O Sínodo para a Amazônia debaterá a busca por uma Igreja com um rosto amazônico, de vida que surge pela realidade em que se vive, sobretudo proveniente dos povos indígenas e dos povos que vivem na Amazônia, da cidade e do campo. Este dado não significa desprezo por toda a evangelização realizada, e que está sendo feita. Do contrário, é a valorização das sementes do Verbo de Deus lançadas e a busca de novos caminhos para a Igreja local com uma visão universal. Somos sempre chamados pelo Senhor Jesus Cristo a marcar presença junto às diversas realidades da Igreja e do mundo da Amazônia. Sabemos que os desafios são muitos, mas pela iluminação do Espírito Santo, buscamos uma Igreja com rosto amazônico que atenda às expectativas das pessoas e dos povos. A Igreja é o povo de Deus, assim nos fala o Concilio Vaticano II, recuperando uma concepção que era bíblica e patrística. Este rosto amazônico que tanto se fala, encontra a sua expressão na pluralidade de seus povos, culturas, vivências. Esta diversidade deverá ter como foco importante uma Igreja em saída, missionária, de vida encarnada nas suas expressões e linguagens. Santo Domingo tinha presente a necessidade de uma encarnação por parte da comunidade eclesial em vista da libertação integral de seus povos (Cfr. DSD, Conclusões, 243). O Papa Francisco falou da importância da Igreja ser inculturada, encarnada, afirmando que os povos indígenas devem plasmar culturalmente as Igrejas locais na Amazônia (Fr, PM). (IL, 107)

Esta busca leva em conta sempre mais a inculturação, assim como a partir de Jesus Cristo, Filho de Deus que se encarnou para a nossa salvação. Em Pentecostes, os seus discípulos seguiram os seus passos de modo que os cristãos de uma determinada cultura saíram ao encontro de outra cultura no respeito e no amor. Isso ocorreu nos primórdios do cristianismo onde os cristãos perceberam na evangelização dos povos, sementes do Verbo, nas expressões de Tertuliano, mas sobretudo de São Justino, afirmando que os pagãos viveram de acordo com uma parte do Verbo seminal (Cfr. Apologia II, 7, 3). A partir desses dados, foi anunciado o evangelho nos povos e culturas, colocando a pessoa do Senhor como vida a ser seguida. A Igreja é chamada a fazer este caminho, esta busca para a evangelização pelo encontro e dialogo com as culturas amazônicas.

A Igreja com rosto amazônico terá presente a Palavra de Deus que norteia os povos, que é luz para todos os seguidores de Jesus Cristo. Ele é a Palavra de Deus na qual somos chamados a seguir de perto, iluminando a realidade em que vivemos. Somos chamados a sermos discípulos, missionários do Senhor no contexto amazônico pela Palavra de Deus. Esta busca da Igreja com rosto amazônico faz-se presente pela opção pelos pobres e pelo cuidado com a criação. A eucaristia, como ápice e fonte da vida cristã, será um dos pontos fundamentais para esta busca da Igreja com rosto amazônico. Por isso deveremos debater a nossa presença junto aos povos indígenas e os povos da Amazônia pela valorização dos ministérios dos leigos e das leigas e dos ordenados.

POR Dom VITAL CORBELLINI

Bispo de Marabá - PA