por Dom PAulo Andreolli, SX
Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Belém
Caros leitores, mais uma vez nos encontramos para nossa conversa, e num momento bastante oportuno, significativo e especial: a Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo, que é também o motivo maior da Fé Cristã. Para esta reflexão conto com a importante colaboração de Ir. Fátima Corpes, Missionária do Coração Eucarístico de Jesus.
Consideremos, inicialmente, que a cada ano fazemos memória da Paixão, Morte e Ressurreição do Filho de Deus. Mas podemos nos perguntar, o que essa ocasião representa verdadeiramente para nós?
Não se trata apenas de relembrar um fato importante e celebrar com entusiasmo, mas sobretudo trazer à memória e ao coração todo o aspecto simbólico e espiritual que a Ressurreição nos faz experimentar. E assim podermos de fato viver, sentir e celebrar a Páscoa de Jesus de Nazaré, que é hoje nossa Páscoa, como expressão de vida nova!
Muitas vezes, é justamente no cotidiano da vida que vão surgindo os sinais de ressurreição, contudo, é preciso estar atentos a esses sinais, ou melhor, sermos pontes para que eles sejam visibilizados e percebidos por aqueles que mais necessitam dar sentido para suas vidas.
Certamente, os sinais de ressurreição acontecem quando a vida é valorizada, resgatada, defendida! Quando motivados pelo grande acontecimento que é a Ressurreição, celebramos a vitória da vida sobre a morte, ou seja, quando verdadeiramente a dignidade humana é respeitada, a vida vence todos os sinais de morte, e como diz a canção: “Tendo vencido a morte o Senhor nos abriu um horizonte feliz…”. Esse “horizonte” é aberto à medida que nos comprometemos com a vida, em especial a vida dos que mais sofrem e necessitam de amparo e de alento.
Dentre tantos sinais de ressurreição presentes na Arquidiocese de Belém, tomemos como exemplo o Projeto “Missão Belém” e a “Fazenda da Esperança”. O projeto Missão Belém, de maneira geral, visa apresentar o Evangelho aos pobres, transformando suas vidas e oferecendo um encontro com Deus. A Fazenda da Esperança tem como objetivo acolher e ajudar homens e mulheres que são dependentes químicos, para que consigam sair de seus vícios e conquistem a sobriedade. Também levam a esperança por meio da mensagem de Jesus para inúmeros jovens. Como se vê, ambos os exemplos são sinais visíveis de ressurreição pois fazem parte de um projeto maior: o Projeto de Deus, que é de vida abundante para todos. E foi por esse Projeto que Jesus de Nazaré se doou até às últimas consequências. E, ressuscitando, venceu a morte!
Quantos sinais de ressurreição acontecem em nossas vidas, no meio de nós, em nossa Igreja local e muitas vezes passam desapercebidas e assim deixamos de agradecer por tantas maravilhas que Deus já realizou e continua realizando na vida de seu povo eleito.
Voltemos agora nossa atenção à Liturgia deste 3º Domingo da Páscoa, em que as leituras convergem para o compromisso e seguimento com o Projeto do Ressuscitado. Queremos deixar em relevo a leitura central desta liturgia que é o Evangelho (Jo 21,1-19). O texto apresenta a 3ª aparição de Jesus ressuscitado à sua comunidade apostólica. Sua aparição acontece numa atividade habitual, ou seja, na vida cotidiana. Inicialmente, os discípulos não reconhecem o Mestre, mas diante dos gestos e palavras daquele “desconhecido”, principalmente quando o milagre acontece: “a pesca maravilhosa”, o discípulo amado reconhece Jesus e diz seguramente: “É o Senhor”.
Gestos e palavras são sinais visíveis do Ressuscitado. E podemos ressaltar que além do gesto de partilha que o Mestre Jesus ressuscitado faz com os discípulos, Ele também constitui Pedro como pastor e guia de seu rebanho; antes porém, pergunta três vezes se apóstolo o ama, e diante das afirmativas e principalmente da última resposta: “Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que eu te amo”, o Mestre Ressuscitado conclui: “Segue-me”.
Levemos ao coração a reflexão de que a presença do Ressuscitado se dá no cotidiano, e essa presença é transformadora de toda e qualquer realidade, e se torna uma chamada atraente para a pessoa assumir o compromisso de seguimento do Cristo, sentindo-se verdadeiramente enviada em missão e com a graça e paz do Senhor.