DOM ALBERTO TAVEIRA CORRÊA

Arcebispo Metropolitano de Belém do Pará

 

Mais uma vez batemos à porta da Casa de Nazaré, para visitar a Sagrada Família. Pedimos licença a Jesus, Verbo de Deus feito Carne, que é para nós um Caminho percorrido pela sua própria mãe; Jesus, Palavra de Verdade que se tornou programa de vida para Maria; Jesus, Vida em plenitude que Maria acolheu para nos dar de presente! Pedimos licença a José, guardião da casa e da família. Jesus e José nos permitam conversar com Maria, para chegar ao seu coração através de alguns dos muitos nomes a ela atribuídos e situações por ela vividas.

Maria de Nazaré, aqui estamos, em tua casa, acompanhados por tantas pessoas desejosas de conhecer-te e experimentar o afeto que o próprio Espírito Santo plantou em teu coração. Sim, ao olhar para ti, contemplamos a sombra do Espírito Santo com a qual foste envolvida, para que em teu ventre o Verbo se fizesse Carne para habitar entre nós. Nós te encontramos mãe de família, senhora da casa e da cozinha, com os temperos que Jesus e José sabiam saborear ao chegarem do trabalho na carpintaria. Nós te reconhecemos na fonte de Nazaré que hoje tem o teu nome, mãe, lavadeira das roupas da família, parecida com tantas mulheres caprichosas no cuidado e no carinho. Nós te reconhecemos na hospitalidade praticada com tantas pessoas que acorriam à Casa de Nazaré, pois temos a certeza de que ali todos eram bem recebidos. Graças à virtude da hospitalidade, alguns hospedaram anjos, sem o perceber (Cf. Hb 13,1).

Permite-nos Maria adentrar a intimidade do lar de tua Sagrada Família para imaginar os argumentos das muitas conversas, a Escritura gravada mais no coração do que em letras, com as quais tu ensinavas Jesus Menino, já que ele se fez igual a nós em tudo, menos no pecado. E se hoje buscamos tanto o diálogo em nossas casas, certamente teu exemplo, junto com São José e o Menino teve ter edificado, e muito, a vizinhança da casa da Sagrada Família. Capacidade de escuta, palavras bem pensadas e medidas, prudência no agir, coragem para fazer o bem, mesmo quando tua original família suscitou perplexidade entre os nazarenos! Além de ser Mãe, tu te revelaste Mestra. Mãe e Mestra, temos muito a aprender de ti! Contigo queremos aprender Jesus!

Nossa imaginação se arrisca corajosamente ao pensar que o Anjo da Anunciação não ficou soprando em teu ouvido sobre o que fazer e o como fazer no dia a dia. Tu viveste plenamente a aventura da fé, com muitas luzes e ao mesmo tempo noites de escuridão, quando o sustento só podia vir da segurança nascida da Palavra de Deus, da qual te tornaste serva, escrava! E aí se encontrava a fonte de tua alegria e serenidade.

Em tempos de comunicação em várias frentes como os nossos, sabemos que teu nome e teu rosto se tornaram comunicação efetiva. Basta pensar na variedade de títulos com os quais és chamada, retratando sorrisos, alegria serena, lágrimas e dores. És lembrada como expressão de tudo o que existe de melhor e mais profundo na humanidade!

A Bíblia fala muito pouco de ti, Maria, Mãe de Jesus. Se sete é número que indica perfeição, tu que és a mais bela e bendita entre as mulheres, és mencionada apenas em sete livros: Gálatas (Gl 4,4), Marcos (Mc 3,20-21.31-35), Lucas (Lc 1 e 2; 11,17), Atos (At 1,13), Mateus (Mt 1 e 2), João (Jo 2,1-13; 19.25-26) e Apocalipse (Ap 12,1-17).  E cinco deles falam de ti mas não te dão a palavra! Só Lucas e João trazem palavras saídas de tua boca. No entanto, tu só falas com Deus ou sobre Deus. Eis as palavras: 1ª Palavra: “Como pode ser isso se não conheço homem!” (Lc 1,34); 2ª Palavra: “Eis aqui a serva do Senhor! (Lc 1,38); 3ª Palavra: Maria saudou Isabel (Lc 1,40); 4ª Palavra: O Magnificat (Lc 1,46-55); 5ª Palavra: “Meu filho por que nos fizeste isso?” (Lc 2,48); 6ª Palavra: “Eles não têm mais vinho!” (Jo 2,3); 7ª Palavra: “Fazei tudo o que ele vos disser!” (Jo 2,5).  E por falar em comunicação, dentre os títulos que recebeste, chama atenção invocar-te como Nossa Senhora do Silêncio. Tuas poucas palavras indicam a necessidade da escuta, da qual te fizeste mestra inigualável. Maria Mãe e Mestra, ensina-nos a escutar!

Sete livros da Bíblia em que és lembrada, sete palavras. E sete foram as dores, assim como sete alegrias fizeram transbordar de ti a obra realizada por Deus: Nas sete Dores participaste intimamente do mistério de teu filho: 1ª dor:    A profecia de Simeão (Lucas 2, 34-35); 2ª dor: A fuga da Sagrada Família para o Egito (Mateus 2, 13-21); 3ª dor: A perda do Menino Jesus no templo (Lucas2, 41-51); 4ª dor: O encontro com Jesus no caminho do Calvário (Lucas 23, 27-31); 5ª dor: A morte de Jesus na Cruz (João 19, 25-27); 6ª dor: Maria Desolada recebe o corpo do filho tirado da Cruz (Mateus 27, 55-61); 7ª dor: A sepultura de Jesus (Lucas 23, 55-56). Maria Mãe e Mestra, ensina-nos a seguir Jesus e tudo fazer para sermos verdadeiros discípulos missionários.

Virgem do sorriso, Nossa Senhora da Alegria, contigo contemplamos os Mistérios Gozosos e os Mistérios Gloriosos, na certeza de há um fio de ouro conduzindo todos os fatos de tua vida e a tua participação alegre nos mistérios que foram de Cristo, teus mistérios e nossos mistérios, que rezamos em ladainha:

1ª alegria: A Anunciação do Anjo a Nossa Senhora. NOSSA SENHORA DA ANUNCIAÇÃO, ROGA POR NÓS!

2ª alegria: A Visita de Maria à sua prima Isabel. NOSSA SENHORA DA VISITAÇÃO, ROGA POR NÓS.

3ª alegria: O Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo. SANTA MARIA DE BELÉM. ROGA POR NÓS;

4ª alegria: A Adoração dos Reis Magos. NOSSA SENHORA DA EPIFANIA, ROGA POR NÓS.

5ª alegria: A perda e o encontro do Menino Jesus no Templo e a vida em Nazaré. NOSSA SENHORA DE NAZARÉ, ROGA POR NÓS.

6ª alegria: Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo. NOSSA SENHORA DA RESSURREIÇÃO, ROGA POR NÓS;

7ª alegria: Assunção e Coroação como Rainha dos Céus e da Terra. NOSSA SENHORA ASSUNTA AO CÉU, ROGA POR NÓS.