O bispo de Livramento de Nossa Senhora (BA), dom Armando Bucciol, lançou o livro “Convertam-se e acreditem no Evangelho – Para celebrar e viver a Reconciliação, o Sacramento do Perdão”, no último dia 3 de janeiro, em uma live promovida pela editora da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, a Edições CNBB.

Padre Janison de Sá Santos, assessor da Comissão Episcopal Pastoral para a Animação Bíblico-Catequética da  CNBB, mediador da live, falou sobre a importância da obra. “A publicação resgata a importância do Sacramento da Reconciliação e particularmente vai ajudar os catequistas do Brasil a compreender mais e celebrar de forma melhor o sacramento penitencial”, disse.

O livro, destinado a líderes de comunidade, animadores e catequistas, oferece roteiros celebrativos que ajudam na compreensão e na vivência das dimensões do perdão e da misericórdia na vida eclesial. Eleito em maio de 2011, dom Armando presidiu a Comissão Episcopal Pastoral para Animação Bíblico-Catequética da CNBB por dois mandatos.

Dom Armando, à direita na foto: “Certas práticas estão paradas nas propostas do IV Concílio de Latrão”. Foto: Print da live.

Motivação e origem da publicação

O bispo disse que a obra surgiu no primeiro período de recolhimento ao qual as pessoas se submeteram como forma de evitar a propagação do novo Coronavírus, em março de 2020. Ele transformou o medo que paralisou a todos, incluindo a si, num momento para sistematizar uma proposta celebrativa que ajudasse no aprofundamento e na vivência do Sacramento da Penitência.

A constatação, expressa na introdução, conforme dom Armando, também foi a responsável pela criação da publicação: “Parece-me que o Sacramento da Penitência não é bastante compreendido e procurado na Igreja ou é celebrado mais por hábito religioso ou motivo de alívio psicológico”. A experiência como padre, este ano dom Armando celebra 50 anos de sacerdócio, e o contato com o povo de Deus também serviram como inspirações e fonte pra o livro.

“Em meus 30 anos no interior do Bahia, nos inúmeros diálogos, na escuta de tantas pessoas, em suas situações de angústia, culpa, sofrimento e de situações de pecado. Na fragilidade da carne e do Espírito, aprendi a me questionar: nós como Igreja estamos passando uma imagem de Deus que se aproxime do rosto de Jesus, com equilíbrio e fidelidade? Nossa catequese oferece propostas serenas e adequadas a este respeito?”, disse dom Armando acerca de suas motivações para escrever o livro.

Dom Armando afirmou que, num primeiro momento, não escreveu pensando numa publicação nacional. O livro inicialmente foi escrito para servir de subsídio às lideranças da diocese da qual é pastor. Tempos depois, conforme ele informou, a Edições CNBB manifestou interesse em sua publicação.

O bispo confessou que ressente-se de uma certa fragilidade na preparação para o Sacramento da Reconciliação. “Na maioria, os que recebem o Sacramento da Crisma, ao redor dos 17 a 18 anos ou mais, falo da minha experiência, não têm quase nenhuma iniciação à vivência deste sacramento. Faz-se uma confissão em cima da hora. Alguns fizeram uma primeira confissão na Primeira Comunhão antes da Eucaristia. Como formar a consciência cristã e tornar este sacramento a ‘festa do Perdão’ e não uma obrigação?”, questionou.

Segundo do Armando Bucciol apesar dos avanços na celebração do Sacramento da Penitência ao longo da história, sobretudo após as inovações introduzidas pelo Concílio Vaticano II, a Igreja ainda está, em certas práxis pastorais, parada nas propostas do Quarto Concílio de Latrão convocado pelo Papa Inocêncio III, em 1.215. Ele aponta que a dinâmica inovativa introduzida pelo Concílio Vaticano II ainda não foi totalmente compreendida e incorporada.

Documento “Pastoral da Penitência”

Dom Armando falou da importância da obra Pastoral da Penitência, documento da CNBB, de 1977, sobre o tema. “É um documento no qual a CNBB enfrentou a questão de uma maneira muito séria e profunda. O documento dos bispos é essencial e de uma grande riqueza. Muitas coisas continuam atuais. Se passaram decênios, mas estamos ainda paralisados na compreensão”, disse. Em contrapartida, ele defendeu que a mentalidade que acompanha a busca do Sacramento da Reconciliação deve continuar dando passos.

O subsídio “O Sacramento da Penitência e Reconciliação”, que o bispo elaborou no período em que deu aulas na Escola de Teologia na Faculdade Dom Valfredo Tepe, em Ilhéus (BA), em 2009, também serviu de base para o seu livro. Segundo ele, o subsídio foi elaborado para auxiliar na conversa e diálogo com os alunos de teologia oferecendo as grandes linhas para nortear a compreensão, a vivência e a celebração do Sacramento.

Culpa e pecado

Dom Armando defendeu ser necessário nas formações, na catequese e celebrações litúrgicas fazer a distinção entre o senso de culpa e o senso de pecado. Segundo ele, boa parte das confissões são motivadas pelo senso psicológico da culpa. “Muitos procuram psicólogos e não desmereço a ajuda psicológica. Ela é uma importante conquista cultural e social”, disse. Porém, a partir do Sacramento da Reconciliação, dom Armando apontou que  não basta ficar bloqueado no senso de culpa e de um conjunto de sentimentos negativos para consigo mesmos pelo fato de não ter atingido um determinado ideal como ser humano.

“Da frustração, nasce a necessidade de restabelecer o equilíbrio por meio de algo que repare a ordem interior e exterior do Eu, a angústia e a auto-imagem que ficou arranhada”, disse.

Por outro lado, segundo o bispo, o senso de pecado tem sua raiz na relação com um Deus que tem um rosto e um nome: Jesus. “O senso do pecado faz tomar consciência do mal como algo que estraga e quebra o relacionamento de amor com o Pai”, disse. Nem por isso, segundo ele, a pessoa não se fecha em si mesma porque sabe que Cristo morreu para o perdão dos pecadores, segundo expresso pelo apóstolo Paulo no capítulo 5 da Epístola aos Romanos.

“Este sentimento profundo, atitude gerada pela fé e confiança em Deus que nos liberta de nós mesmos, permite enxergar, apesar de tudo, um novo rumo e uma renovada possibilidade de vida e de amor. Deus, pelo mistério da Graça, transforma, age e queima. Daí nasce a conversão como resposta à esta experiência de fé”, apontou.

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Para aprofundar o Sacramento, dom Armando, além da publicação da CNBB, também recomendou o livro “A reconciliação. Irmã do Batismo”, volume 6 da Coleção Vida e Liturgia da Igreja, que também pode ser encontrado no site da Edições da CNBB. Quem buscar adquirir os dois livros no site da edições CNBB e falar que tomou conhecimento deles aqui nesta matéria no portal da CNBB pode ganhar 20% de desconto. Basta inserir o código DOM ARMANDO na hora de efetuar a compra. Mas atenção, o código é válido apenas para os próximos 20 dias.

Conheça o conteúdo da live na íntegra: