
foto Comunicação CNBB
por Vívian Marler / Assessora de Comunicação do Regional Norte 2 da CNBB
fotos padre Francisco Messias Vieira dos Santos / Diocese de Abaetetuba
O ‘15º Encontro Nacional de Arquitetura e Arte Sacra- ENAAS’, aconteceu de 2 a 6 de junho, no Centro Pastoral Dom Fernandes – CPDF, em Goiânia (GO), com o objetivo de trabalhar o tema ‘Espaço litúrgico e Piedade Popular” e reuniu representantes de quase todas as regionais, reunindo cerca de 350 participantes, como os representantes do Regional Norte 2 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, padre Francisco Messias Vieira dos Santos, Chanceler da Diocese de Abaetetuba, Erasmo de Abreu, artista sacro da Diocese de Castanhal e Frei Claudison Cardoso de Menezes, pároco da Paroquia Santo Antônio, em Sororó, da Diocese de Marabá.
Promovido pela Comissão Episcopal para Liturgia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, através do Setor Espaço Litúrgico, o encontro acontece a cada dois anos, e este ano teve como objetivo promover um debate acadêmico e interdisciplinar sobre a natureza e dignidade dos espaços de celebração, bem como a importância da preservação do patrimônio artístico e cultural da Igreja, favorecendo o intercâmbio de experiências e despertando sempre mais nos participantes, o desejo de formação.
Além das conferências programadas, que desenvolveram o tema central do encontro, os participantes do 15º ENAAS puderam se inscrever em seminários distribuídos em dez Sessões Temáticas, como o ‘Espaço Litúrgico, Arquitetura e Arte: Teologia e Princípios’; ‘Adequação Litúrgica: Especialidade e Ritos’; Metodologia de Projeto Arquitetônico em Fray Gabriel Chavez de La Mora, OSB’; ‘Programas iconográficos característicos de igrejas antigas: técnica construtiva, simbologia e devoção’; ‘A dimensão cultural da Arquitetura Religiosa, Arte Sacra e da Piedade Popular: Identificação (inventário e catalogação) dos bens culturais das Paróquias e (Arqui)Dioceses à luz do Acordo de Cooperação Técnica entre a CNBB e o Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – ACT CNBB-IPHAN’, e dentre outros ‘Conforto Acústico e Visual na perspectiva da Ecologia Integral’.
Erasmo de Abreu, artista sacro, e membro da Escola e Ateliê de Mosaicos, Arte, Pintura e Mosaicos, da Diocese de Castanhal, o primeiro seminário que participou foi o de ‘Adequação Litúrgica’ “o primeiro seminário que participei, não apenas como inscrito, mas como organizador, foi o de adequação do espaço litúrgico, ministrado pela irmã Laide e pelo padre Marcelo Molinero. Os dois falaram sobre a adequação do espaço harmonia entre aquilo que se aplica, aquilo que se faz e a liturgia”, contou Erasmo.
Frei Claudison Menezes, da Diocese de Marabá, participou do seminário “Comissões de Arte Sacra” assessorado pela professora Raquel Schineider, da PUC-GO. “Em sua fala Raquel observou que a comissão de Arte Sacra é algo já pedido pelo Concilio Vaticano II. E para compor tal comissão se necessita de Formação, sobretudo, sobre os documentos 106 e 113, além da sacrosanctum concilium, da Carta Apostólica Desiderium Desideravi. Também enfatizou que a comissão deve contar com a presença de engenheiros civis, arquitetos, projetistas, pintores e escultores, pois uma igreja é moldada pela liturgia e mistagógica, assim, deve conduzir seus fiéis para o mistério celebrado. Como conclusão, a professora enfatizou que o objetivo de tal comissão é avaliativo e formativo, ou seja, esta comissão deve avaliar os projetos de igrejas, adequações de espaços litúrgicos, reformas, Assim como também momentos formativos, a respeito desses temas, nas pastorais da diocese” disse o frei.
Com uma vasta programação o evento contou com Dom Hernaldo Pinto Farias, Bispo da Diocese de Bonfim (BA) e Presidente da Comissão de Liturgia-CNBB na conferência de Abertura, que compartilhou a importância de realmente entender como a devoção popular acontece, para que se possa ajudar a comunidade a chegar no ponto alto, que é celebrar a missa dentro da igreja. Assim também da importância de cuidar de cada detalhe da devoção popular, porque eles são muito importantes tanto para a igreja quanto para a vida das pessoas.
Os inscritos no evento visitaram a Paróquia Universitária São João Evangelista, na PUC Goiás e a noite, durante a programação cultural e de confraternização puderam explorar uma variedade sonora com a Série Grandes Compositores II, Música Sacra, Coro Sinfônico de Goiânia, sob a regência de Ângelo Dias e Fábio Leite ao piano.
O professor José Reinaldo Martins Filho, da PUC Goiás, proferiu a primeira conferência, de terça-feira, ‘Piedade Popular: Princípios teológicos e Renovação, Estrutura do Rito e Ano Litúrgico’, quando os participantes observaram que a “liturgia sacra possui vários elementos da piedade popular” por isso, não há contradição entre Ritos litúrgicos e Piedade Popular, mais complemento pois convergem para o mesmo ponto o Cristo e a Eucaristia.
A segunda conferência da manhã ‘Piedade Popular: Princípios teológicos e Renovação, Estrutura do Rito e Ano Litúrgico’ ficou sob a responsabilidade do professor padre Danilo César Lima. Durante a parte da tarde os presentes participaram dos seminários, onde cada um teve a possibilidade de se inscrever em dois dos dez temas oferecidos. O dia encerrou, à noite, com a exposição ‘Arquitetura de Chavez de La Mora’ com a conferência ‘O projeto do Santuário Nacional de Guadalupe’, ministrado pelo arquiteto Erick Martínez Saavedra, que trabalha na área de Espaços Litúrgicos e Bens Culturais da Conferência Episcopal Mexicana.
Frei Claudison, no segundo dia de seminário, contou que o frade capuchinho, frei Sidnei, enfatizou que “só há sacramentos se houver símbolo”, e que ao se tratar da Pascoa, a ressurreição de Jesus Cristo, o símbolo evocado é a Luz. Assim da mesma forma que a luz branca nos permite enxergar todas as cores, formas, volumes existentes ao nosso redor, assim também a Pascoa de Cristo, dá vida à tudo o que existe.
A manhã do dia 4 de junho, foi reservada para a Dom Ruberval Monteiro, monge beneditino, que apresentou a conferência ‘Espaço Litúrgico e Piedade Popular’. Ao longo do dia, os participantes participaram do segundo seminário que cada um desejou participar, dentro dos dez temas oferecidos.
“Na conferência de Dom Ruberval, foi destacado que o homem espiritual é por excelência um homem simbólico, por isso, quanto mais simbólica for uma igreja, e tudo o que nela contém, tanto mais falará ao espírito daqueles que nela entrarem”, contou frei Claudison Menezes.
“Refletir sobre o tema ‘Espaço litúrgico e piedade popular’ nos fez perceber como profissionais das diversas áreas, em um espaço de celebração, fazem nascer a devoção das pessoas, de forma natural. Não é o espaço que cria a devoção, mas é a devoção que o molda, manifestando a fé de forma espontânea e natural, através de gestos e práticas que são significativos para o povo”, disse Cândida Damasceno, arquiteta e especialista em espaço litúrgico, arquitetura e arte sacra, da Arquidiocese de Belém.
O arquiteto mexicano Erick Martinez Saavedra proferiu duas conferências, na manhã de quinta-feira ‘O Movimento Litúrgico e a renovação do Espírito na obra de Fray Gabriel Chavez de La Mora’ e ‘Centros Paroquiais: esquemas e obras’. Após o almoço, os participantes do encontro fizeram uma visita técnica às igrejas e conheceram o ‘Projeto Arquitetônico-Iconográfico do Santuário do Divino Pai Eterno’.
O último dia do encontro, foi dedicado a uma mesa redonda e ao fechamento da Carta Conclusiva do ‘15º ENAAS’. Para Cândida Damasceno, participar do foi recompensador “participar do 15º ENAAS foi gratificante, principalmente pela oportunidade de reencontrar e fazer amigos que compartilham do mesmo objetivo e acreditam na beleza do espaço celebrativo a serviço do mistério e da fé. Foram dias intensos, com muita participação, que nos trouxeram atualizações e conhecimentos sobre a realidade dos nossos espaços no Brasil, pós Concílio Vaticano II. Houve o fortalecimento da necessidade do trabalho de uma equipe multidisciplinar, com todas as pessoas envolvidas na arte da construção dos espaços de celebração. Foi uma grande oportunidade que possibilitou para os diferentes profissionais, que atuam no cuidado, preservação”, disse a arquiteta.
“O segundo seminário sobre luz e cor, Frei Sidney, professor no Instituto Santo Anselmo de Roma, abordou sobre iconografia. O encontro como um todo foi muito proveitoso porque foram trazidas para o centro de discussões a religiosidade e piedade popular, que para Goiânia pesa muito, visto que ali a prática da piedade popular e a cultura do povo local é muito forte e é muito presente nas comunidades, e certamente o encontro com essa temática mexeu um pouquinho naquilo que eles defendem. Inclusive tivemos palestra que abordou o tema mais profundamente e dando motivos para que possamos como artistas e arquitetos, valorizar um pouco mais da arte popular visto que essa influência está muito dentro da liturgia na igreja, desde todo o sempre, uma vez que a liturgia da igreja nasce da cultura dos povos”, contou Erasmo de Abreu, artista sacro, da Diocese de Castanhal.
“A oportunidade de participar desse evento, foi de grande crescimento, seja pelo interesse na área artística sacra, seja pelo curso de engenharia civil que estou finalizando este ano”, disse Frei Claudson que agradeceu a Dom Vital Corbellini, bispo da Diocese de Marabá pela oportunidade de participar do encontro.