aquilo que impede a sinodalidade? Como? Como que vamos superar tudo isso e contar com a presença do Espírito Santo através da escuta, do diálogo, do discernimento? Em nosso regional, foi um momento muito bonito, porque os representantes das dioceses, contribuíram com os seus testemunhos, para que possamos fazer da Igreja do Regional Norte 2 uma Igreja presente junto ao povo da Amazônia, junto aos ribeirinhos, aos indígenas, aos quilombolas e a todo o nosso povo de Deus, das cidades e também do interior, para que assim possamos fazer crescer o amor de Deus”, finalizou o presidente do Regional Norte 2 da CNBB, e Arcebispo Metropolitano de Santarém, Dom Irineu Roman.

 

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