De 1967 até este ano de 2019, José Maria Mayrink é o jornalista que cobriu mais edições da Assembleia Geral dos Bispos do Brasil. Atualmente com 80 anos, Mayrink continua, agora pelo jornal O Estadão, o trabalho e a missão de informar à sociedade sobre os momentos importantes na vida da Igreja. “Pelo jornal, eu poderia cobrir de lá da redação, mas eu acho importante estar aqui”, afirma.

 

Autor de sete livros, como Solidão, Anjos de Barro, Vida de Repórter e Pastor e Vítima, Mayrink fala, com clareza, sobre a presença viva e ativa na Igreja no Brasil. “Tem gente que diz que hoje a CNBB não tem a voz que ela tinha. Mas a CNBB tem, sim, essa voz. Só que hoje não é preciso falar como na época da Ditadura, quando os sindicatos, os partidos políticos e as associações não tinham voz e era a CNBB que falava e fazia essa parte para defender”, assevera.

Confira, abaixo, uma breve entrevista “ping-pong” com o repórter que marcou presença em mais de 50 edições da Assembleia Geral dos Bispos do Brasil.

 

CNBB – Há quantos anos o senhor cobre a Assembleia Geral dos Bispos do Brasil e como teve início esta cobertura?

 

José Maria Mayrink – Eu sou o participante, como jornalista, mais antigo da Assembleia. Do tempo em que eu comecei a cobrir, ainda tem uns dois ou três bispos aqui. Comecei a cobrir a Assembleia em 1967, aqui em Aparecida. Naquela época o local físico variava muito. Em 1967 a Assembleia foi no Seminário Bom Jesus, na época eu era do Jornal do Brasil, no Rio.

Eu também cobri a Assembleia no Rio de Janeiro, quando ela foi realizada na Igrejinha da Glória. Depois aconteceu várias vezes em São Paulo, depois que passou para Itaici, que é o Convento dos Jesuítas e foi muitos anos lá. Em 1970 eu cobri a Assembleia em Belo Horizonte; em 1978 foi em Brasília, coincidindo com o Congresso Eucarístico Nacional. No ano 2000, nos 500 anos de evangelização, a Assembleia aconteceu em Porto Seguro, na Bahia. Neste ano, eu não estava na função de repórter e, por isso, eu não fui.

 

CNBB – O que o senhor pode destacar destas coberturas que o senhor vem acompanhando?

José Maria Mayrink – Então, vinham muitos repórteres de outros jornais como, por exemplo, Folha de São Paulo e O Globo, que vinham para cobrir atrás dessas notícias, e também correspondentes estrangeiros. Era uma fonte rica de informações e fora da censura. A gente fazia, cobria e tentava publicar, se possível. Este ano tem muito interesse da imprensa, pois será eleita a presidência e isso dá um destaque para a CNBB.

CNBB – Na cobertura jornalística da Assembleia, o que o senhor observa que mudou ao longo destes anos?

Em 1967 era bem diferente. O acesso era mais fácil, podíamos circular mais e encontrar mais os bispos. Tem gente que diz que hoje a CNBB não tem a voz que ela tinha. Mas a CNBB tem, sim, essa voz. Só que hoje não é preciso falar como na época da Ditadura, quando os sindicatos, os partidos políticos e as associações não tinham voz e era a CNBB que falava e fazia essa parte para defender. Quanto à cobertura, pelo jornal eu poderia cobrir de lá da redação, mas eu acho importante estar aqui.

Por Sara Gomes